Vacina do coronavírus: 9 empresas que avançam em soluções para a pandemia

Todas ainda estão em fases de testes e devem demorar cerca de um ano até poderem ser usadas em grande escala

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – A Covid-19, doença causada pelo chamado novo coronavírus, foi declarada uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Para conter o estrago da doença, que já soma 4,4 mil mortes, algumas empresas já estão em uma espécie de força-tarefa.

Grandes fabricantes de medicamentos e pequenas empresas do ramo estão avançando nos planos de desenvolver vacinas ou tratamentos direcionados à infecção.

Nos EUA, as empresas que estão iniciando o desenvolvimento receberam financiamento de duas organizações: a Autoridade Biomédica de Pesquisa e Desenvolvimento (Barda, na sigla em inglês) – uma divisão do Departamento de Saúde e Serviços Humanos -, e o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid, na sigla em inglês), divisão dos Institutos Nacionais de Saúde.

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Algumas empresas receberam financiamento da Coalition for Epidemic Preparedness Innovations (Cepi, na sigla em inglês), uma organização global com sede em Oslo. Outras empresas estão financiando por meio de parcerias com outras empresas do setor.

O InfoMoney entrou em contato com o Ministério da Saúde, que afirmou que nenhuma empresa no Brasil informou oficialmente estar desenvolvendo vacinas ou tratamentos. “O Ministério está acompanhando o desenvolvimento no exterior e assim que a vacina existir vai distribuir para os cidadãos. Por enquanto, estamos apenas antecipando a vacinação da gripe, que protege apenas contra outros tipos de vírus, mas se a pessoa estiver protegida nesse contexto fica mais fácil fazer o diagnóstico do novo coronavírus”, disse a assessoria.

Ainda, a previsão da chegada de vacinas para a Covid-19 é de pelo menos um ano, segundo o Ministério da Saúde.

O site MarketWatch compilou os principais progressos que algumas empresas, sediadas em diferentes lugares do mundo, estão fazendo em relação ao desenvolvimento da vacina:

Gilead Sciences

A Gilead Sciences é uma empresa de biofarmacologia sediada na Califórnia e está concentrando seus esforços no desenvolvimento de um tratamento chamado de remdesivir, que está na fase três de testes clínicos.

A empresa é conhecida por desenvolver a primeira grande cura para a hepatite C em Sovaldi, uma terapia que mudou o padrão de atendimento dessa doença. Também tem experiência no desenvolvimento e comercialização de medicamentos para o HIV, incluindo o Truvada para profilaxia pré-exposição (PrEP), seu medicamento preventivo contra o HIV.

Juntamente com os ensaios nos EUA, a Gilead está conduzindo um ensaio clínico controlado e randomizado em Wuhan, cidade chinesa onde a epidemia começou, testando o remdesivir como um tratamento para formas leves a moderadas de pneumonia em pessoas com o vírus. O tratamento foi aprovado pela Administração de Alimentos e Medicamentos da China em fevereiro.

A empresa informou no último dia 3 que o estudo em sua terceira fase avaliará o remdesivir em 400 pacientes com a Covid-19 em estado grave. Espera-se que o estudo comece a registrar pacientes em março, com resultados em maio.

As ações da empresa acumulam alta de 13% nos últimos doze meses e nesta quarta-feira (11) subiam 2,9% às 13h30 (horário de Brasília).

GlaxoSmithKline 

A GSK, como é chamada, é uma farmacêutica multinacional com sede em Londres e trouxe para o mercado vacinas contra o papilomavírus humano (HPV) e a gripe Influenza.

A companhia está trabalhando em uma plataforma de desenvolvimento para fazer um tratamento adjuvante, ou seja, que que reforça a ação do agente que intensifica a produção de anticorpos na tentativa de fortalecer o sistema imune do paciente.

A GSK informou que a Clover Biopharmaceuticals Inc., uma empresa chinesa de biotecnologia, também está usando a tecnologia adjuvante em combinação com sua tentativa de vacina, chamada Covid-19/S-Trimer, em estudos pré-clínicos.

O Dr. Thomas Breuer, diretor médico da GSK, está liderando o trabalho sobre vacinas e a plataforma adjuvante.

As ações da empresa caem 15,4% no acumulado do ano e nesta quarta-feira (11) caíam 3% às 13h30 (horário de Brasília).

Inovio Pharmaceuticals

A farmacêutica desenvolve imunoterapias e vacinas, mas ainda não possui um produto aprovado para tratamento. A Inovio está desenvolvendo uma vacina de DNA, que se baseia na sequência do material genético do agente que quer combater. Chamada INO-4800, a vacina foi testada em ensaios pré-clínicos realizados entre 23 de janeiro e 29 de fevereiro.

A empresa planeja iniciar testes completos nos EUA com 30 participantes em abril. Também planeja lançar testes em humanos na China e na Coréia do Sul no mesmo mês.

A Inovio possui um total de 3 mil doses preparadas para os testes nos três países, espera ter os primeiros resultados do estudo em meados de setembro e ter 1 milhão de vacinas prontas para testes clínicos adicionais ou uso emergencial até o final do ano.

