Os 3 fatores que podem fazer o Bitcoin subir neste ano, depois de dobrar de valor em 2019

A redução da oferta é um deles, explicaram os especialistas Safiri Felix e Felipe Sant'Anna durante painel no Onde Investir 2020

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Não bastassem os ganhos expressivos de 100% em 2019 e um início de ano com alta de mais de 20%, o Bitcoin promete virar um ciclo importante de seu crescimento, com um grande potencial a ser “destravado” em 2020.

Esta é a visão dos especialistas Safiri Felix, diretor da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), e Felipe Sant’Anna, sócio-gestor da Paradigma Capital, que participaram do painel sobre criptomoedas do especial Onde Investir 2020.

“Além de jovem, o Bitcoin é extremamente cíclico. O Bitcoin é o maestro do mercado e tem um ciclo que dura basicamente quatro anos, em que ele passa por mudanças técnicas, o que afeta o mercado inteiro, e os preços progridem de acordo com isso”, afirma Sant’Anna.

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Segundo ele, dentro desta visão cíclica do mercado, a criptomoeda caminha para o fim de um ciclo com um grande evento técnico que irá acontecer em maio, o chamado halving. Para o especialista, isso pode mudar a dinâmica vista em 2018 e 2019.

O halving nada mais é que o corte pela metade da recompensa dos mineradores. Este evento ocorre a cada 210 mil blocos minerados, o que acontece a cada quatro anos, mais ou menos.

“Do ponto de vista prático, estamos falando de um corte de oferta da ordem de 50%. É pura aula de economia. Você tem uma commodity cuja demanda não para de crescer e a oferta vai cair drasticamente. A conclusão mais lógica é que o preço vai reagir de forma positiva”, explica Safiri.

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Para ele, além do halving, dois “grandes vetores” devem guiar o Bitcoin daqui para frente. O primeiro é o uso como “ouro digital” da criptomoeda, o que tem se provado nos últimos anos em momentos de tensões geopolíticas, em que, segundo ele, ocorrem janelas de valorização do Bitcoin.

Outro vetor é o que ele chama de “financeirização do Bitcoin”, ou seja, a propagação de produtos financeiros que têm a criptomoeda como lastro. “Isso acaba rompendo duas resistências: do público que ainda não se sente seguro em operar com suas próprias chaves privadas ou na exchange, além de abrir a porta para o capital institucional”, explica.

Lado negativo

Safiri aponta ainda que as questões regulatórias ainda afastam grandes players do mercado de criptomoedas e que muitas vezes falta a eles uma compreensão maior da tese de investimento como um todo.

“É comum a gente encontrar gestores que já começam a análise com um certo preconceito, e isso acaba colocando eles em dissonância cognitiva. Já começam com má vontade de entender sobre o ativo”, afirma. “Com isso, por mais consistente que sejam os argumentos, essa resistência faz com que eles não entendam, na minha opinião, o que está por trás da inovação do Bitcoin que é o conceito da escassez digital programada”.

Sant’Anna complementa falando sobre a dificuldade que existe em se fazer um valuation do Bitcoin. Para ele, este acabou sendo um fator de mais incerteza e turbulência no mercado, já que existia uma grande variedade de formas de se tentar encontrar um preço justo para a criptomoeda.

Por outro lado, ele destaca que o mercado está mais maduro, que hoje existem novas metodologias, que são melhores do que as que foram usadas nos últimos anos. Apesar de ainda não existir uma considerada a ideal, ele vê um cenário melhor hoje.

Fundos de cripto

Outro assunto tratado pelos especialistas foi o crescimento das opções de fundos de criptomoedas que surgiram no Brasil nos últimos meses. Safiri, porém, ressalta que o investidor precisa entender bem o que está comprando, já que, em alguns casos, as cotas destes tipos de fundo colocam 80% do investimento em títulos do Tesouro.

Mas ele vê o lado positivo desta ferramenta. “Eles [fundos] atendem uma demanda do investidor de varejo que não se sente seguro em operar com exchanges e não está seguro para fazer a auto custódia de suas criptomoedas. Além disso abre espaço para a entrada do capital institucional”, explica.

Leia também: Fundos de criptomoedas têm aplicação mínima de R$ 500: saiba quando vale a pena investir

Já Sant’Anna aponta que “inevitavelmente irão surgir novos fundos e isso é um sinal positivo para a indústria como um todo”. “Tem gente que só vai montar alocação se for deste jeito e é importante que existam fundos”, completa.

Eles citam ainda o Grayscale, maior fundo cripto do mundo, que esta semana anunciou que captou US$ 600 milhões em 2019, o que, para eles, é um forte sinal de que a disseminação deste tipo de instrumento deve continuar em 2020.

O que esperar de outras criptomoedas

Sobre outros ativos digitais fora o Bitcoin, Sant’Anna diz que é fácil encontrar variações percentuais que vão chamar atenção dos investidores, mas que uma estratégia que tem se mostrado eficaz é ter a grande exposição em Bitcoin mesmo.

“Minha sugestão é ter um 2020 mais simples. Se tem moedas que podem influenciar o destino do Bitcoin são mais a Libra do Facebook, ou moedas digitais de governos”, afirma ele reforçando a ideia de que o momento pede uma exposição maior apenas ao Bitcoin.

Já Safiri lembra que a ideia de se investir em Bitcoin é diversificar a carteira. “Este é um ativo com pouca correlação com outros ativos de risco e pode te trazer um percentual de retorno significativo”, afirma.

“Por outro lado, quando olhamos para isso dentro dos próprios criptoativos é importante não cair na armadilha do excesso da diversificação, porque neste caso é o contrário, há uma grande correlação. Se o Bitcoin subir, ele arrasta todo mundo, mas nos ciclos de baixa os outros caem mais e o Bitcoin acaba mantendo menos risco”, explica Safiri.

A dica dele é, se uma pessoa ainda não conseguiu acumular um Bitcoin inteiro, não deve olhar ainda para nenhuma outra criptomoeda. “Faça seus aportes periódicos até que você chegue nesta marca. Depois disso pode valer a pena olhar para outras oportunidades”, diz.

No caso específico de duas das maiores criptomoedas em valor de mercado, Safiri diz para o Ethereum que há uma desafio técnico que o projeto precisa resolver.

“Eles já estouraram prazos, a comunidade já se dividiu e muitos talentos migraram para outros projetos. Eu acredito que 2020 será um ano decisivo para o Ethereum e para ele se provar e poder continuar como uma plataforma primordial para os chamados smart contracts”, diz o especialista.

Por fim, no caso do Ripple, ele aponta que há uma grande expectativa de que em breve reguladores enquadrem o token como valor mobiliário, diferente do Bitcoin e Ethereum. “Isso vai gerar impacto, tanto do ponto de vista positivo, já que gera uma segurança jurídica, mas também vai tirar um pouco da atratividade do ativo”, explica.

Para ele, a grane questão está na relação entre o token XRP e a empresa, Ripple Labs, que é a maior detentora do token e que opera a Ripple Net, que é a rede onde o token é utilizado. No caso da companhia, ele vê um grande potencial e diz que, por exemplo, consideraria entrar em um IPO se um dia a Ripple fizer, mas que não colocaria dinheiro no XRP já que é um token que até agora “não se provou”.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.