8 ações de dividendos indicadas para março; AURE3 entra e BBSE3, BEEF3 e PSSA3 deixam lista

Vale (VALE3) sustenta seis recomendações e segue isolada na liderança

Márcio Anaya

Publicidade

A tempestade vista no mercado de ações em fevereiro não poupou as pagadoras de dividendos. O índice do setor na B3 (Idiv) acompanhou de perto o Ibovespa e também recuou 7,5% no período – sendo que, por muito pouco, não perdeu o patamar de 7 mil pontos.

Preocupações macroeconômicas, sobretudo na área fiscal, e o grau de alavancagem das empresas – em meio à safra de balanços de 2022 – estiveram no radar dos analistas na hora de compor as carteiras de dividendos recomendadas para março.

O saldo das revisões mostrou uma preferência por um setor mais previsível e com tradição no pagamento de proventos: o de energia elétrica, com metade das escolhas do mês.

Aula Gratuita

Os Princípios da Riqueza

Thiago Godoy, o Papai Financeiro, desvenda os segredos dos maiores investidores do mundo nesta aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Nessa seara, destaque para a Auren Energia (AURE3), que ingressou em dois portfólios e, tendo atingido quatro indicações, é a novidade no acompanhamento feito pelo InfoMoney.

Outras duas elétricas que já estavam entre as mais citadas em fevereiro reforçaram a posição em março. É o caso de Engie (EGIE3) e Taesa (TAEE11). A primeira ganhou duas recomendações e, com um total de cinco, pulou para a vice-liderança, ao lado do Banco do Brasil (BBAS3).

No caso de Taesa, o ingresso na lista de uma corretora fez subir para quatro o número de apontamentos. A última representante do segmento é a CPFL Energia (CPFE3), que manteve as quatro citações recebidas no mês passado.

Continua depois da publicidade

Olhando para a posição mais alta da tabela, mais uma vez a Vale (VALE3) sobressaiu, com seis recomendações. No bloco intermediário, completando o rol de destaques, figuram Itaú Unibanco (ITUB4) e Telefônica Brasil (VIVT3), que sustentaram as quatro escolhas vistas em fevereiro.

A reorganização das carteiras para março fez com que BB Seguridade (BBSE3), Minerva (BEEF3) e Porto Seguro (PSSA3) deixassem a lista das mais recomendadas.

Em uma visão geral, a BB Investimentos enxerga um ambiente de maior cautela para a Bolsa nos próximos meses. Sobre o tema da alavancagem, a avaliação é de que o espaço para as empresas apresentarem resultados financeiros satisfatórios, diante dos atuais patamares de custo de capital, é muito limitado.

Continua depois da publicidade

“Essa tendência de deterioração deve se estender ao longo do ano, com o mercado de crédito mais restritivo, expectativa de ampliação dos spreads bancários e piora cíclica da inadimplência”, diz a instituição. “Desse modo, recomendamos que os investidores avaliem sua exposição estrutural em empresas cíclicas e mais endividadas.”

Conforme relatório mensal, a percepção da corretora é de que companhias mais voláteis e com endividamento superior à média dos pares listados tem destruído valor nos portfólios, enquanto métricas mais ligadas ao porte, qualidade dos resultados e distribuição de lucros sobressaem positivamente.

No caso das commodities, cabe um destaque para a China, diz a análise. O entendimento é de que o cenário de elevação dos preços de insumos observado em 2022 não deve se repetir neste ano. “Contudo, a tão esperada reabertura pós-Covid deve sustentar os preços médios em patamares mais elevados, oferecendo um suporte de rentabilidade e geração de caixa aos segmentos de siderurgia e mineração, e óleo e gás, ao mesmo tempo em que fortalece a pauta exportadora de soft commodities (grãos e proteínas).”

Publicidade

Todo início de mês, o InfoMoney traz um levantamento das carteiras de ações recomendadas para quem tem foco em dividendos, apontando os cinco papéis preferidos dos analistas. O número pode ser maior, se houver empate – como ocorreu agora. A análise engloba os portfólios divulgados por dez corretoras.