As ações da empresa sobem 113% no acumulado do ano e nesta quarta-feira (11) disparavam 23% às 13h30 (horário de Brasília).

Johnson & Johnson

A empresa especializada na produção de farmacêuticos, utensílios médicos e produtos pessoais de higiene está desenvolvendo uma vacina com financiamento da Barda e vai utilizar a mesma tecnologia que foi usada no processo de desenvolvimento da vacina de Ebola e Zika.

“Também estamos discutindo com outros parceiros que, se tivermos uma candidata a vacina com potencial, pretendemos torná-la acessível à China e outras partes do mundo”, disse o Dr. Paul Stoffels, diretor científico da J&J, em comunicado.

A J&J também disse em 18 de fevereiro ter parceria com a Barda em um projeto que visa rastrear medicamentos antivirais existentes, incluindo terapias experimentais ou já aprovadas, que podem ser eficazes contra a Covid-19.

As ações da empresa têm baixa 7,6% no acumulado do ano e nesta quarta-feira (11) caíam 4,88% às 13h30 (horário de Brasília).

Moderna Inc. 

A Moderna é uma empresa de biotecnologia sediada em Massachusetts focada na descoberta e desenvolvimento de medicamentos com base no RNA mensageiro. Pretende desenvolver uma vacina baseada no RNA do vírus, chamada mRNA-1273.

Em 23 de janeiro, a Moderna recebeu financiamento do Cepi para o projeto. Em 24 de fevereiro, informou que havia enviado o primeiro lote de mRNA-1273 ao Niaid para um ensaio clínico de Fase 1 nos EUA.

O Niaid informou que começaria a matricular 45 pacientes adultos saudáveis ​​em um ensaio clínico de Fase I em um local para testar o mRNA-1273 como vacina. Os resultados têm previsão para 1º de junho de 2021. Os participantes serão acompanhados por um ano.

No acumulado do ano, a empresa tem alta de 21,8% na Bolsa – e nesta quarta-feira (11) os papeis subiam 6,9% às 13h30 (horário de Brasília).

Regeneron Pharmaceuticals

A Regeneron Pharmaceuticals é uma empresa de biotecnologia sediada em Nova York e está trabalhando no desenvolvimento de anticorpos monoclonais, que basicamente têm a capacidade de produzir sempre os mesmos anticorpos em resposta a um agente patogênico.

A plataforma VelocImmune da empresa está usando ratos geneticamente modificados com sistemas imunológicos humanizados em testes pré-clínicos.

“Nosso objetivo é ter centenas de milhares de doses profiláticas prontas para testes em humanos até o final de agosto”, disse um porta-voz ao MarketWatch. Christos Kyratsous, vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento de doenças infecciosas e tecnologia de vetores virais, está administrando o projeto.

As ações sobem 24,8% no acumulado do ano e nesta quarta-feira (11) os papéis caiam 1,5% às 13h30 (horário de Brasília).

Sanofi 

A Sanofi, farmacêutica com sede na França, está trabalhando com a Barda para testar uma vacina pré-clínica usada na Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês) para a Covid-19 usando sua plataforma de DNA recombinante.

Um porta-voz informou ao site que a Sanofi pretende colocar uma vacina em um ensaio clínico de Fase 1 entre março e agosto de 2021.

O desempenho das ações no acumulado do ano é negativo (-9,88%) e nesta quarta-feira (11) caíam quase 2% às 13h30 (horário de Brasília).

Takeda Pharmaceutical Company 

A Takeda é uma farmacêutica com sede no Japão e está desenvolvendo um tratamento para a Covid-19. A

A empresa afirmou em 4 de março que planeja testar globulinas hiperimunes, terapias derivadas do plasma são eficazes no tratamento de infecções respiratórias virais agudas, em pessoas com alto risco de infecção.

Como parte de sua pesquisa, que será realizada na Geórgia, a Takeda disse que precisaria ter acesso ao plasma de pessoas que se recuperaram da Covid-19 ou de pessoas que receberam uma vacina se uma delas fosse desenvolvida.

Como a J&J, a Takeda planeja examinar se outras terapias, experimentais ou com aprovação regulatória, podem ter potencial de tratamento.

No acumulado do ano, a empresa acumula baixa de 12,12% e nesta quarta-feira (11) caía 3,13% às 13h30 (horário de Brasília).

Vir Biotechnology 

A Vir é uma empresa de biotenologia sediada em São Francisco, EUA, está colaborando com a WuXi Biologics, outra empresa do mesmo setor com sede em Xangai, para testar anticorpos monoclonais, como a Regeneron, para o tratamento de Covid-19.

Se o tratamento for aprovado, a WuXi o comercializará na China, enquanto a Vir terá direitos de marketing para o resto do mundo. A empresa americana é administrada por George Scangos, ex-CEO da Biogen.

No acumulado do ano, as ações da Vir saltaram 169% e nesta quarta-feira (11), os papeis disparavam 13,5% às 13h30 (horário de Brasília).

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.