Fim da temporada: os resultados que animaram e os que decepcionaram no 3º trimestre

Blue chips como Petrobras e Vale animaram investidores, enquanto Ambev e CVC foram maiores decepções

Lara Rizério

Gráfico de ações (Crédito: Shutterstock)

Publicidade

SÃO PAULO – A temporada de resultados do terceiro trimestre caminha para a sua fase final nesta semana. Assim como era esperado, no geral, os números ainda foram relativamente fracos para as companhias, principalmente dado o contexto desafiador para o crescimento da economia doméstica.

Contudo, algumas empresas conseguiram surpreender ao apresentarem números que brilharam aos olhos dos investidores, enquanto outras divulgaram dados que não foram bem vistos pelo mercado.

Do lado positivo, blue chips apresentaram resultados que animaram o mercado, caso de Vale e Petrobras. A mineradora conseguiu uma forte geração de caixa, enquanto a petroleira mais do que compensou a queda do petróleo e também mostrou avanços em reduzir a alavancagem.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Também há casos como o do Magazine Luiza, que conseguiu surpreender mesmo aqueles que já esperavam um resultado forte, principalmente em meio ao avanço do e-commerce. A Suzano, que vinha sofrendo com a queda do preço do papel e celulose, também conseguiu surpreender ao reduzir o seu estoque. Ultrapar, Copel, Valid, entre outros nomes, animaram os investidores com números muito acima do esperado (o que se refletiu no desempenho das ações logo após a divulgação dos respectivos balanços).

Na ponta oposta, os destaques ficam para a Ambev, que viu seus papéis caírem 8% no pregão pós-balanço e com principal destaque negativo para a queda do volume de vendas de cerveja no mercado brasileiro.

CVC também foi uma notória decepção com o balanço do terceiro trimestre, mostrando que o efeito Avianca segue com um impacto bastante forte nos números da companhia.

Continua depois da publicidade

O setor siderúrgico também apresentou números negativos: a CSN foi uma das que decepcionou por conta do desempenho mais fraco da divisão de mineração, mas também pelo negócio de aço (devido a preços ligeiramente mais baixos e custos mais altos). Localiza, BRF, Porto Seguro e SulAmérica também desapontaram.

Confira os principais destaques (tanto positivos quanto negativos) dos balanços do terceiro trimestre:

DESTAQUES POSITIVOS

Petrobras (PETR3;PETR4)

A estatal brasileira lucrou R$ 9,087 bilhões, alta de 36,8% ante o mesmo período do ano passado, acima do esperado, o que fez com que as ações da petroleira subissem 3% depois do release de resultados.

A visão positiva dos investidores foi guiada justamente pela resiliência demonstrada com a forte queda de 9,5% do petróleo no terceiro trimestre na comparação com o segundo trimestre, além de geração de caixa em patamares saudáveis e redução do endividamento.

O Credit Suisse destacou o Ebitda recorrente ex-IFRS, que ficou 15% acima do esperado pelo banco suíço, enquanto o lucro liquido ficou 9% acima do estimado. Se ajustado pelos fatores não recorrentes (ganho com a BR Distribuidora, impairments, write off de imposto diferido), seria ainda melhor, segundo o banco suíço.

O Bradesco BBI ressaltou que, após o balanço do terceiro trimestre, é muito alta a chance de que a Petrobras tenha lucro líquido de mais de R$ 40 bilhões em 2019.

Vale (VALE3)

A Vale apresentou números em linha com as suas expectativas, mas ainda sim bastante positivos, segundo a XP.

A mineradora reportou lucro de R$ 6,461 bilhões. O valor é 15,2% maior do que o ganho de R$ 5,608 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.

Os números foram bem recebidos porque houve forte geração de caixa – de US$ 3 bilhões – sendo o principal destaque positivo e levando a uma queda impressionante do nível de alavancagem, para 0,5 vez a relação entre dívida líquida e Ebitda (a US$ 5,3 bilhões), no patamar mais baixo desde o último trimestre de 2008.

“Com a normalização das operações, todos os olhos estão (ou deveriam estar) voltados para os dividendos de 2020, cujo restabelecimento vemos como a principal alavanca de valor para a empresa”, aponta a equipe de análise.

Magazine Luiza (MGLU3)

A ação do Magazine Luiza também disparou após o balanço. A companhia registrou lucro líquido ajustado de R$ 136,3 milhões no terceiro trimestre, superando a melhor das projeções compiladas pela Bloomberg, que era de R$ 127 milhões. O resultado representa uma alta de 12,7% sobre o mesmo período de 2018. O valor ajustado considera a diluição das despesas financeiras e pagamento de juros sobre capital próprio.

