Zerados em Bolsa, aplicados em juros e dólar: a receita dos fundos multimercado da Vinland para enfrentar a crise

James Oliveira, sócio da gestora, diz que a estratégia é “limpar a cabeça” para analisar melhor o cenário

Giuliana Napolitano

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SÃO PAULO – A quarta-feira de cinzas marcou o início do dramático bear market que engoliu os Bolsas mundiais. No Brasil, o Ibovespa caiu quase 40% desde então, mas, naquele 26 de fevereiro, ninguém podia prever o que viria em seguida: nem o pânico nos mercados, muito menos as quarentenas em série e a explosão dos casos de coronavírus pelo mundo.

Para a equipe da gestora Vinland, havia incertezas demais no cenário. “Vimos que era um evento muito difícil de ser compreendido e mensurado”, diz James Oliveira, sócio da Vinland.

Diante disso, a decisão foi zerar os investimentos em ações nos fundos multimercado, privilegiar as aplicações em renda fixa com prazo curto e ficar “comprado” em dólar (ou seja, investir para ganhar com uma valorização da moeda americana).

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“Zeramos para limpar a cabeça e tentar analisar um pouco mais friamente o que estava acontecendo”, diz Oliveira.

As mudanças no portfólio feitas no início da crise se mantiveram. “Estamos carregando essas posições até hoje”, completa.

Para o gestor, a volatilidade nos mercados vai continuar “por um tempo razoável”, porque ainda não se sabe quando – nem como – haverá um alívio na quarentena, já que os casos de coronavírus continuam aumentando.

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“Estamos mantendo uma gestão bastante ativa, explorando a volatilidade, mas sem vontade de nos antecipar e montar grandes posições estruturais”, afirma.

“Existe uma chance boa de que a Bolsa suba no longo prazo”, diz Oliveira. “Mas o curto prazo deve ser conturbado, então preferimos buscar um timing melhor para investir.”

Previsão de juros em 3%

Em março, o multimercado Macro da Vinland teve um retorno de 1,4%, enquanto o Macro Plus, que corre um risco maior, rendeu 2,4%. Em 12 meses, a rentabilidade está em 11,9% e 20,2%, respectivamente.

Um investimento que garantiu o bom desempenho dos fundos no último ano foi a aposta na queda dos juros no Brasil e no México – a gestora mantém a perspectiva de cortes adicionais das taxas nos dois países porque a inflação está baixa e as economias devem sofrer com a pandemis do coronavírus.

Em relação ao Brasil, a previsão da casa é que a inflação ficará abaixo de 2% neste ano e o PIB terá uma contração de 3%, o que abre espaço para que a taxa Selic caia para 3% nos próximos meses (hoje, a taxa está em 3,75%).

“Pelo modelo de metas de inflação, o Banco Central brasileiro poderia baixar a Selic para 2%. Mas mantemos nossa previsão em 3% porque o BC está sendo muito conservador, mesmo com a inflacao abaixo da meta e o PIB negativo pela frente”, afirma o gestor.

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Giuliana Napolitano

Editora-chefe do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre finanças e negócios. É co-autora do livro Fora da Curva, que reúne as histórias de alguns dos principais investidores do país.