Ibovespa fecha na máxima histórica com recuperação de bancos e alívio da OMS

Mercado termina o dia com ganhos expressivos diante de um movimento positivo dos bancos

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta nesta quinta-feira (23) e renovou sua máxima histórica puxado pelos fortes ganhos das ações de bancos e depois da Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciar que “é muito cedo para considerar o novo coronavírus uma emergência internacional”. Os índices acionários dos Estados Unidos zeraram perdas com a notícia.

Na China já foram confirmadas 18 mortes e 600 pessoas infectadas pela doença. As autoridades do país decidiram isolar a cidade de Wuhan, capital da província de Hubei e epicentro da disseminação do vírus. Todos os voos e trens da cidade foram cancelados e o transporte público foi fechado, em medidas para evitar a propagação do coronavírus.

O Ibovespa teve alta de 0,96% a 119.527 pontos com volume financeiro negociado de R$ 25,14 bilhões.

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A soma das participações dos bancos no Ibovespa é maior do que 21%, de modo que o setor é o mais pesado do índice. Itaú Unibanco (ITUB4) subiu 2,37%, Bradesco (BBDC3; BBDC4) teve alta de 2,64%, Banco do Brasil (BBAS3) valorizou 5,62% e Santander (SANB11) mostrou um desempenho positivo de 1,96%.

De acordo com o trader de multimercados da Quantitas Gestão de Recursos, Lucas Monteiro, os bancos como um todo foram bem por um movimento conhecido como “rotation“. “Dado que o índice tem andado bastante, faz sentido trocar de setores, entrando naquilo que não andou muito e que está barato em termos de múltiplos”, disse Monteiro.

Enquanto isso, o dólar comercial registrou perdas de 0,21%, a R$ 4,1648 na compra e R$ 4,1668 na venda. O dólar futuro com vencimento em fevereiro tinha baixa de 0,26% a R$ 4,173.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 teve alta de cinco pontos-base a 4,99%, o DI para janeiro de 2023 registrou ganhos de três pontos-base a 5,57% e o DI para janeiro de 2025 avançou dois pontos-base a 6,32%.

A alta foi mitigada pelas declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que afirmou estar tranquilo com a inflação. Apesar de alta, os núcleos da inflação ficaram estáveis e o aumento do preço das carnes está diminuindo, disse ele.

Mias cedo, os juros subiam forte diante do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que registrou alta de 0,71% em janeiro na comparação mensal, segundo informou nesta quinta-feira (23) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado ficou praticamente em linha com a alta esperada de 0,70%, segundo estimativa mediana em pesquisa Bloomberg, depois de ter avançado 1,05% na medição anterior.

Em destaque, esteve a desaceleração do grupo Alimentação e bebidas, de alta de 2,59% em dezembro na base mensal para 1,83% em janeiro, que foi explicada principalmente pelo resultado da alimentação no domicílio (2,30%), cuja alta foi inferior à registrada no IPCA-15 de dezembro (3,62%).

“Contribuíram para isso as carnes, que passaram de uma alta de 17,71% no mês anterior para 4,83% em janeiro. Ainda assim, o item foi responsável pela maior contribuição individual no índice de janeiro, com 0,15 ponto percentual”, destacou o IBGE.

“Carnes até ajudaram, desacelerando mais rapidamente. Mas os demais componentes vieram mais pressionados. A média dos núcleos foi de 0,45% ante nossa estimativa de 0,35%”, disse à Bloomberg Flavio Serrano, economista-chefe do Haitong.

Ainda no radar, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu hoje por manter a taxa de depósitos em -0,5%, em linha com as expectativas do mercado. A linha de crédito marginal permaneceu com os juros em 0,25%.

A grande novidade, contudo, ficou por conta da mudança na política monetária que a presidente do BCE, Christine Lagarde, anunciou nesta tarde. “Não deixaremos de analisar nenhum aspecto da situação e a maneira como medimos a inflação claramente é algo que devemos revisar”, afirmou, deixando no ar a possibilidade de alterar as metas de inflação, atualmente em 2%.

De acordo com Lagarde, os riscos ainda estão puxados para o lado negativo.

Paulo Guedes e Bolsonaro

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ontem ao jornal Valor Econômico que o Reino Unido tem interesse em iniciar as negociações para um acordo de livre-comércio com o Mercosul logo após concluir o Brexit em dezembro deste ano. Guedes se reuniu ontem com o ministro britânico das Finanças, Sajid David. “Nós queremos e eles querem” resumiu Guedes, ao fazer um balanço sobre sua participação no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.

Representante brasileiro no Fórum Econômico Mundial, Guedes terá uma agenda voltada para debates em seu último dia no evento. Ele participará de duas mesas-redondas e de um painel sobre economia internacional, se encontrará com o presidente de uma empresa de energia e almoçará com representantes do jornal Washington Post.

Já o presidente Jair Bolsonaro embarca, na manhã de hoje, para a Índia, onde é convidado especial para as celebrações do Dia da República, no próximo domingo (26). A viagem deve incluir a assinatura de pelo menos dez acordos bilaterais, em áreas como segurança cibernética, bioenergia e saúde. A previsão é que o avião presidencial chegue a Nova Delhi por volta das 16h desta sexta-feira (24), horário local, sem compromissos oficiais previstos.

Judiciário

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF) anulou a decisão do presidente do Tribunal, Dias Toffoli, que adiou por seis meses a criação da figura do “juiz de garantias” presente no pacote anti-crime sancionado no final do ano passado pelo presidente Jair Bolsonaro. Fux criticou pesadamente a figura do juiz de garantias: “A criação do juiz das garantias não apenas reforma, mas refunda o processo penal brasileiro”, afirmou. Fux é o relator original do caso.

Segundo Fux, a Lei tem “vícios de inconstitucionalidade” e Toffoli “ignorou dados da vida real” sobre o judiciário brasileiro. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ao jornal O Estado de S. Paulo que a medida de Fux “desrespeitou o Congresso, o presidente da República e o presidente do judiciário (Toffoli)” que aprovaram todos a Lei.

Noticiário corporativo

A Eletrobras comunicou que fará uma emissão de notes nos Estados Unidos para levantar US$ 1,75 bilhão (R$ 7,33 bilhões). Segundo a estatal elétrica brasileira, os papéis terão vencimento em cinco e dez anos e a soma será usada para reduzir o endividamento da empresa.

Já o Conselho de Administração da Copel, companhia estatal de energia elétrica do Paraná, aprovou a venda das ações que a empresa possui na Eletrosul. A empresa não informou qual é a sua participação na Eletrosul, que é uma subsidiária da Eletrobras.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
BRKM5 6.82068 38.84
BBAS3 5.25236 51.3
GOLL4 5.16407 39.1
COGN3 4.33628 11.79
CCRO3 3.67876 20.01

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
BRFS3 -2.52809 34.7
GNDI3 -2.33432 72.8
ABEV3 -2.09974 18.65
HGTX3 -2.0438 26.84
IRBR3 -1.95991 44.02

A Camil acertou a compra da LDA Spa por 37 bilhões de pesos chilenos. Já o  Carrefour Brasil divulgou suas prévias de vendas do quarto trimestre de 2019. O valor bruto consolidado somou R$ 17,6 bilhões no período, um crescimento de 11,4% na comparação com o mesmo trimestre de 2018. No acumulado do ano, as vendas chegaram a R$ 62,220 bilhões, alta de 10,4%.

(Com Agência Brasil e Agência Estado)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.