O balanço surpreendeu, mostrando que o Magazine Luiza possui as melhores operações equilibradas de comércio eletrônico entre os varejistas brasileiros, com execução assertiva, mentalidade inovadora e geração robusta de fluxo de caixa, escreveram os analistas da Brasil Plural Felipe Reboredo e Eduardo Nishio em relatório. “O destaque do trimestre foi sem dúvida o segmento de comércio eletrônico”, complementaram.

O Credit Suisse também apontou que o Magalu entregou mais um trimestre acima das expectativas do mercado. “O crescimento está vindo e tudo indica que esse movimento deve continuar bastante forte no futuro próximo”, destacou a instituição, acrescentando que o quarto trimestre marcará o primeiro período em que as vendas online devem passar o GMV das lojas físicas.

Porém, o quanto a ação da varejista ainda pode subir na bolsa é uma questão. Segundo a XP Investimentos, nos níveis atuais, há pouco espaço para a valorização dos ativos. Por outro lado, o Bradesco BBI ressaltou que os investimentos no curto prazo provavelmente pagarão dividendos no futuro, o que reforçou a recomendação de “outperform”, após o balanço.

Suzano (SUZB3)

À primeira vista, o resultado da Suzano poderia ser considerado negativo, uma vez que a companhia de papel e celulose  registrou um prejuízo líquido de R$ 3,46 bilhões no terceiro trimestre deste ano, revertendo o lucro de R$ 1,02 bilhão obtido um ano antes e com as maiores perdas da década. A receita líquida da companhia ficou em R$ 6,6 bilhões, queda de 33% sobre o registrado no mesmo período de 2018.

Porém, ao contrário do esperado, os números surpreenderam de forma positiva. Em primeiro lugar, a expectativa já era “baixa” para o setor com uma demanda menor vinda da China, que pressiona as cotações das commodities.

Neste cenário, um dos pontos de preocupação era com a armazenagem de produtos da companhia em meio à fraca demanda. Assim, o principal destaque positivo apontado pelos analistas de mercado foi a forte redução de 450 mil toneladas nos estoques, valor que se compara as 300 mil toneladas esperadas pelo mercado, o que ajudou a impulsionar a geração de caixa.

O Credit Suisse avalia que o excesso de estoque está, atualmente, em torno de 1,4 milhão de toneladas e que, apesar de ainda estar em um nível bastante alto, “a desestocagem entregue neste trimestre é um passo no caminho certo”. Já a XP apontou que, operacionalmente, o desempenho mais forte no segmento de papel foi o principal responsável por levar os resultados da Suzano a superarem as estimativas da casa, enquanto os números de celulose vieram, no geral, em linha com os da equipe de análise.

Valid (VLID3)

No dia seguinte à divulgação dos resultados do terceiro trimestre, as ações da Valid saltaram 10%, A companhia apresentou no terceiro trimestre lucro líquido de R$ 31,7 milhões, registrando crescimento de 33,2% em relação ao mesmo período do ano passado. O Ebitda somou R$ 97,6 milhões, numa expansão de 20,3%, explicado, principalmente, pelos resultados na divisão de meios de pagamentos no Brasil e EUA, assim como pela divisão mobile. A receita subiu 18,8%, a R$ 569 milhões.

A receita bateu as projeções do Itaú BBA em 9% com um forte desempenho em pagamentos, o que também sustentou a expansão do Ebitda. Assim, os números foram considerados positivos pela equipe de análise do banco.

De acordo com o Brasil Plural, os resultados apresentaram uma boa recuperação após um segundo trimestre decepcionante. “À medida que as receitas se recuperam, a margem Ebitda também se recuperou dramaticamente de 12,5% no segundo trimestre para 17,2% neste trimestre, trazendo esperança de que a história esperada de um caminho gradual para a recuperação da margem esteja finalmente se revelando após sua ampla reestruturação em 2016-2018”, avaliam os analistas do banco.

Contudo, eles fizeram uma ressalva: por melhor que este trimestre pareça ter sido, os números do trimestre anterior lembram que, mesmo uma pequena queda nos volumes pode levar custos fixos a comprimir margens massivamente. No segundo trimestre, uma queda anual de 4,6% na receita líquida na unidade de ID levou a 34% de compressão do Ebitda.

