Ações do Magazine Luiza ou da Via Varejo? Para analistas da XP e do Alaska, podem ser as duas

"As empresas têm drivers semelhantes no macro, mas no micro são cases muito diferentes", afirma analista da XP

Rodrigo Tolotti

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Concorrentes dentro do setor de varejo, Magazine Luiza (MGLU3) e Via Varejo (VVAR3) vivem cenários completamente diferentes em seus respectivos negócios, o que abre espaço para que o investidor não precise exatamente escolher entre uma ou outra para ter em carteira.

Essa é a avaliação de Pedro Fagundes, analista do setor de Varejo da XP Investimentos, e Eduardo Mestieri, analista de ações da Alaska Asset Management, que participaram do evento “Super Clássicos da Bolsa”, promovido pela XP. Segundo eles, cada empresa tem um case diferente hoje, apesar de estarem no mesmo setor.

Mestieri lembra que as duas companhias começaram de formas semelhantes, vendendo eletrodomésticos, mas que hoje estão em caminhos diferentes. De um lado, o Magalu tem focado em desenvolver sua área digital, com foco no marketplace, enquanto a Via Varejo passou por uma recente mudança administrativa bem grande, com potencial ainda para evoluir bastante.

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“Agora elas estão seguindo por caminhos diferentes. O Magazine Luiza está finalizando uma transformação digital dela e começando um modelo de negócio mais amplo, expandindo para o marketplace, e a Via Varejo tem bastante lição de casa para fazer e arrumar a casa. Mas as duas têm bastante estrutura física no Brasil inteiro, o que destaca as duas do resto do mercado”, afirma.

Já Fagundes, separa a evolução do setor em três partes – crescimento do varejo físico, entrada na transformação digital e democratização em massa do e-commerce -, colocando o Magalu já no início desta terceira etapa, enquanto a Via Varejo ainda está na fase de transformação digital.

As diferenças

Sobre a avaliação de cada empresa, o analista da Alaska destaca que olhar para o múltiplo de preço/lucro do Magazine Luiza é limitado porque “desconsidera parte importante que é o crescimento”. “Se olhar como uma varejista tradicional, o múltiplo está esticado”, afirma.

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Segundo ele, é preciso considerar a parte da tecnologia, principalmente a Luiza Labs, área da empresa focada em desenvolver novas soluções para a digitalização do varejo. O analista aponta que o principal mérito disso é integrar o cliente que está na loja física ao e-commerce.

A ideia para Mestieri, é deixar analisar para o “varejo puro”, sem esquecer disso, mas analisar o quanto essa parte tecnológica entra no valuation da companhia.

Do outro lado, Fagundes explica que a Via Varejo estava em uma situação bastante ruim, com problemas tanto no segmento de loja física quanto no e-commerce, mas que a mudança de comando na companhia fez muita diferença.

Segundo ele, a situação dela é diferente da “concorrente” e que o mercado foi precificando o trabalho na atual gestão aos poucos, o que ajudou na forte valorização das ações em 2019. “Ainda tem bastante coisa para acontecer, reformas das lojas físicas e melhoria dos sites, por isso vemos potencial na empresa”, avalia. No ano passado, os papéis VVAR3 subiram 154%.

O analista explica que, diferente do Magalu, a Via Varejo vive uma história de “turnaround” e que o maior risco para ela no curto prazo é que ela não mostre uma recuperação significativa principalmente na recuperação de lojas físicas.

A XP tem recomendação de compra para Via Varejo e neutra para Magazine Luiza, que segundo Fagundes é justificada por ele não enxergar um upside muito grande sobre o preço atual. A Alaska não pode fazer recomendações.

Ter as duas na carteira?

Questionados sobre a possibilidade de o investidor comprar ações das duas companhias, os analistas afirmaram ser algo factível. “As empresas têm drivers semelhantes no macro, mas no micro são cases muito diferentes”, afirma Fagundes.

Enquanto do lado de Via Varejo a ideia é ter um projeto de recuperação, de possível forte crescimento diante do trabalho da nova gestão da empresa, para o Magazine Luiza e proposta é comprar uma empresa que está se expandindo e indo além do varejo tradicional.

Os dois analistas destacam ainda o fato do Magalu ter cerca de R$ 5 bilhões em caixa, o que abre espaço para que a companhia cresça tanto adquirindo outras empresas como também investindo em tecnologias e outras áreas importantes para reforçar sua estrutura.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.