Governo da China leva integrantes de minoria islâmica para trabalhar a força em fábricas que produzem para a Apple
Divulgação/Apple
Governo da China leva integrantes de minoria islâmica para trabalhar a força em fábricas que produzem para a Apple

Alvo de perseguição étnica pelo governo chinês, os uigures estão sendo levados de suas casas e de campos de detenção para linhas de montagem sob condições que sugerem trabalho forçado, denunciou neste domingo (1º) o Instituto Australiano de Políticas Estratégicas (ASPI, na sigla em inglês).

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Segundo reportagens do Financial Times e do Washington Post sobre o relatório do ASPI, as vítimas estariam sendo obrigadas a trabalhar em fábricas que fornecem produtos para pelo menos 83 companhias chinesas e estrangeiras, entre elas gigantes como Apple , Nike, Google, Huawei e General Motors.

Segundo a denúncia, mais de 80 mil pessoas da etnia uigur da região de Xinjiang - incluindo detentos de campos de "reeducação", na definição do governo chinês - foram transferidos para fábricas que integram cadeias de suprimentos em uma série de setores, como indústria eletrônica, têxtil e automotiva.

Em seu relatório, o think-tank cita 27 fábricas em nove províncias chinesas como beneficiárias do esquema de transferência aparentemente forçada de mão de obra de Xinjiang desde que Pequim escalou a repressão contra a minoria islâmica uigur em 2017. Nos últimos três anos, estima-se que o governo chinês tenha detido 1,8 milhões de uigures em uma série de campos de detenção naquela região, onde seriam forçados a renunciar à religião islâmica e a adotar o mandarim. Pequim sustenta que a maioria já foi liberada depois de ter "se formado".

Segundo o ASPI, os trabalhadores transferidos são submetidos a "doutrinação ideológica fora do horário de trabalho e a monitoramento constante e são proibidos de participar de rituais religiosos."

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Ao Washington Post , uma vítima de trabalho forçado contou que "a gente pode circular pela cidade, mas não pode voltar (para Xinjiang) por conta própria."

De acordo com o jornal, o esquema de trabalhos forçados fazem parte da iniciativa do governo “Ajuda a Xinjiang”, cujo objetivo oficial é estimular a economia local mas que, na verdade, tem sido usada para aumentar o controle de Pequim sobre o território majoritariamente islâmico. O governo de Xi Jinping alega que as medidas são necessárias para previnir atentados terroristas.

Segundo o jornal, uma das fábricas mencionadas no estudo do ASPI, a Taekwang Shoes, na cidade de Qingdao, fornece produtos para a Nike há mais de 30 anos e é uma das maiores fabricantes de seus tênis no mundo. A unidade produziria modelos das linhas Shox e Air Max.

Perguntada pelo Post a respeito da denúncia, a Nike afirmou que "respeitamos os direitos humanos em toda nossa cadeia de valor e sempre nos esforçamos para conduzir nosso negócio de maneira ética e responsável."

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"Estamos comprometidos em sustentar globalmente as normas trabalhistas internacionais", disse ao jornal norte-americano Sandra Carreon-John, porta-voz da Nike, acrescentando que seus fornecedores são proibidos de usar trabalho forçado em suas fábricas.

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