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Suzano: pessimismo do UBS bate otimismo do Credit Suisse, e ações tombam

15 maio 2020, 14:24 - atualizado em 15 maio 2020, 14:24
Suzano
Pressão no caixa: perdas com derivativos anularão boa parte dos ganhos da Suzano com a alta do dólar, diz UBS (Imagem: Facebook Suzano)

Os resultados do primeiro trimestre da Suzano (SUZB3), divulgados na noite de ontem (14), dividiram os analistas. De um lado, há os que destacam os bons números operacionais e a queda dos estoques, como o Credit Suisse. De outro, os que alertam para as perdas cambiais e com derivativos, como o UBS.

No meio, estão os investidores, que não tiveram dúvidas sobre quem seguir no pregão desta sexta-feira (15). O forte tombo das ações da Suzano, ao longo do dia, mostra que o mercado se alinhou ao pessimismo do UBS e dos demais analistas que apontam os riscos dos derivativos.

Por volta das 14h23, os papéis caíam 9,59% e eram negociados a R$ 45,71, enquanto o Ibovespa, principal índice da B3, recuava 1,16%, para os 78.097 pontos.

Caio Ribeiro e Gabriel Galvão, que assinam o relatório do Credit Suisse obtido pelo Money Times, estão do lado dos analistas que enfatizaram o bom desempenho operacional da Suzano no primeiro trimestre.

Ponto de virada

Seu texto começa, inclusive, lembrando que o banco passou um bom tempo recomendando a venda dos papéis de empresas de celulose, devido ao cenário adverso.

Mas a forte redução dos estoques da Suzano, nestes primeiros meses de 2020, surpreenderam o Credit Suisse, que esperava a normalização dos estoques ocorre apenas no segundo ou terceiro trimestre.

A notícia é positiva, segundo o banco suíço, por dois motivos. Primeiro, melhora o poder de negociação da companhia junto aos clientes. Segundo, sinaliza com vendas maiores que as estimadas inicialmente. Por isso, o banco elevou sua projeção de vendas em 3% para 2020.

Ao mesmo tempo, cortou 11% dos custos estimados. Tudo somado, o Credit Suisse elevou, no relatório de hoje, o preço-alvo da Suzano de R$ 45,50 para R$ 60. A recomendação subiu para outperform, ou seja, desempenho esperado acima da média do mercado.

“Argumentamos, por algum tempo, que o primeiro (e mais importante) passo para disparar uma recuperação do preço da celulose era a normalização dos estoques”, afirma o Credit Suisse.

A questão é outra

Seu conterrâneo UBS, contudo, não está nem um pouco otimista com as perspectivas da Suzano. Cadu Schmidt e Andreas Bokkenheuser, que assinam o relatório obtido pelo Money Times, reiteraram sua recomendação de venda das ações, com preço-alvo de R$ 32 – menos do que valem atualmente.

Dólar 2
Vai virar fumaça: maior parte da receita gerada pela alta do dólar será consumida pelos derivativos, calcula o UBS (Imagem: Unsplash/@jpvalery)

Os analistas reconhecem os avanços operacionais da companhia, mas destacam que isso não é o mais importante agora. “O foco dos investidores, provavelmente, continuará nas futuras perdas de caixa da Suzano com derivativos, que devem ultrapassar R$ 9,1 bilhões até o fim de 2021”, afirmam.

“Como resultado, a Suzano não se beneficiará totalmente com o real fraco pelo próximo 1,5 ano”, acrescentam.

O UBS lembra que foi, justamente, a expectativa de que o dólar caro favoreceria as operações da Suzano, uma vez que a empresa é uma grande exportadora e seu principal produto, a celulose, é uma commodity cotada em moeda forte.

Mas a constatação de pesadas perdas com derivativos é um balde de água fria no ânimo do mercado, de acordo com os analistas, já que corroerá os ganhos oriundos da operação.

Ganhos anulados

Em sua análise de sensibilidade, o UBS estima que, nos próximos 12 meses, cada variação de 0,10 centavos no câmbio acarretará um acréscimo de R$ 150 milhões na geração de caixa.

Pode parecer uma montanha de dinheiro para uma pessoa, mas, para uma empresa do porte da Suzano, não é nada impressionante.

Principalmente porque, como lembra o UBS, se a empresa não sofresse o impacto negativo dos derivativos e estivesse operando com toda a sua capacidade, o ganho seria de R$ 600 milhões para a mesma variação.

A julgar pelo tombo das ações da Suzano, nesta sexta, este parece ser um argumento irrefutável para os investidores.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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