Por Reuters


Produção de trigo no RS — Foto: Reprodução/RBS TV

A moagem de trigo no Brasil cresceu 3,4% no ano passado na comparação com 2017, para 12,2 milhões de toneladas. A expectativa é que de uma nova alta neste ano, diante do cenário de recuperação econômica, além de uma provável maior oferta, disse a associação da indústria, a Abitrigo, nesta terça-feira (25).

"A tendência neste ano é que, se a economia voltar a crescer mais do que cresceu no ano passado... A tendência é de que a demanda aumente, e de que a expectativa de crescimento na moagem se efetive", disse o presidente da associação, embaixador Rubens Barbosa.

Para ele, contudo, a expansão no processamento de trigo não deve ser tão expressiva, já que a economia brasileira "não vai explodir". Barbosa não fez uma projeção concreta para a moagem do cereal em 2019.

O mercado aposta em um crescimento de 2% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano, conforme a mais recente pesquisa Focus do Banco Central (BC), em meio a perspectivas de reformas macroeconômicas, como a da Previdência.

Mas outro fator que tende a contribuir para a moagem de trigo é a oferta.

Na semana passada, a consultoria INTL FCStone, por exemplo, projetou um salto na produção nacional de trigo neste ano, graças a uma melhora na produtividade após problemas climáticos em safras anteriores.

Nesse sentido, Barbosa voltou a defender a Política Nacional do Trigo, um conjunto de medidas elaborado pela Abitrigo visando a expandir a produção brasileira do cereal. O documento, divulgado no ano passado, já foi entregue à ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

"O objetivo da Política Nacional do Trigo é ampliar a produção nacional de trigo a médio e longo prazo... A grande vantagem... é que vamos corrigir uma situação importante para o Brasil: o trigo é o único grão que é importado.... O fato de depender do exterior é que tem um gasto muito grande", afirmou o embaixador, destacando que segue como defensor do mercado livre.

O Brasil é um dos maiores importadores globais do cereal.

Segundo a Abitrigo, a área Norte/Nordeste respondeu pela moagem de 3,71 milhões de toneladas de trigo no ano passado. O Paraná moeu 3,47 milhões, Santa Catarina/Rio Grande do Sul, 2,17 milhões, São Paulo (1,65 milhão) e Centro-Oeste/Minas Gerais/Rio de Janeiro/Espírito Santo (1,16 milhão).

Do total moído, 56% vai para panificação; 26% para massas, biscoitos e outros produtos da indústria; 11% para o varejo e 7% para demais segmentos.

Cota

Barbosa também disse que uma cota de 750 mil toneladas para importação de trigo de fora do Mercosul sem tarifa, anunciada na semana passada, pode favorecer a indústria.

"Quanto mais competição tiver, melhor. Quanto mais competição, melhores preços... Do ponto de vista da indústria, o que interessa é a competição", disse o presidente da Abitrigo.

Isso deve afetar a Argentina, tradicionalmente o maior exportador de trigo para o Brasil, bem como os produtores nacionais.

O anúncio da cota foi feito durante a visita do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, na semana passada. Embora válido para diversas origens, o volume livre de tarifa deve favorecer principalmente os Estados Unidos, o maior ofertante fora do Mercosul.

Para Barbosa, a eventual competitividade do trigo norte-americano no mercado brasileiro dependerá dos preços a serem praticados futuramente.

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