Sem votos suficientes para derrotar a base governista na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, a oposição vai usar a tática do constrangimento. Para isso, tentará exibir, no telão do colegiado, um vídeo com trechos da delação premiada de Lúcio Funaro, operador da propina do PMDB na Câmara dos Deputados.
A ideia partiu do deputado Júlio Delgado (PSB-MG). Ele fez duas consultas à CCJ. Numa, quis saber a viabilidade técnica da apresentação. Recebeu um sinal positivo. Basta que os vídeos estejam num pendrive para poderem ser exibidos no telão.
Por outro lado, fez uma consulta sobre a viabilidade política do ato.
Na prática, Delgado quer usar os 15 minutos a que tem direito durante a discussão do parecer sobre a denúncia para apresentar o vídeo.
“Nos meus 15 minutos posso fazer o que eu quiser”, disse.
Em sua delação, Funaro diz que o presidente Michel Temer ficava com parte da propina repassada ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. “Tenho certeza que parte do dinheiro que era repassado — que o Eduardo Cunha capitaneava em todos os esquemas que ele tinha — dava um percentual também para o Michel Temer", afirmou o operador.
A apresentação do vídeo, no entanto, dependerá de uma decisão do presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), que pode decidir sozinho a questão ou levar o caso para o voto no plenário.
Defesa de Dilma quer anulação de impeachment
O advogado da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o ex-ministro José Eduardo Martins Cardozo, divulgou nota nesta segunda (16) afirmando que vai usar a delação de Lúcio Funaro para pedir a anulação do impeachment da petista. Em sua delação, o operador do PMDB afirmou que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha usou R$ 1 milhão para comprar votos de deputados no processo de impeachment da então presidente.
“A defesa de Dilma Rousseff irá requerer, nesta terça-feira, 17 de outubro, a juntada dessa prova nos autos do mandado de segurança, ainda não julgado pelo STF, em que se pede a anulação da decisão que cassou o mandato de uma presidenta legitimamente eleita", diz a nota assinada por Cardozo.