“Além disso, com uma iminente mudança regulatória que poderia colocar seu produto principal em risco de profunda compressão de margem, simplesmente não podemos estar otimistas com uma história consistente de recuperação de margem”, apontam os analistas, citando possíveis mudanças na CNH como a extensão da validade da carteira de habilitação de 5 para 10 anos. A companhia emite o documento em 14 estados.

Cia. Hering (HGTX3

A Cia. Hering também teve forte desempenho na Bolsa, com ganhos de 6%. A varejista registrou lucro líquido de R$ 64,1 milhões no terceiro trimestre deste ano, valor 22,3% maior do que o registrado um ano antes (R$ 52,4 milhões). A receita líquida da companhia teve um crescimento bem menor, de 0,8% na comparação anual, totalizando R$ 388,47 milhões.

O Itaú BBA destacou que a Hering relatou fortes números de vendas mesmas lojas – alta de 6,6% ante estimativa de 4,2% – e lucro bruto acima do esperado, que foi acompanhado por uma expansão de 300 pontos-base. Segundo o analista Thiago Macruz, apesar das maiores despesas com marketing e participação nos lucros, há “uma visão positiva” de que a margem temporariamente mais pressionada por investimentos possa levar a um crescimento sustentável da receita líquida.

O Bradesco BBI também aponta que, no geral, o resultado é robusto, com vendas nas mesmas lojas um pouco melhores do que o esperado e uma evolução da margem bruta de boa qualidade (maior eficiência na produção e menos vendas com preços reduzidos). Os analistas viram este como um bom presságio para uma gestão mais eficiente dos negócios no futuro, o que deve levar a um melhor crescimento de vendas e lucratividade. Porém, seguem com recomendação neutra para os ativos, avaliando que estas indicações já estão precificadas pelo mercado.

Ultrapar (UGPA3)

O lucro líquido da Ultrapar foi de R$ 311,9 milhões no terceiro trimestre, bem acima do consenso de mercado de R$ 255,3 milhões.

Segundo os analistas Bruno Montanari e Guilherme Levy, do Morgan Stanley, todas as unidades de negócios da companhia superaram expectativas no trimestre, mas deve ser ponderado, pois revela muito sobre o baixo nível de confiança que se tinha no resultado.

“Os destaques foram a maior margem na distribuição de combustíveis, uma melhora nos lucros operacionais em Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) e o oxiteno também apresentando recuperação”, avaliam os especialistas.As margens da marca Ipiranga cresceram acima das projeções e pela primeira vez sugerem números melhores para os próximos trimestres.

A Extrafarma, por sua vez, apresentou um forte fechamento líquido de lojas, e pela primeira vez desde 2017 conseguiu reportar um Ebitda positivo, mesmo que de apenas R$ 1,3 milhão.

Movida (MOVI3)

A Movida apresentou lucro líquido de R$ 60 milhões no terceiro trimestre, uma alta de 45,8% na comparação anual. O Ebitda atingiu R$ 192 milhões, incremento de 60,6%. Já a receita liquida avançou 57,1%, para R$ 960,8 milhões.

Para a XP, o resultado geral da Movida foi positivo, com os esforços no aprimoramento da eficiência e da manutenção do giro da frota em níveis saudáveis, em meio a resultados sequencialmente melhores. A XP mantém a recomendação de compra baseada na melhora sequencial de margens, maior geração de valor com o amadurecimento do segmento de Seminovos e múltiplos atrativos.

Copel (CPLE6)

A Copel registrou um lucro de R$ 613,5 milhões no terceiro trimestre deste ano, alta de 42,4% sobre o desempenho do mesmo trimestre do ano passado. O Ebitda somou R$ 1,201 bilhão, aumento de 40,5%, com margem de 28,2% (+8,3 p.p.). A receita líquida caiu de 1,3%, a R$ 4,253 bilhões.

Para o Itaú BBA, os resultados da Copel foram muito positivos, o que levou a instituição a reiterar a elétrica paranaense como a principal escolha do setor, com recomendação outperform e preço-alvo para 2020 de R$ 65. “” Copel reportou resultados muito fortes em todos os setores, superando a estimativa do IBBA e o consenso”, destacou.

A XP também destacou uma visão bastante positiva para os números, apontando que a transformação da empresa apenas começou.

“Temos uma avaliação positiva dos resultados da Copel, devido à surpresa com os números divulgados em comparação às nossas estimativas e às do consenso de mercado. Em particular, destacamos (1) o compromisso da empresa em manter os custos gerenciáveis sob controle e crescendo abaixo da inflação acumulada no período e (2) a continuidade do processo de redução de endividamento da empresa”, afirma a equipe de análise da elétrica.

