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Tesla "tira o tapete" à Bitcoin mas "dá mão" à Dogecoin. "Criptomeme" escala mais de 20%

O CEO da Tesla publicou no Twitter que a fabricante automóvel vai aceitar a dogecoin como forma de pagamento para alguns produtos. A cotação da criptomoeda disparou em dois dígitos.

Reuters
Fábio Carvalho da Silva fabiosilva@negocios.pt 14 de Dezembro de 2021 às 15:59
A dogecoin, a criptomoeda "meme" apadrinhada por Elon Musk recebeu mais um presente do empresário sul-africano, que conseguiu, com um só tweet fazer subir a cotação do ativo virtual, numa altura em que a tabela das criptomoedas está em "bear market".

O CEO da Tesla publicou no Twitter que a fabricante automóvel vai aceitar a dogecoin, como forma de pagamento para alguns produtos - que não veículos - como cintos e bebidas.

"Vejamos como corre", escreveu Musk.

Com esta publicação, a dogecoin segue a subir 25,39% para os 0,205 dólares, corrigindo a percentagem de crescimento semanal, para terreno positivo, para 15,83%.

Inversamente, as principais criptomoedas seguem a tendência negativa do mercado. A bitcoin está a cair 2,73%, para os 47.167,46 dólares, enquanto a ethereum, a segunda moeda mais cotada da tabela segue a desvalorizar 4,67%, para os 3.792,55 dólares.

Em março deste ano, Musk anunciou que a Tesla iria passar a aceitar receber bitcoins pelos seus veículos elétricos. Mas menos de dois meses depois, em maio, reverteu a decisão, uma vez que considerou que a mineração de bitcoin tinha um impacto ambiental muito grande.

Esta foi uma mudança drástica na perspetiva de Elon Musk sobre a pegada ambiental da mineração de bitcoin e das suas transações. Ainda em fevereiro deste ano, a Tesla anunciou a compra de 1,5 mil milhões de dólares em bitcoin, colocando-se como a segunda empresa cotada em bolsa com mais bitcoins em todo o mundo, apenas superada pela MicroStrategy, de Michael J. Saylor, também ele um entusiasta do mundo da criptoeconomia.

Desde então, o empresário tem sido alvo de várias críticas e sido acusado de tentar manipular o preços desta criptomoeda, através do seu Twitter. Mas apesar de ter deixado de aceitar bitcoins, Musk não descartou o apoio às criptomoedas, uma vez que considera que estas moedas digitais "são uma boa ideia a muitos níveis e acreditamos que terão um futuro promissor, mas isso não pode ser feito com um tão grande custo para o ambiente", disse nesta rede social, na altura.

Em junho, e mais uma vez através do Twitter, Musk admitiu que a fabricante de veículos elétricos norte-americana, poderá voltar a aceitar receber bitcoins como forma de pagamento pelos seus produtos, caso a sua mineração seja feita com recurso a, pelo menos, 50% de energia renovável.

Elon Musk, o "Dogefather"

O empresário sul-africano é conhecido por defender os criptoativos e por impulsionar a dogecoin, o que já lhe valeu a alcunha de "dogefather", na internet.

Em maio, Musk recheou ainda mais de sentido o lema escrito por si no Twitter e que fez furor na Internet "dogecoin to the moon" (em português: "dogecoin até à Lua"), ao anunciar que a criptomoeda iria financiar a missão DOGE-1 à Lua da Space X, que deverá ocorrer no primeiro trimestre do próximo ano, segundo informação confirmada pelo próprio milionário.

A empresa Geometric Energy Corporation já tinha anunciado a missão, sem revelar o valor financeiro em causa. "Esta missão irá demonstrar a aplicação da criptomoeda além da órbita da Terra e estabelecerá as bases para o comércio interplanetário", afirmou Tom Ochinero, vice-presidente da SpaceX, citado pela Bloomberg.

Há duas semanas, a sua relação íntima com este criptoativo valeu-lhe uma guerra no Twitter contra o CEO da Binance, a maior plataforma de criptomoedas do mundo.

O autodemoninado "imperador de Marte", como gosta de se apelidar no Twitter, atacou Changpeng Zhao com uma publicação na rede social: "CZ o que é que se está a passar com os levantamentos dos teus clientes que investem em dogecoin? Parece suspeito."
Durante duas semanas, 1.674 utilizadores da maior plataforma de criptomoedas do mundo não conseguiram converter para moeda fiduciária várias unidades de dogecoin, um problema, entretanto, já resolvido.

Mais tarde, em entrevista ao Negócios, "CZ" revelou que o "bug" que originou este problema já está resolvido, assim como o "desacordo" com Musk . "Estivemos um pouco tensos, mas já estamos bem", acrescentou.

Bitcoin ou Dogecoin, qual a mais sustentável?

Quando disse "não" à bitcoin, Elon Musk convocou razões ecológicas para determinar o fim da aceitação da criptomoeda, como forma de pagamento. Assim sendo, devemos intuir que a dogecoin é mais sustentável? Nem por isso.

Contactado pelo Negócios, Henrique Tomé, analista da XTB, explica que "neste momento, a forma como dogecoin é minerada é a mesma forma da bitcoin, ambos os "tokens" passam pelo processo de mineração de "proof of work"".

A razão pela qual se chama "proof of work" é porque a rede requer uma enorme quantidade de poder de processamento, sendo que este processo todo faz com que seja necessário um maior consumo de energia para a mineração desses tipos de "tokens".

Questionado se esta dupla atitude pode prejudicar a Bitcoin, Henrique Tomé responde que não, até porque a dogecoin "é uma "meme token", ou por outras palavras um "social token", cujo seu papel, neste momento, é muito limitado na rede mas tem beneficiado pela preferência de muitos investidores em investirem nesta criptomoeda".

Já quando confrontado, sobre a possibilidade deste gesto ser uma forma de manipular a moeda, elevando o preço da bitcoin, o especialista rejeita esta ideia, ainda que reconheça que quando "mal saiu a notícia de que a Tesla poderia vir a aceitar a dogecoin como meio de pagamento, a moeda disparou mais de 30%".

"Quanto maior for a adoção de determinadas criptomoedas, as suas avaliações no mercado tendem a valorizar, é um movimento natural nesta fase", acrescenta o analista da XTB.
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