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‘Grupo propõe taxar carnes na Europa com argumentos questionáveis’

De acordo com sócio-diretor da Radar Investimentos, esse tipo de medida não costuma prosperar em livres mercados, como o europeu

A Coalizão Por Um Preço Justo de Proteínas Animais (TAPCC, na sigla em inglês), formada por 30 empresas da Holanda, apresentou ao parlamento europeu uma proposta para tributar as carnes consumidos nos países do bloco. Segundo o presidente do grupo, Jeroom Remmers, europeus consomem 50% mais carne do que o recomendável.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Remmers disse que a campanha não é contra o Brasil, maior exportador de carne bovina e de frango do mundo, mas em favor do consumo de proteínas vegetais.

De acordo com o sócio-diretor da Radar Investimentos, Leandro Bovo, a campanha do grupo não traz impactos no curto prazo. “Este caso específico, como na maioria das vezes, é baseado em argumentos questionáveis, senão errados. E a gente sabe que em um livre mercado é muito difícil o governo taxar produtos e ter um resultado positivo”, diz.

Benedito Rosa, ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, afirma que esse é mais um movimento de entidades que defendem interesses de criadores europeus. “A produção nos moldes do Brasil, com pastagens abundantes, custa um terço. Então é normal que produtores da Irlanda, Alemanha, França e Holanda procurem pretextos para dificultar”, comenta.

Segundo Benedito Rosa, esses grupos estão ficando em argumentos e estão apelando para o lado ambiental “para acusar o Brasil de desmamar a Amazônia, fazer pastagens e depois vender”. Ele acrescenta que se os europeus dificultarem, haverão outros mercados. “Se esses restrições nos atrapalharem, não será muito”.

Peixes

O Ministério da Agricultura informou nesta quinta-feira, 13 que se prepara para reivindicar a reabertura do mercado europeu para o pescado brasileiro. De acordo com a pasta, soluções para controle higiênico-sanitário da cadeia produtiva estão sendo tomadas para garantir adequação às normas da Europa.

Para isso, o ministério ressalta que é fundamental a manifestação de empresas, armadores e representantes do setor interessados em exportar para o bloco, solicitando a habilitação de embarcações pesqueiras.

“É muito importante também que os pescadores preencham os formulários e ajudem no monitoramento. Não creio que acontecerá em poucos meses, mas talvez no segundo semestre”, estima Benedito Rosa.