Marfrig (MRFG3)

Um dos destaques entre as companhias do setor de proteínas foi a Marfrig, mesmo com suas ações tendo performado mal após o balanço. A companhia lucrou R$ 100,4 milhões no terceiro trimestre deste ano, revertendo o prejuízo de R$ 126 milhões registrado no mesmo período do ano passado. Segundo o balanço, a companhia registrou receita líquida consolidada de R$ 12,7 bilhões — um recorde para a empresa. O valor também é 3,6% maior do que o visto um ano antes.

Analistas consultados pela Bloomberg esperavam uma receita líquida consolidada de R$ 12,6 bilhões para a Marfrig entre julho e setembro deste ano. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da companhia ficou em R$ 1,5 bilhão, também recorde histórico. O resultado superou a expectativa de R$ 1,36 bilhão dos analistas ouvidos pela Bloomberg.

Segundo o Bradesco BBI, a companhia reportou números fortes, com Ebitda 10% acima do consenso e 15% acima do esperado pelos analistas do banco. O principal destaque foi a operação nos EUA, que superou as estimativas dos analistas de margem bruta em 3 pontos percentuais (incluindo o benefício da planta da Tyson Foods). “Os números mostram que a Marfrig deve atingir o topo do seu guidance para o Ebitda em 2019”, avalia o banco.

Contudo, de acordo com o Bradesco BBI, o valuation da empresa não está atrativo nesse momento e o principal driver para o resultado mais positivo parece temporário (Tyson). Assim, o banco mantém visão neutra para o papel.

JBS (JBSS3)

Os resultados da JBS também animaram após a companhia reverter prejuízo do terceiro trimestre do ano passado e registrar lucro de R$ 356,7 milhões no mesmo período deste ano. O Ebitda foi recorde, de R$ 5,9 bilhões, aumento de 33,6%, com margem crescendo de 9,0% para 11,3%. Com o ajuste extraordinário de R$ 12 milhões, o Ebitda foi o maior já registrado pela companhia.

Segundo a empresa, a alavancagem caiu para 2,39 vezes em dólares e 2,56 vezes em reais, “sendo os níveis mais baixos já registrados pela companhia”.

“A JBS apresentou resultados mais fortes do que o esperado, com Ebitda recorde de R$ 5,9 bilhões, 11% acima do esperado, enquanto Seara e segmento de porco nos EUA foram os principais destaques positivos. A margem Ebitda de 11,3% se compara a nossa estimativa de 10,2% e 9% no terceiro trimestre do ano passado. O fluxo de caixa livre foi forte em R$ 3,7 bilhões, enquanto a alavancagem (dívida líquida/Ebitda) caiu para 2,6 vezes, ante 2,8 vezes no segundo trimestre. Reiteramos nossa recomendação de compra”, ressalta a XP.

brMalls (BRML3)

No segmento de shoppings, quem animou foi a brMalls, ao ver seu lucro ir para R$ 258,4 milhões no terceiro trimestre, alta de 180% em comparação com o mesmo período do ano passado. Já o lucro líquido ajustado, sem efeito, por exemplo, da venda de shoppings – foi de R$ 186,828 milhões, alta de 51,4%.

“A brMalls reportou resultados acima das nossas expectativas e também das expectativas do mercado. Apesar de um trimestre ainda desafiador no campo econômico, a empresa entregou (i) aumento na taxa de ocupação média do portfólio; (ii) crescimento de vendas nas mesmas lojas de 2,2%, acima daquilo que esperávamos, (iii) redução de cerca de 1,5 ponto no turnover de lojistas, e (iv) redução mais forte que a esperada em algumas linhas de custos, resultando assim em margem superior à esperada”, aponta a XP.  Os indicadores foram sólidos e apresentaram melhora sequencial nas principais métricas operacionais, avaliaram ainda os analistas.

Sanepar (SAPR11)

A Sanepar, estatal de saneamento do Paraná, lucrou R$ 243,6 milhões no terceiro trimestre, 84,6% acima do registrado em igual período de 2018. A receita, por sua vez, teve alta de 13,4%, para R$ 1,18 bilhão, enquanto o Ebitda teve avanço de 36%, chegando a R$ 485,7 milhões.

