Ibovespa renova máxima histórica e dólar cai após presidente do Fed destacar inflação abaixo da meta

Mercado termina mais uma vez acima dos 108 mil pontos puxado principalmente pelo noticiário do exterior

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa registrou um movimento de alta na reta final da sessão desta quarta-feira (30) e atingiu sua máxima histórica de fechamento. O movimento foi impulsionado pelo presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ao afirmar que a política monetária deve se manter apropriada e que será necessário um “aumento sério” na inflação antes das taxas de juros voltarem a ser elevadas.

Como a inflação americana está cronicamente abaixo da meta, a fala gera expectativas de que os juros permanecerão baixos por um longo período.

Powell respondeu essas questões em coletiva de imprensa após o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) cortar os juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 1,5% e 1,75% ao ano.

A grande novidade da decisão foi que os membros do Fed retiraram do comunicado a parte que falava em “agir conforme o apropriado” para manter o crescimento econômico. Os investidores ainda estão atentos à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) por aqui.

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O principal índice da B3 terminou a sessão com alta de 0,79% a 108.407 pontos com volume financeiro negociado de R$ 18,795 bilhões. Com os ganhos de hoje, a Bolsa superou a cotação recorde anterior, que fora atingida na segunda-feira (28) aos 108.187 pontos.

Já o dólar comercial registra baixa de 0,4%, cotado a R$ 3,9855 na compra e R$ 3,9873 na venda. O dólar futuro para novembro cai 0,31% a R$ 3,986.

Mais cedo, foi divulgada a primeira prévia do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA do terceiro trimestre, que mostrou que a maior economia do mundo cresceu 1,9%, superando as projeções de 1,6%.

Além disso, a ADP divulgou que o setor privado dos EUA criou 125 mil empregos em outubro. O resultado também ficou acima das expectativas de analistas consultados pela Bloomberg, que previam geração de 110 mil postos de trabalho.

No Brasil, o dia ganhou ainda um ingrediente adicional para agitar os negócios: a citação do nome do presidente Jair Bolsonaro em investigação sobre o assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco e de Anderson Gomes.

Segundo reportagem do Jornal Nacional, registros do porteiro do Condomínio Vivendas da Barra apontam que Élcio de Queiroz, suspeito do crime, esteve no local horas antes do assassinato, em 14 de março de 2018, pedindo para ir à casa de Jair Bolsonaro – o que teria sido autorizado.

Em depoimento, o porteiro afirmou que identificou a voz que atendeu como a de “Seu Jair”. No entanto, Queiroz, na verdade, se dirigiu à moradia de Ronnie Lessa, acusado de fazer os disparos; que morava no mesmo condomínio do presidente.

A própria reportagem cita que no mesmo dia Bolsonaro estava em Brasília. Em resposta, o presidente fez uma live, diretamente do exterior, com duras críticas à Rede Globo e à imprensa, chamando a reportagem de “patifaria” e declarando que o governador do Rio, Wilson Witzel – que negou –, teria vazado as investigações, que correm sob sigilo.

Já nesta tarde, o Ministério Público do Rio (MP-RJ) informou que o depoimento do porteiro do condomínio de Bolsonaro sobre a liberação de Élcio Queiroz não é compatível com a gravação da chamada feita pelo interfone da portaria.

Noticiário Corporativo

A rede varejista Magazine Luiza (MGLU3) registrou lucro líquido ajustado de R$ 136,3 milhões no terceiro trimestre, superando a melhor das projeções compiladas pela Bloomberg, que era de R$ 127 milhões. O resultado representa uma alta de 12,7% sobre o mesmo período de 2018. O valor ajustado considera a diluição das despesas financeiras e pagamento de juros sobre capital próprio.

A Multiplan (MULT3) registrou um lucro líquido de R$ 121,525 milhões no terceiro trimestre deste ano, desempenho 4,4% superior ao reportado no mesmo período do ano passado. A empresa informou que excluindo a conta de remuneração baseada em ações, o lucro líquido teria aumentado 12,0% chegando a R$ 132,2 milhões.

A Cielo (CIEL3) teve lucro líquido de R$ 358,1 milhões entre julho e setembro, cifra 51,7% inferior à reportada no mesmo período do ano passado. Em IFRS, o lucro atingiu R$ 362,4 milhões, queda 54,3%.

A Smiles (SMLS3) apresentou lucro líquido de R$ 149,5 milhões no terceiro trimestre deste ano, significando queda de de 29,5%. Desconsiderando efeitos extraordinários registrados há um ano, o lucro teria recuado 2,5%.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.