Ibovespa fecha em queda de 1,3% pressionado por exterior na reta final do pregão; dólar sobe a R$ 5,38

Mercado termina o dia em um tom bem mais pessimista do que começou

Ricardo Bomfim

(Getty Images)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira (13) após passar a maior parte do pregão em alta. A virada veio na reta final, a partir das 16h (horário de Brasília), primeiro com uma perda de ímpeto comprador em ações de blue chips como Petrobras e bancos, depois seguindo o exterior.

Após subirem mais de 1%, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq, das bolsas dos Estados Unidos, terminaram o dia em baixa pouco depois do S&P 500 atingir sua máxima desde o início da pandemia. As notícias de que o avanço do coronavírus está impedindo a reabertura de estados como a Califórnia explica boa parte desse pessimismo na última hora de negociação.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) informou nesta tarde que os EUA têm ao todo 3,3 milhões de casos de infecções pela Covid-19 e 134.884 mortes.

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Mais cedo, o clima nos mercados era otimista, depois de Nova York ter seu primeiro dia sem mortes por coronavírus desde março, notícia que se somou à decisão da FDA (autoridade de saúde americana similar à Anvisa no Brasil) de garantir a designação fast track a duas vacinas contra o coronavírus, uma da Pfizer e uma da BioNTech.

O fast track serve para facilitar o desenvolvimento de medicamentos usados no tratamento de doenças que representam graves ameaças à vida das pessoas.

Hoje, o Ibovespa teve queda de 1,33% a 98.697 pontos com volume financeiro negociado de R$ 28,112 bilhões.

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Já o dólar comercial subiu 1,21%, a R$ 5,3872 na compra e a R$ 5,3880 na venda. Enquanto isso, o dólar futuro para agosto tem alta de 1,23% a R$ 5,394 no after-market.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu um ponto-base a 3,03%, o DI para janeiro de 2023 ganhou dois pontos-base a 4,11% e o DI para janeiro de 2025 avançou três pontos-base a 5,60%.

Entre os indicadores, o Relatório Focus do Banco Central por aqui mostrou que economistas elevaram esta semana a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 de uma contração de 6,50% para uma queda menor, de 6,10%. Para 2021 foram mantidas as projeções de crescimento de 3,50%.

Já em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a expectativa subiu de aumento de 1,63% para 1,72% em 2020. As projeções de 2021 continuaram em avanço de 3,00%.

Para a taxa básica de juros Selic as expectativas foram mantidas em 2,00% em 2020 e em 3,00% para 2021.

Por fim, as projeções para o dólar ao fim de 2020 continuaram em R$ 5,20, mas caíram de R$ 5,05 para R$ 5,00 em 2021.

Vale lembrar que a temporada de resultados nos EUA tem início nessa semana, com os grandes bancos americanos reportando seus balanços nos próximos dias.

Minério de ferro

O minério de ferro segue registrando fortes ganhos. Os preços spot da commodity com pureza de 62% negociada no porto de Qingdao, na China, atingiram US$ 111,85 a tonelada, com alta de 4,5%, no nível mais alto desde agosto de 2019.

“Acreditamos que isso ocorre como resultado de: i) forte demanda da China, com níveis de produção de aço renovando recordes; ii) mercado ainda em movimento de recuperação em meio às quedas de exportações do Brasil e iii) melhora do sentimento geral com a economia chinesa”, destacam os analistas do Itaú BBA.

Infraestrutura

A reação do governo será importante para encontrar soluções para o reequilíbrio financeiro de concessões atuais de logística e terá que aceitar outorgas menores nas previstas para 2020 e 2021, segundo reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”.

A reação do governo a desdobramentos da crise pode ajudar a determinar se e quantos competidores disputarão concessões de rodovias, portos, ferrovias e até aeroportos, vital para o plano do governo de levantar cerca de R$ 250 bilhões em investimentos nos próximos anos.

O problema mais visível é o reequilíbrio financeiro das concessões atuais, especialmente de rodovias e aeroportos, os mais atingidos pelas medidas de isolamento social. A busca por reequilíbrio, no entanto, deve encontrar resistência de órgãos de controle, como o TCU (Tribunal de Contas da União).

Com isso, alguns concessionários poderiam ficar de fora de novos leilões, uma vez que reúnem esforços para dar sustentação às concessões atuais.

Cenário político

Em destaque no noticiário político, a Folha destaca que, há quase um ano e meio no cargo, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), consolida-se para o Palácio do Planalto como o fiel da balança na relação entre governo e Congresso, evitando reagir e criticar Jair Bolsonaro (sem partido) quando o presidente da República é alvo da artilharia dos parlamentares. Segundo aliados, a estratégia é a reeleição à presidência da Casa.

Contudo, há quem já esteja incomodado com as articulações de Alcolumbre: alas de PSD, PSDB e MDB lideram as insatisfações, uma vez que teriam nomes para colocar na disputa.

Panorama corporativo

Os bancos públicos estão com apetite maior para dar suporte às pequenas e médias empresas que precisam de recursos para manter as atividades.

O Banco do Brasil passou novamente a Caixa na concessão de crédito do Pronampe, voltado a pequenas empresas na pandemia. Segundo o jornal “Folha de S.Paulo, o BB emprestou todo o novo limite de R$ 1,24 bilhão aberto pelo governo, chegando quase a R$ 5 bilhões. A Caixa liberou R$ 3,7 bilhões.

Entre os bancos privados, a atividade é muito menor. O Itaú, segundo o governo, começou a operar a linha na quarta e o Bradesco ainda testa sistemas. O Pronampe tem R$ 18 bilhões para oferecer a empresários, com a garantia do Tesouro, e já há defensores na Economia para que seja encorpado.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
IRBR3 5.32609 9.69
CSNA3 3.65093 11.64
EGIE3 2.46856 44
CVCB3 2.36364 22.52
BRAP4 1.57082 38.15

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
ABEV3 -5.52189 14.03
NTCO3 -4.82988 40
CYRE3 -4.74492 26.7
LREN3 -4.50349 42.41
UGPA3 -4.37601 17.7

Já a Petrobras iniciou a fase vinculante do processo de venda da totalidade de sua participação de 51% na subsidiária Gaspetro, segundo comunicado enviado à CVM na sexta-feira à noite. informou a empresa em comunicado divulgado nesta sexta-feira.

Segundo a estatal, os potenciais compradores classificados para a nova etapa do desinvestimento receberão agora carta-convite com detalhes do processo, incluindo orientação para “due diligence” e envio das ofertas vinculantes. Além da Petrobras, a Gaspetro tem como acionista a japonesa Mitsui, com participação de 49%.

Ainda entre as ofertas de ações, a construtora Even contratou bancos para avaliar uma potencial oferta de uma de suas subsidiárias.

BTG Pactual, Itaú BBA, XP Investimentos e Banco Safra irão avaliar a potencial oferta da para potencial oferta de ações da subsidiária Melnick Even Desenvolvimento Imobiliário (Medi), segundo comunicado.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.