Empresas investem R$ 100 milhões em fábrica para produzir vacina contra Covid-19

Valor será doado para adequação de unidade da Fiocruz e grupo também deve apoiar construção de fábrica pelo Instituto Butantan

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São Paulo

Um grupo de empresas brasileiras anunciou a doação de R$ 100 milhões para a construção de um laboratório de controle de qualidade e adequação do parque fabril do instituto Bio-Manguinhos, da Fiocruz, para a produção da vacina contra a Covid-19. A expectativa é de que a infraestrutura esteja pronta até o começo de 2021.

Compõe o grupo Ambev, Americanas, Itaú Unibanco (Todos pela Saúde), Stone, Instituto Votorantim, Fundação Lemann, Fundação Brava e a Behring Family Foundation.

Parte dos integrantes do grupo também apoiará a construção de uma fábrica similar no Instituto Butantan, em São Paulo.

“A vacina é fundamental para que as pessoas voltem à sua vida normal, esse é nosso principal interesse”, afirma Mauricio Soufen, vice-presidente de excelência cervejeira e produção da Ambev. “A atividade econômica é decorrência disso, mas o mais importante é ajudar o país a voltar a ter a vida social que sempre teve.”

Segundo o executivo, a decisão da Ambev de participar na doação à Fiocruz partiu da constatação de que o país não tinha capacidade para produzir a vacina em escala industrial.

“Há uns três meses começamos a olhar para um horizonte mais amplo de como o país ia sair da crise e ficou muito claro para nós naquele momento que a capacidade de produzir a vacina em escala industrial era fundamental”, afirma. “Descobrimos que o país não tinha essa capacidade, então nos aproximamos da Fiocruz e desenvolvemos a parceria com as outras empresas.”

Conforme as companhias, em comunicado, a primeira fase da iniciativa é a construção de um laboratório de controle de qualidade para a realização dos testes desde a primeira fase de incorporação do imunizante pelo instituto Bio-Manguinhos, com o recebimento de 100 milhões de doses do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) para processamento final, dentro de um acordo de encomenda tecnológica respaldado pelo governo.

A vacina que será produzida na unidade é a que está sendo desenvolvida pela Universidade de Oxford, junto ao laboratório farmacêutico britânico AstraZeneca. O projeto se encontra na fase III de testes no Brasil e outros países, como África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos. A expectativa é de que a vacina tenha a submissão do seu dossiê de registro à agência regulatória nacional ainda neste ano.

Além disso, o grupo vai investir na adequação do parque fabril do instituto Bio-Manguinho e na aquisição dos equipamentos necessários. “Quando concluídos todos os investimentos, o Bio-Manguinhos terá também capacidade para produzir outras vacinas no futuro, incluindo outros tipos contra a Covid-19 que sejam aprovados”, afirmam as empresas doadoras.

A Ambev será corresponsável, junto com a Fiocruz, pela gestão e execução do projeto, sob supervisão técnica do Bio-Manguinhos. O escritório Barbosa, Mussnich e Aragão Advogados atuará como consultor jurídico do projeto, de maneira gratuita. Um comitê composto pela empresas e fundações será formado para acompanhar o andamento das obras e aquisições dos equipamentos.

“As duas iniciativas, inovadoras ao unir esforços dos setores público e privado, lideradas por brasileiros de ponta a ponta, trarão ao Brasil uma autonomia inédita para o abastecimento de vacinas contra a Covid-19, e serão também as primeiras fábricas capazes de produzir este tipo de vacina na América do Sul”, afirmam as empresas, no comunicado.

Conforme Soufen, da Ambev, as empresas doadoras não terão nenhuma contrapartida pelo apoio, como prioridade de acesso às vacinas. “Todas as vacinas serão disponibilizadas pela Fiocruz e Ministério da Saúde à população brasileira”, afirma. “Ter a autonomia de produzir a vacina no Brasil é muito importante e isso ficará como um legado, a Fiocruz poderá utilizar as instalações para a produção de outras vacinas.”

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