Os resultados tiveram impacto positivo do reajuste tarifário anual de 5,12% em 2018 e com efeito em 2019, pelo reajuste de 8,37% aplicado no fim de maio deste ano e com a ampliação das unidades consumidoras atendidas pela companhia.

O Brasil Plural avalia que os resultados da Sanepar superaram as estimativas, com a companhia registrando expansão de margens operacionais. Segundo o relatório, o desempenho do terceiro trimestre “nos leva a acreditar que nossa previsão de rentabilidade para 2019 pode ser muito conservadora”.

Já a XP destaca que vê a Sanepar como um dos melhores risco-retorno do setor de saneamento básico, com ações negociadas a múltiplos mais atrativos que seus pares do setor.

“Após a decisão do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) de reverter sua decisão anterior sobre o reajuste tarifário de 2019, acreditamos que a diferença de valorização das ações para o setor deve diminuir, à medida que decresce a percepção de risco”, afirma a equipe de análise. A recomendação para os ativos é de compra com um preço-alvo de R$ 107 por unit.

Direcional (DIRR3)

A construtora Direcional obteve lucro líquido de R$ 25,95 milhões no terceiro trimestre deste ano, revertendo o prejuízo de R$ 83,8 milhões registrado no mesmo período de 2018.

A receita líquida da companhia atingiu os R$ 367,24 milhões no final de setembro. O valor é 18,5% maior do que o apurado um ano antes (R$ 309,92 milhões).

O Ebitda ajustado, que exclui os juros capitalizados de financiamentos à produção, fechou o trimestre em R$ 60,5 milhões. É um avanço de 66,1% sobre o mesmo período do ano passado (R$ 36,45 milhões).

Para o Bradesco BBI, a Direcional apresentou outro conjunto de resultados sólidos. O Credit Suisse reforça a visão ainda ao citar que as margens de 39% no MCMV indicam espaço para melhorar a precificação, de forma a impulsionar a velocidade de vendas e aumentar os retornos.

“Reconhecemos que o cenário regulatório para as construtoras de baixa renda devem trazer uma redução no financiamento no ano que vem, mas achamos que a Direcional está bem posicionada para ganhar participação no programa”, apontou o Credit. Além disso, uma diversificação em direção ao segmento mais baixo da média renda deve ajudar a acelerar os lucros mais à frente. A empresa segue como top pick do segmento de baixa renda do banco, com boas perspectivas de aumento do retorno sobre patrimônio com diluição dos custos fixos.

O Bradesco BBI também vê uma perspectiva cada vez mais desafiadora para o programa MCMV, cujo total de unidades contratadas deverá diminuir já neste ano. “No entanto, continuamos a acreditar que players mais eficientes, focados em unidades mais acessíveis dentro do programa, continuarão ganhando terreno”, apontaram os analistas.

A recomendação do Bradesco BBI para Direcional é outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 14,00 – upside de 18%. Junto com a Tenda, segundo o relatório, estas são as suas escolhas no segmento.

Anima (ANIM3)

A Anima registrou um lucro líquido ajustado de R$ 17,9 milhões no terceiro trimestre, alta de 19,8% sobre o mesmo período do ano passado. O resultado líquido sem ajustes somou R$ 3,9 milhões, revertendo perdas de R$ 16,7 milhões de um ano antes.

O Ebitda somou ajustado somou R$ 52,4 milhões, alta de 29,5%, enquanto o Ebitda sem ajustes somou R$ 36 milhões, uma melhora de 6,7 vezes. A receita líquida atingiu R$ 293,6 milhões, avanço de 14,6%.

Segundo o Morgan Stanley, os números foram positivos, com destaque para o crescimento da companhia, reforçando a visão do banco de que a empresa de educação terá o maior crescimento orgânico versus os pares em 2019 e uma expansão de margens.

Itaú Unibanco (ITUB4

O Itaú Unibanco teve um lucro de mais de R$ 7,1 bilhões no terceiro trimestre deste ano, número acima das expectativas dos analistas e que faz com que as ações subissem na sessão pós-balanço.

Em relatório, a equipe de análise do setor financeiro do Morgan Stanley destacou que o lucro gerencial veio acima das suas expectativas, com um trimestre “muito sólido”, impulsionado por uma rápida aceleração de empréstimos e controle de custos superior.

“O Itaú continua mostrando capacidades de execução de alto nível na frente de custos, atingindo um baixo índice de eficiência plurianual neste trimestre. No total, achamos que as ações reagirão positivamente aos resultados”, escreveram.

