Com o avanço da entressafra do leite no Rio Grande do Sul, que coloca a produção no menor nível do ano, o valor de referência do litro voltou a subir em abril. Segundo dados apresentados pelo Conseleite durante reunião ontem, na Fetag, o valor projetado para o leite padrão com base nos primeiros 10 dias do mês é de R$ 1,0579, 2,2% acima do consolidado de março, que fechou em R$ 1,0351, também acima dos R$ 0,9901 estimados. Nos últimos três meses (fevereiro-abril), o Conseleite indica alta acumulada de 9,58%.
O professor da Universidade de Passo Fundo (UPF) Eduardo Finamore explicou que a trajetória de alta do leite justifica-se pelo aumento de praticamente todos os produtos do mix, com exceção do requeijão (-1,13%). O leite UHT teve elevação de 2,84% e o leite condensado, de 10,37%. Contudo, alerta Finamore, apesar do reajuste verificado, o leite no Rio Grande do Sul neste ano ainda está abaixo dos valores praticados em 2016 e 2017.
Conduzindo a reunião, o presidente do Sindilat e vice-presidente do Conseleite, Alexandre Guerra, pontuou que, comparando os primeiros meses de 2018 com o mesmo período de 2017, a produção vem em expansão, e o impacto da entressafra está menor neste ano, com baixa de 15% da captação em relação à média do Estado, que é de 12,6 milhões de litros/dia. "O primeiro trimestre indica crescimento de captação em relação ao mesmo período de 2017", complementa.
Guerra indicou que maio deve ser marcado por estabilidade de produção nos tambos gaúchos, um movimento que será reforçado pelo aumento de consumo das famílias em função de períodos de temperaturas mais baixas. Além disso, acrescenta o dirigente, a importação de leite em pó está 56% menor neste primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2017, e os produtos estão chegando a preços 8% menores no Brasil. "Temos que ver como produzir de forma viável com o mercado desta forma como está agora. Como ainda não temos essa competência, precisamos da ajuda do governo neste momento." O alerta, indica Guerra, refere-se ao leite UHT que está sendo comercializado abaixo de valores de anos anteriores e que configura 80% da produção do Rio Grande do Sul. "Isso nos preocupa, porque tem impacto forte na indústria e no produtor", salientou.
Representando o Ministério da Agricultura, o fiscal e ex-superintendente do Mapa-RS, Roberto Schöreder, acredita que as importações do Uruguai não são responsáveis pela crise no setor. Em sua participação na reunião do Conseleite, Schöreder indicou que a fiscalização no Rio Grande do Sul é rigorosa e que, em todas as últimas análises realizadas, os resultados estavam dentro de padrões de conformidade. "O leite gaúcho hoje é o mais fiscalizado."
O Centro Pan Americano de Febre Aftosa (Panaftosa) vai enviar, no pr�ximo m�s, uma miss�o veterin�ria � Venezuela, para ajudar nas medidas de erradica��o da febre aftosa e na estrutura��o do servi�o veterin�rio do pa�s. A decis�o foi tomada pela Comiss�o para Luta contra a Febre Aftosa (Cosalfa), durante reuni�o da entidade que acontecia na Bol�via. E se deve ao reaparecimento de foco no territ�rio colombiano, mas a alega��o � de que seriam animais contrabandeados da Venezuela.
De acordo com o representante brasileiro na Organiza��o Mundial de Sa�de Animal (OIE) e diretor do Departamento de Sa�de Animal (DSA) do Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa), Guilherme Marques, o Panaftosa tamb�m decidiu acompanhar de perto a situa��o sanit�ria da Col�mbia, onde foram sacrificados os animais com aftosa no in�cio deste m�s. Haviam sido registrados outros quatro focos no ano passado na Col�mbia.
Na reuni�o da Cosalfa o representante do governo venezuelano firmou o compromisso de receber e apoiar equipes do Centro Pan Americano. H� expectativa de disponibilizar 16 milh�es de doses de vacina para cada campanha de imuniza��o do rebanho venezuelano. A previs�o � que o apoio ao pa�s se estenda pelo menos por dois anos. "N�o � simplesmente uma situa��o humanit�ria, mas de estrat�gica e de seguran�a na regi�o. Existe um plano hemisf�rico de combate � doen�a", disse o diretor.
Segundo Guilherme Marques, "a Venezuela n�o disp�e de vacina suficiente para as campanhas, n�o tem estrutura necess�ria para desenvolver suas vigil�ncias, mas est� disposta a se equipar. Os venezuelanos t�m um �rg�o oficial de defesa sanit�ria que � o Instituto Nacional de Sa�de Agr�cola Integral, t�m legisla��o e bons veterin�rios que atuam nos escrit�rios. Ent�o, n�o estamos come�ando do zero. Mas daremos apoio para a execu��o das medidas de combate � doen�a, trabalhando junto com o setor privado daquele pa�s".
O diretor n�o concorda com a simples doa��o de vacinas a qualquer pa�s sem que seja feito o acompanhamento da vacina��o, o cadastramento de propriedades e com a estrutura necess�ria � estas a��es. "� um projeto de anos, que tem que ser desenvolvido nessa regi�o com �nfase na vacina��o e com conhecimento situacional da doen�a no campo", explicou.