O dólar fechou em queda nesta segunda-feira (6), na primeira queda diária na cotação da moeda desde 26 de março. O recuo veio com o dia mais positivo nos mercados externos, incentivados pela esperança de que o pico da epidemia do novo coronavírus seja atingido em breve, uma vez que os países mais afetados da Europa registram uma queda no número de mortes.
O dólar encerrou o dia vendido a R$ 5,2940, em queda de 0,63%. Veja mais cotações.
Cenário interno
Nesta segunda-feira, o Banco Central fez leilão de até 10 mil contratos de swap cambial reverso com vencimento em outubro de 2020 e janeiro de 2021.
No cenário doméstico, "os atritos entre Bolsonaro e Mandetta podem pesar localmente na volatilidade dos ativos, no que parece uma guerra de egos dentro do governo, em meio à situação global de extremo desconforto", afirmou a corretora Infinity Asset, segundo a Reuters.
O presidente Jair Bolsonaro, no domingo, disse a um grupo de apoiadores evangélicos que alguns de seus ministros estão "se achando" e viraram estrelas, ao mesmo tempo que alertou que "a hora deles vai chegar" e que não tem medo de usar sua caneta.
Bolsonaro não citou nomes, mas as declarações vêm em meio a divergências públicas entre o presidente e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, por causa da pandemia de coronavírus. Bolsonaro tem defendido o fim do isolamento social de toda a população e que apenas integrantes dos grupos de risco fiquem em casa para conter a disseminação do vírus, contrariando as orientações de Mandetta e da Organização Mundial da Saúde.
Também por aqui, a Câmara dos Deputados aprovou a chamada PEC do "orçamento de guerra", que separa do orçamento principal os gastos com o enfrentamento da crise do coronavírus.
Cenário externo
Espanha, Itália e França registraram no últimos final de semana uma esperançosa redução no número de mortos devido à pandemia da Covid-19, que já matou mais de 70.000 pessoas em todo o mundo.
"Os mercados europeus estão (...) focados" em um certo otimismo gerado "pela diminuição da taxa de mortalidade pelo coronavírus", aponta o analista Naeem Aslam, da AvaTrade, segundo a France Presse. "Os investidores reagiram positivamente aos informes de uma desaceleração no número de mortos na Itália e na Espanha", disse Yoshihiro Ito, especialista da Okasan Online Securities, em nota informativa. "Mas ainda não está claro se o surto será contido", acrescentou.
De fato, no Japão, o primeiro-ministro Shinzo Abe está se preparando para declarar estado de emergência em algumas partes do país, incluindo Tóquio, onde o número de infectados continua a aumentar.
No entanto, "os mercados adotam um tom mais otimista, porque certos governos determinaram que a Páscoa marcará o início de um alívio dos confinamentos", assegura Jasper Lawler, analista do London Capital Group. "Os investidores veem isso como o sinal precursor de uma saída do túnel da paralisia econômica", acrescenta ele.
Mas a semana se anuncia muito difícil para os Estados Unidos, onde o desemprego subiu para 4,4% e 700.000 empregos foram destruídos, o que terá um impacto em todo o planeta em geral e nos mercados em particular.
Para Tangi Le Liboux, estrategista da corretora Aurel BGC, "uma nova fase do ioiô", com altos e baixos, parece se anunciar para os mercados. Além disso, "o fim do confinamento será longo e trabalhoso e não é absolutamente certo que a economia retorne ao nível pré-crise, mesmo por meses, se o vírus continuar a circular", acrescenta.
Dólar 06.4.20 — Foto: Economia G1