Ronaldo Cezar Coelho investe na Bolsa desde 1970.
 
10893 fbdf402e 92fc 3c68 7f64 c5fb04c84d87Com 23 anos de idade, o ex-vendedor de automóveis conseguiu emprego como auxiliar de pregão na Corretora Multiplic, mas já comprava ações na física na Marcello Leite Barbosa, a grande corretora da época.
 
Em 1971, em meio a uma febre da Bolsa no Brasil, fez uma viagem a Cataguases, Minas Gerais, e passou três dias negociando o mandato para o IPO da então Companhia Força e Luz Cataguazes-Leopoldina, embrião da atual Energisa.
 
Quase 50 anos depois, o ex-dono do Multiplic hoje é dono de 20% da Energisa e acaba de chegar a 7,6% do capital da Light, no que ele diz ser uma aposta na recuperação da empresa e do Rio.
 
Ronaldo falou com o Brazil Journal sobre o que motivou a aquisição:
 
 

“A Light é um caso de uma profunda desconfiança do mercado com uma empresa que está em transição de estatal para empresa privada. Ainda não é uma corporação privada como a Equatorial, não é estado da arte nem na gestão nem em termos de seu valor de mercado, mas é um belo caso.

Além dessa desconfiança do mercado em relação à gestão, ainda tem a questão do Rio de Janeiro.  O Rio é um caso que comporta do extremo otimismo ao extremo pessimismo. Já ouvi de tudo: no pior cenário, o PCC vai expandir para cá e tomar conta de tudo. Agora, o outro extremo do intervalo é que o RJ produz — há 50 anos — mais de 70% do petróleo do Brasil.  Ele já salvou o Brasil e a Petrobrás diversas vezes, e vai continuar produzindo pelo menos 70% nos próximos 30 anos.   Isso já esta contratado.  O Rio, sozinho, será um dos 5 maiores exportadores do petróleo do mundo.” 
 
As pessoas me perguntam, ‘mas será que o Rio vai voltar?’   Eu digo que basta olhar a história.
 
Você lembra o que era o Espírito Santo há 15 anos, antes do Paulo Hartung? Do Ceará antes do Tasso e do Ciro, e hoje tem a educação de Sobral? Você lembra de São Paulo e seus governadores corruptos? Hoje é impensável ter alguém que ‘rouba mas faz’.
 
Nova York já ficou 12 dias sem coleta de lixo, e já teve uma crise profunda de segurança pública.  São Paulo também:  já teve 530 mortos em uma semana.
 
As coisas estão progredindo e o Rio, com essa riqueza natural, está condenado ao êxito. É uma questão de tempo haver uma renovação política e institucional.
 
Uns acham que o PCC vai declarar guerra e tomar conta do Rio.  Agora, quem acreditar que as coisas estão mudando pode ter oportunidade na Light.
 
Meu fundo decidiu comprar sem nenhuma pretensão de controle. Éramos compradores para mais do que isso.
 
Ainda há riscos, claro.  A empresa está em transição.  Ela está no vestibular de um processo de recuperação que poderá ser bem sucedido. Ainda tem gente indicada pela Cemig lá dentro, o mercado tem uma desconfiança sobre a capacidade de entrega.  Mas tudo pode mudar.
 
Eventualmente, essa empresa ainda pode atrair um estratégico que venha a somar à sua capacidade de gestão. É um bom caso pra ser acompanhado nos proximos 5 anos.
 
É uma Equatorial em 2012, mas mesmo a Equatorial também tem um Pará profundo [onde a operação é muito difícil], que é análogo ao Rio hoje.
 
A Cemig ainda tem 22% da Light.  Tudo indica que o compromisso político do Governo de Minas é vender. Ele precisa vender.  Pode não acontecer, mas eu aposto que a Cemig vai vender a posição dela da maneira mais inteligente para eles.
 
Até meu irmão [Arnaldo Cezar Coelho] comprou a ação hoje. Mas a cabeça dele é outra: ele lembrou que a nossa mãe já falava, ‘apaga a luz que eu não sou sócia da Light.’  Agora ele ficou.” [risos]