Já o Credit Suisse destacou como positiva a forte aceleração da margem financeira [NII] com clientes (+9,1%), o desempenho positivo de tarifas (+7,3%) e o bom controle das despesas operacionais (+1,2%) na comparação anual.

O banco suíço reforçou a recomendação outperform (desempenho acima da média) para os ativos ITUB4, destacando perspectiva de crescimento de lucro e possível surpresa positiva no opex.

DESTAQUES NEGATIVOS

Ambev (ABEV3)

A Ambev foi um dos principais destaques negativos na temporada, o que fez com que as ações caíssem 8% na sessão pós balanço.

O principal highlight negativo ficou com a baixa de 2,8% no volume de cerveja no Brasil na base de comparação anual (versus estimativas apenas de crescimento fraco; a XP, por exemplo, esperava alta de 1,5%).

“Os volumes da América Latina e da América Central superaram nossas estimativas, mas passaram longe de compensar os resultados do Brasil, tanto nos segmentos de cerveja quanto no de bebidas não alcoólicas (NAB)”, apontou a XP.

Também para o Itaú BBA, o resultado da Ambev foi negativo. “A surpresa positiva do lucro líquido foi inteiramente atribuível a um ganho não recorrente de R$ 170 milhões”, afirmou a equipe de análise do banco, pontuando o desempenho fraco de cervejas no Brasil, assim com as margens não alcoólicas e Ebitda abaixo em todos os negócios no exterior.

CVC (CVCB3)

A CVC não sabe o que é ver as suas ações subirem desde que soltou o balanço do terceiro trimestre, na noite do dia 7 de novembro. Apenas no dia 8 de novembro os ativos despencaram 14%. A operadora e agência de viagens teve lucro líquido de R$ 79,5 milhões no terceiro trimestre de 2019, uma queda de 3,6% sobre os R$ 82,5 milhões apurados no mesmo trimestre de 2018. O resultado é o atribuído aos sócios controladores, base para a distribuição de dividendos.

Segundo o Bradesco BBI, a alta de 3,1% nas reservas no Brasil ficaram abaixo do esperado (a estimativa era de alta de 4,8%), enquanto a receita ficou em R$ 415 milhões, baixa de 4% na base de comparação com o mesmo período de 2018 e 2% inferior ao previsto.

“O processo de recuperação judicial da Avianca – e o impacto resultante nos preços das passagens aéreas – impactaram a CVC durante todo o trimestre”, avaliam. Portanto, o crescimento de vendas nas mesmas lojas diminuiu de 2% no segundo trimestre para queda de 6% no terceiro (ante estimativa de queda de 5% dos analistas do Bradesco BBI).

Porém, há notícias positivas> o segmento de lazer apresentou alta de 5% em setembro, quando os preços das passagens áereas começaram a se normalizar no fim do mês. Contudo, outros fatores externos, como a parada temporária de aeronaves para inspeções de emergências, atrasos nas entregas de novas aeronaves e derramamento de óleo nas praias do Nordeste tiveram impacto negativo em outubro.

Portanto, as perspectivas para o quarto trimestre parecem fracas. “Além disso, a concorrência está pressionando negativamente o preço dos pacotes e a CVC reportou encargos extraordinários adicionais de R$ 45 milhões relacionados à Avianca”, avaliam os analistas apontando, contudo, que a melhora da dinâmica de oferta/demanda deve acontecer só no início de 2020.

CSN (CSNA3)

A CSN registrou prejuízo líquido de R$ 871 milhões no terceiro trimestre, revertendo lucro de R$ 752 milhões de igual período do ano passado. Segundo a empresa, o resultado foi impactado pelo aumento das despesas com variações monetárias e cambiais.

O Itaú BBA destacou o balanço da CSN como negativo, principalmente na linha do Ebitda, por conta do desempenho sequencialmente mais fraco da divisão de mineração (devido aos custos de frete mais altos e prêmios de menor qualidade) e pelo negócio de aço (devido a preços ligeiramente mais baixos e custos mais altos).

Segundo o documento, os preços mais baixos do minério de ferro realizados (queda de US$ 11 a tonelada na comparação trimestral) prejudicaram as operações de mineração, enquanto a divisão siderúrgica continuou sentindo a pressão do aumento do custo de produto vendido por tonelada e dos impactos negativos da reforma de alto forno.