Confira a seguir as companhias selecionadas para março:

Empresa Ticker Nº de recomendações  Dividend yield em 12 meses (%) Retorno em fevereiro (%) Retorno em 2023 (%)  Retorno em 12 meses (%)
Vale VALE3 6 8,22 -9,72 -4,01 1,33
Banco do Brasil BBAS3 5 14,17 0,99 18,36 30,83
Engie EGIE3 5 5,53 -0,18 3,70 3,96
Auren Energia AURE3 4 -3,96 0,48
CPFL Energia CPFE3 4 10,71 -8,98 -8,77 9,96
Itaú Unibanco ITUB4 4 3,95 0,46 1,86 3,83
Telefônica Brasil VIVT3 4 6,10 -6,89 4,34 -16,99
Taesa TAEE11 4 15,70 -4,24 6,32 4,81

Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, Terra Investimentos, XP Investimentos e Economatica.

Continua depois da publicidade

Vale (VALE3)

A companhia manteve-se com seis indicações e permanece no topo do ranking.

No BTG Pactual, o papel segue como preferido para quem busca exposição à reabertura da economia chinesa. O banco acredita que a atividade econômica naquele país possa se recuperar gradualmente ao longo de 2023, à medida que o governo local for diminuindo as restrições de mobilidade e o mercado imobiliário apresente melhora.

Do ponto de vista operacional, a instituição vislumbra uma recuperação da empresa, levando em conta que a produção e os custos (para suas divisões de minério de ferro e metais básicos) devem melhorar nos próximos trimestres.

Publicidade

“Em nossa opinião, a administração permanece altamente disciplinada em sua estratégia de alocação de capital (capex de crescimento muito pequeno) – e estimamos um yield de 13%-15% para 2023, incluindo recompras de ações.”

O BTG espera um preço médio de US$ 125 por tonelada do minério de ferro para 2023. Atualmente, o valor gira em torno de US$ 127 a tonelada. A projeção para o Ebitda da Vale é de US$ 25 bilhões para o ano – cerca de 20% acima do consenso, segundo relatório do banco.

Auren Energia (AURE3)

A Auren é a principal novidade entre os destaques de dividendos neste mês, com quatro recomendações.

Em sua análise, a XP lembra que a companhia nasceu de uma reorganização societária que incluiu a fusão da Cesp com a Votorantim Energia e um aporte de capital de R$ 1,5 bilhão da CPP Investimentos, formando uma das maiores geradoras de energias renováveis do Brasil. O grupo também possui uma das maiores comercializadoras do País (antiga Votener).

“Acreditamos que a companhia deverá apresentar dividendos extraordinários ao longo do ano”, afirma a XP, que estima para as ações da empresa um retorno médio com proventos de mais de 6% em 2023.

Na Ágora Investimentos, a geradora é considerada umas das principais recomendações no setor elétrico para 2023 e a expectativa é ainda maior em relação ao potencial de remuneração dos acionistas. A corretora projeta um retorno via dividendos de aproximadamente 14% para o papel.

O otimismo, de acordo com a Ágora, deve-se principalmente ao alto potencial de distribuição de dividendos após o acordo sobre a usina Três Irmãos e uma exposição menor à queda dos preços da eletricidade, uma vez que, no segundo trimestre de 2002, a Auren contratou com sucesso a maior parte de seu portfólio de energia até 2025 – antes dos valores caírem.

O acordo citado pela corretora diz respeito a uma indenização de R$ 1,7 bilhão fechada com o governo federal, com pagamento previsto em sete anos, em 84 parcelas mensais e consecutivas, a partir de outubro de 2023.

Pelos cálculos da instituição, as ações da Auren são negociadas atualmente com um taxa interna de retorno (TIR) real implícita de 9,5%, considerada “atraente”, levando em conta o patamar de 8,5% da Engie e 8% da AES Brasil.

Banco do Brasil (BBAS3)

A instituição financeira passou a fazer parte dos portfólios de dividendos de duas corretoras. Além disso, manteve-se em outras três carteiras, totalizando cinco apontamentos e dividindo a vice-liderança geral com a Engie.

No BTG, a percepção é de que as ações do BB oferecem uma relação de risco-retorno “muito atraente”. A casa de análise lembra que a estimativa divulgada pelo próprio banco indica um lucro líquido de aproximadamente R$ 35 bilhões para 2023, o que representaria uma alta de 10%.

“Se o resultado for entregue, isso significaria que o BBAS3 ainda está sendo negociado a um preço muito baixo de 3,3 vezes o P/L 23 [preço/lucro estimado para 2023], com um yield [retorno com dividendos] de 12%.”

