UBS: Investidores se mostram mais otimistas com desempenho da economia global, mas riscos políticos ganham espaço

Segundo levantamento da gestora de patrimônio, 52% dos participantes apostam na vitória de Biden, contra 45% que preveem a reeleição de Trump

Lucas Bombana

SÃO PAULO – A pandemia do coronavírus aparentemente é um capítulo que aos poucos vai ficando para trás, ao menos no radar de preocupações do mercado financeiro, que já começa a se voltar para outros riscos no horizonte, como as eleições nos EUA.

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Segundo pesquisa realizada pelo UBS com cerca de quatro mil investidores e empresários, entre os dias 23 de junho e 13 de julho, o otimismo em relação ao desempenho da economia global nos próximos 12 meses subiu de 40%, no primeiro trimestre, para 46%, no segundo trimestre de 2020. O pessimismo, por sua vez, caiu de 45% para 38% no mesmo intervalo.

Ainda assim, quando questionados sobre quais são os maiores riscos no radar, a Covid-19 ainda aparece na liderança, com 56% dos participantes enxergando na pandemia o principal ponto de atenção, uma queda de apenas um ponto percentual ante o levantamento anterior.

Entre as preocupações que mais ganharam espaço entre os agentes de mercado durante o segundo trimestre, ambas com avanço de 7 pontos percentuais no período, se destacaram as tensões políticas internas de seus respectivos países, com alta para 51%, e as eleições americanas, para 46%.

Bola da vez

O UBS recomenda ao investidor que mantenha um portfólio diversificado, sem uma concentração que aposte na vitória de um dos candidatos às eleições presidenciais americanas.

Os ativos de mercados emergentes, diz a gestora, devem desempenhar um papel central na diversificação dos portfólios globais, ao atenuar o viés doméstico com a inclusão de novas geografias.

O UBS aponta que a exposição em mercados emergentes tende a contribuir para retornos mais altos para as carteiras. “Nosso cenário base prevê que o retorno com ações em mercados emergentes, de 9,2% ao ano, supere o de outros mercados nos próximos anos.”

Favoritismo democrata

Em relação à disputa entre Joe Biden e Donald Trump, a pesquisa do UBS mostrou que 52% dos participantes apostam na vitória do democrata, contra 45% que preveem a reeleição do republicano.

Na divisão regional, a América Latina desponta como a que mais aposta na vitória de Trump, com 49% do total, acima até dos 45% nos Estados Unidos. A Suíça é o país no qual os investidores menos creem na reeleição do republicano , com 42%.

A pesquisa do UBS mostrou ainda que os investidores asiáticos são os mais propensos a promover um ajuste da carteira com base em quem vencer a eleição nos EUA, com 75% dos participantes afirmando que planejavam fazer isso, em comparação com uma média global de 61%.

Os investidores da América Latina, com 67%, aparecem na segunda posição entre os que mais devem alterar o portfólio, conforme for a disputa. Já os investidores suíços são os menos propensos, com 31% dos participantes da região afirmando que planejavam mudar o portfólio a depender do resultado do pleito.

“Independentemente do resultado, o futuro impacto nos mercados financeiros tende a ser próximo a neutro, mesmo que eles passem por alguma volatilidade temporária”, diz Solita Marcelli, diretora executiva de investimentos nas Américas da UBS Global Wealth Management, em comunicado.

Apesar do prognóstico, a gestora reconhece também que as plataformas políticas têm diferenças importantes, com impactos em potencial também divergentes entre os setores da economia.

“Uma onda azul [cor associada aos democratas] provavelmente beneficiaria ativos expostos à eficiência energética, mobilidade inteligente e energia renovável, nos Estados Unidos e no exterior”, apontam os especialistas do UBS.

Já uma onda vermelha tende a beneficiar empresas de energia e do setor financeiro, com o risco de aumento da regulação perdendo espaço, prevê a gestora, que cita ainda empresas espaciais e de defesa como outras vencedoras em potencial com Trump.

Impactos nos emergentes

No caso do impacto das eleições americanas para os mercados emergentes, o UBS aponta que não será uma surpresa um forte aumento da volatilidade nos ativos dessa região logo que o resultado for conhecido, para um posterior ajuste ao ponto de equilíbrio anterior. “Isso pode criar oportunidades, mas também riscos.”

No campo da geopolítica, a gestora de patrimônio lembra no relatório que a diplomacia dos Estados Unidos em relação a países como China, México, Venezuela, Rússia, Turquia e Arábia Saudita, entre outros, pode ser sensivelmente diferente, a depender de quem ganhar a disputa.

Os especialistas do UBS dizem ainda que uma eleição que resulte em um só partido levando a presidência e as duas casas, independentemente de quem seja o vencedor, tende a ser mais positiva para os mercados emergentes do que um governo americano dividido.

Um cenário no qual um dos partidos leva tudo, prevê a gestora, inclui a expectativa de um gasto fiscal mais elevado, com crescimento mais acelerado, aumento da inflação e das taxas de juros.

Para o UBS, a tensão entre China e EUA deve continuar seja quem for o presidente a partir de 2021, mas, no caso da vitória de um governo democrata, a política externa americana tende a ser menos incerta.

“O ex-vice-presidente pode estar mais relutante em usar tarifas como uma ferramenta da política comercial, parecendo ser mais provável uma abordagem mais globalista, o que deve beneficiar os ativos de mercados emergentes.”

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