O Credit Suisse também classificou que o “menor prêmio por qualidade somado a um avanço de custo no frete e a parada de manutenção do alto forno 3 foram os vilões do terceiro trimestre.” A instituição acrescenta que, mesmo com o Fluxo de Caixa Livre (FCF) positivo em R$ 389 milhões, houve uma alta na alavancagem. “O fim da manutenção do alto forno 3 deve trazer alguma redução de custo, mas nossa maior preocupação está na queda dos preços do minério/qualidade e avanço no frete”, apontam os analistas.

Cielo (CIEL3)

A Cielo reportou outro trimestre fraco, e ainda pior do que o esperado, com o lucro líquido caindo 52% ano contra ano para R$ 358 milhões.

Apesar de a companhia  afirmar que os lucros no curto prazo não são prioridade, e sim ganho de participação de mercado, o lucro líquido veio 20% abaixo das estimativas do mercado, destaca a XP.

O Itaú BBA apontou que os resultados da Cielo foram fracos, apesar do crescimento de TPV (Total Payments Volume). Além do desempenho modesto das vendas, o analista Marco Calvi escreveu, em relatório, que os custos e despesas totais aumentaram 15% na comparação anual. Segundo ele, junto com o desempenho operacional mais fraco, as receitas de pré-pagamento também caíram, resultado à queda no lucro.

Gerdau (GGBR4)

A Gerdau registrou um Ebitda de R$ 1,219 bilhão, incluindo o impacto negativo de R$ 238 milhões da parada de Ouro Branco, com resultado 7% abaixo do consenso, respectivamente.

“Os principais detratores foram resultados mais fracos tanto nas operações do Brasil, quanto dos EUA, enquanto o segmento de aços especiais reportou números em linha com as nossas expectativas”, avaliam os analistas do Bradesco BBI.

Porto Seguro (PSSA3)

A Porto Seguro registrou lucro líquido no critério com business combination – que leva em conta o valor de todo o intangível (marca, canal de distribuição) da parceria com o Itaú Unibanco – de R$ 333,3 milhões no terceiro trimestre. Já sem business combination foi de R$ 335,2 milhões, e em ambos os casos a variação aponta uma alta de 5,3% sobre o mesmo período de 2018.

De acordo com a XP, o lucro de R$335 milhões desapontou, vindo 5% abaixo do consenso de mercado. Anualmente, o crescimento também foi baixo: 5%. “Não que seja novidade que a seguradora tem apresentado dificuldades em aumentar suas receitas, porém neste trimestre mesmo a sinistralidade de alguns segmentos apresentou piora”, avaliou a equipe de análise.

SulAmérica (SULA11)

A também seguradora SulAmérica registrou um lucro de R$ 245 milhões, 7% abaixo do que o mercado esperava em seu primeiro resultado após a venda da sua divisão de auto e patrimonial para a Allianz.

“Apesar de entendermos que volatilidade na sinistralidade do segmento de saúde é esperada, esse foi o principal destaque negativo do resultado. Não obstante, a comparação anual poderia ter sido pior, caso a empresa não tivesse uma base comparativa fácil nas despesas”, apontam os analistas.

Localiza (RENT3)

A Localiza decepcionou mesmo após apresentar um lucro líquido no terceiro trimestre, sem os efeitos do IFRS 16, de R$ 205,9 milhões, representando aumento de 28,8% em relação ao mesmo período, enquanto a receita líquida consolidada somou R$ 2,671,1 bilhões.

Após os resultados da companhia, o Bradesco BBI manteve a recomendação de outperform, mas cortou o preço-alvo de R$ 48 para R$ 46, com redução de estimativa de lucro em 2% para 2019 e de 8% para 2020. O Credit Suisse destacou que os números foram negativos tanto para aluguel de carros quanto para seminovos. Os custos de depreciação também aumentaram.

A analista do Itaú BBA Renata Faber, por sua vez, destacou as taxas de crescimento sequencialmente sólidas, em meio à uma forte base de comparação – o que é positivo. Por outro lado, não houve surpresas positivas substanciais, com os números ficando aquém das estimativas.

Na linha de receita com aluguel de carros houve alta de 34% nos dias de locação, enquanto as tarifas caíram 4,2% e a margem Ebitda aumentou 1,1 ponto porcentual, para 36,3%. Em seminovos, a Localiza registrou pressão nos preços dos carros. “Apesar do impacto negativo inicial no lucro líquido da empresa, a Localiza pode adquirir carros novos a preços mais baixos no futuro”, destacou o Itaú BBA.