O P/L mostra a relação entre o preço do papel em Bolsa e o lucro projetado para uma companhia. Quanto maior, em tese, mais cara está a ação.

O BTG lembrou ainda que o BB confirmou um pagamento de 40% do lucro líquido para 2023 e elogiou a escolha de Tarciana Medeiros para a presidência instituição, assim como as indicações para vice-presidentes, sendo todos funcionários da casa com mais de 20 anos de carreira.

“Entendemos os riscos de uma empresa estatal, mas acreditamos que o BB tem seus ‘anticorpos’ com a assimetria ainda bastante atrativa nos preços atuais.”

Engie (EGIE3)

Maior produtora privada de energia elétrica do País, a Engie também estreou em duas carteiras no mês e totaliza cinco recomendações.

Em relatório de meado de fevereiro, a Genial diz que a companhia apresentou um resultado “sólido” relativo ao quarto trimestre de 2022. O principal destaque, do ponto de vista operacional, veio da rapidez da Engie em aumentar a sua contratação de energia, em meio a um cenário de quedas no preço.

Dessa maneira, a expectativa é de que a empresa atravesse 2023 com impactos mínimos do recuo dos valores da energia em seus resultados, o que faz a corretora acreditar em “outro ano com grande generosidade no que diz respeito a dividendos”.

A Genial destaca que, ao longo de 2022, foram distribuídos R$ 2,7 bilhões em proventos, equivalentes a 100% do lucro da empresa e um rendimento de 8,4%.

Taesa (TAEE11)

A terceira representante do setor elétrico é a distribuidora Taesa, que ingressou na seleção da Ativa Investimentos e totaliza quatro escolhas em março.

Em relatório, a corretora estima que a empresa irá distribuir 50% do seu resultado contábil neste ano, patamar que deve cair em relação a 2022, em função da pior dinâmica de despacho de energia térmica.

A Ativa explica que trocou Copel pela Taesa em sua carteira recomendada de dividendos, pois esta última dispõe de dois terços de suas receitas vinculadas ao IGP-M. Dessa forma, oferece uma boa proteção aos acionistas diante do horizonte de aumento da inflação.

CPFL Energia (CPFE3)

A companhia fecha a relação de elétricas entre os destaques de dividendos, também com quatro citações no mês.

A corretora do Santander foi uma das que reiterou a aposta no papel, atualizando seu cálculo em relação à taxa interna de retorno (TIR) real implícita, que passou de 12,3% para 14%. “O fluxo de caixa da empresa permanece estável, com risco limitado.”

A expectativa quanto ao rendimento com dividendos para os próximos três anos também foi ajustada para cima, passando de 15,4% para 16,1%.

A instituição lista, como principais direcionadores para a ação, a forte geração de caixa, proteção contratual contra a inflação e o baixo risco regulatório no segmento de distribuição de energia, em relação a seus pares.

Itaú Unibanco (ITUB4)

A instituição sustentou as quatro recomendações recebidas no mês passado. “Enquanto o momento dos bancos não é tão positivo, os números reportados pelo Itaú em sua divulgação de resultados foram bem recebidos pelo mercado”, diz o BTG, em relação ao balanço do quarto trimestre de 2022.

Para a casa de análise, o Itaú parece ser o banco incumbente que melhor está se preparando para competir em um ambiente mais difícil.

“Liderados por seu jovem e novo CEO Milton Maluhy, que está à frente de uma grande transformação digital do ‘velho banco’, estamos cada vez mais confiantes de que o Itaú continuará superando seus principais pares.”

O BTG projeta um dividend yield de 5% para os papéis do Itaú neste ano e de 7,9% em 2024.

Telefônica Brasil (VIVT3)

A empresa de telefonia fecha a relação de destaques de março, também com um total de quatro indicações.

Segundo a Genial, a companhia entregou um resultado sólido no quarto trimestre de 2022, do ponto de visa operacional, e está bem posicionada tanto no mercado móvel quanto no fixo, “de forma a criar uma vantagem competitiva importante perante seus pares”.

A corretora lembra que a Telefônica Brasil pediu anuência prévia da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para uma redução de capital de até R$ 5 bilhões ao longo dos próximos anos. Se a operação for aprovada, haverá uma distribuição do montante entre os acionistas, sem diluir suas devidas participações.

Márcio Anaya

Jornalista colaborador do InfoMoney