Cosan (CSAN3)

A Cosan registrou um lucro líquido ajustado de R$ 460,8 milhões no terceiro trimestre, alta de 2,6 vezes na comparação com o mesmo período do ano passado. Sem ajustes, o lucro somou R$ 818,9 milhões, aumento de 18,6 vezes.

O Ebitda aumentou 2,3 vezes e somou R$ 2,187 bilhões. Já o Ebitda ajustado atingiu R$ 1,563 bilhão, expansão de 29,7%. A receita líquida atingiu R$ 18,861 bilhões, um incremento de 22,3%.

O lucro foi beneficiado por um ganho não recorrente de R$ 363 milhões pela venda de direitos creditórios e um ganho de R$ 170 milhões relacionado à exclusão do ICMS da base de cálculo de PIS / COFINS.

O Bradesco BBI destacou os números piores do que o esperado pelo mercado, com os resultados em combustíveis mais fracos, mas compensados pela boa performance de Comgás, Moove e Raízen Energia, enquanto o lucro líquido ficou 10% abaixo do esperado pelo banco. Já o fluxo de caixa operacional veio forte e o crescimento de Ebitda foram pontos positivos do resultado.

BRF (BRFS3)

A BRF registrou lucro líquido de R$ 445,6 milhões no terceiro trimestre nas operações continuadas e lucro líquido total societário de R$ 304,4 milhões, revertendo prejuízo de R$ 812,4 milhões de igual período do ano passado.

O Ebitda ajustado somou R$ 1,609 bilhão, alta de 178,1%, o que inclui ganho líquido de R$ 467 milhões referente a ações tributárias. Excluindo-se esse ganho, o EBITDA Ajustado totalizaria R$ 1,142 bilhão.

A margem Ebitda ajustada foi de 19,0% no terceiro trimestre, alta de 11,6 p.p.; excluindo-se o ganho líquido das ações tributárias, a margem ajustada seria de 13,5%.

A receita líquida de R$ 8,459 milhões, alta de 8,4%. Apenas no Brasil, a receita líquida subiu 6,3%, a R$ 4,382 bilhões.

A companhia ainda informou que, como resultado da implementação do seu plano de restruturação operacional e financeira e das perspectivas futuras para o mercado de proteínas, atualizou as suas estimativas de alavancagem financeira líquida, representada pela razão entre a dívida líquida e o EBITDA Ajustado dos últimos 12 meses, a qual deverá se situar em torno de 2,75x ao final de 2019. “A BRF reitera o seu compromisso com a recuperação de suas margens operacionais e sua disciplina financeira”, afirmou.

O Itaú BBA avaliou que o Ebitda ficou abaixo das estimativas e o lucro em linha. Segundo o Itaú BBA, a maior parte da decepção com os nossos números ocorreu no segmento corporativo, principalmente relacionado a provisões.

“Por enquanto, mantemos nosso Ebitda na faixa de R$ 5,6 bilhões para 2020, assumindo que as novas plantas permitidas para exportação ajudem a melhorar os resultados”, destacou. “Há mais pressão para que a empresa continue melhorando os resultados nos próximos trimestres”, acrescentou.

A XP, por sua vez, apontou que os resultados foram sólidos, mas abaixo do esperado, com um Ebitda 7% abaixo do esperado pelos analistas e com uma margem Ebitda 116 pontos-base abaixo das expectativas.

MRV (MRVE3)

A empresa de engenharia MRV (MRVE3) registrou lucro líquido de R$ 160 milhões no terceiro trimestre deste ano. A cifra é 8% menor que o valor registrado no mesmo período do ano passado (R$ 174 milhões).

O resultado frustrou as expectativas de analistas consultados pela Bloomberg, que previam lucro líquido de R$ 184,5 milhões para a companhia entre julho e setembro deste ano.

Em relatório, o Credit Suisse destacou que a MRV vem de uma sequência negativa nos resultados há alguns trimestres e, logo após este último balanço, os analistas do banco reduziram a recomendação para underperform (desempenho abaixo da média do mercado), avaliando que o cenário para a companhia não parece trivial.

São quatro pontos os destacados: i) as margens continuam em queda e não há sinais claros de melhora no curto e no médio prazo; ii) a velocidade de vendas não está melhorando; iii) a receita está avançando em um ritmo superior ao de vendas, enquanto o backlog está diminuindo e iv) o nível de produção parece alto, enquanto a queima de caixa aponta para uma necessidade maior de capital de giro.

Seja sócio das melhores empresas da Bolsa: abra uma conta na Clear com taxa ZERO para corretagem de ações

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.