Economia

António Horta-Osório vai liderar conselho de administração do Credit Suisse

António Horta-Osório vai liderar conselho de administração do Credit Suisse
TIAGO MIRANDA

Gestor assumirá em maio funções não executivas no grupo suíço após 28 de liderança executiva, primeiro no Santander e depois no Lloyds. E vai trabalhar a tempo inteiro, motivo pelo qual irá mudar-se para Zurique. É o primeiro não suíço a ocupar esta posição

António Horta-Osório vai liderar conselho de administração do Credit Suisse

Pedro Lima

Editor-adjunto de Economia

António Horta-Osório vai ser o próximo presidente do conselho de administração (chairman) do banco Credit Suisse. O presidente executivo do Lloyds tinha anunciado em junho a saída deste banco britânico e o seu destino era ainda desconhecido.

Foram 28 anos a desempenhar funções executivas como presidente executivo (CEO), primeiro no espanhol Santander e depois no Llloyds.

A entrada em funções, agora não executivas, ocorrerá a 1 de maio, após a confirmação em assembleia geral, pelos acionistas do banco, desta nomeação, o que está previsto acontecer a 30 de abril. Horta-Osório vai assumir funções a tempo inteiro, o que implicará que vá viver para Zurique, sede do Credit Suisse.

Contudo este movimento permitirá a Horta-Osório manter-se ligado a Portugal já que o banco tem atividade em Portugal, um dos 65 países onde está presente.

Urs Rohner, atual presidente da administração do Credit Suisse Group diz em comunicado divulgado esta terça-feira, 1 de dezembro, estar “extremamente satisfeito por podermos propor um profissional altamente reconhecido e com provas dadas na banca internacional como meu sucessor. Estou convencido de que, sujeito à eleição na próxima Assembleia Geral Anual, e graças ao seu impressionante historial de realizações, António Horta-Osório vai dar um enorme contributo para o sucesso futuro do nosso banco como líder global na gestão de patrimónios com fortes capacidades na banca de investimento”.

Aos 56 anos, o gestor português será o primeiro não suíço a ocupar esta posição no Credit Suisse, grupo que está presente em mais de 50 países em todo o mundo, incluindo Portugal. Declarando-se “muito satisfeito” com a nomeação, Horta-Osório acrescenta estar “muito motivado para continuar a desenvolver os muitos pontos fortes do grupo, em estreita colaboração com o Conselho de Administração e a equipa de gestão. Este é um momento de grandes oportunidades para o Grupo Credit Suisse, para os seus colaboradores, clientes e acionistas”.

Em declarações ao Expresso, em julho deste ano, após ser conhecida a sua saída do Lloyds, Horta-Osório disse que o seu futuro estava em aberto e que não excluía Portugal. “Não vejo o meu futuro ligado para sempre à banca”, adiantava também.

Mandato de um ano renovável

O conselho de administração do Credit Suisse é responsável pela direção geral, supervisão e controlo do grupo, sendo que os seus membros estão sujeitos a eleição individual pela assembleia geral de acionistas e são nomeados em cada caso para um mandato de um ano, que pode ir sendo renovado. Urs Rohner este na administração 12 anos, o limite máximo definido pelos estatutos do banco.

É responsabilidade do conselho de administração do Credit Suisse “avaliar regularmente a posição competitiva do grupo e aprovar os seus planos estratégicos e financeiros” assim como “rever e avaliar a adequação da gestão de riscos de estratégia”.

Cabe-lhe também nomear ou demitir os membros da comissão executiva, rever e aprovar mudanças significativas na estrutura e organização do grupo e estar ativamente envolvido em aquisições e alienações estrategicamente importantes, planos e projetos de investimento estrategicamente relevantes.

10 anos de Lloyds

Quando daqui a cinco meses sair do Llloyds, Horta-Osório terá completado 10 anos à frente do banco britânico e concluído o terceiro plano estratégico desenhado para o banco para o período 2018-2020. Foi em março de 2011 que passou a liderar o banco, a convite do Governo britânico, para liderar a reestruturação na sequência da aquisição pelo Lloyds do HBOS, e que acarretou a entrada do Estado no capital com 39%.

Em fevereiro de 2015 assinalou-se o regresso do Llodys aos lucros, pela primeira vez em 7 anos, e ao pagamento de dividendos aos acionistas. Em 2017, o Lloyds regressou à esfera privada, devolvendo na totalidade os 21 mil milhões de libras dos contribuintes ao Estado, e ainda 900 milhões de libras adicionais.

O Lloyds é neste momento o maior banco digital do Reino Unido com mais de 16 milhões de clientes digitais e o único com uma plataforma integrada de produtos financeiros incluindo produtos bancários e de seguros, contando com mais de 2,4 milhões de acionistas.

Uma longa carreira na banca

Horta-Osório iniciou a carreira no Citibank em 1987 na área de mercado de capitais, trabalhou depois na Goldman Sachs em Nova Iorque e em Londres em Corporate Finance e em 1993 criou o Banco Santander de Negócios Portugal, sendo nomeado presidente executivo aos 29 anos. Em 1996 iniciou as atividades de retalho do Santander no Brasil com a aquisição e posterior fusão de dois bancos locais.

Outro marco importante na sua carreira foi o acordo entre António Champalimaud, Santander e CGD que levou à criação do Santander Totta em 2000. Seis anos mais tarde foi para Londres assumir a presidência executiva do Abbey que, após aquisição de mais dois bancos durante a crise financeira de 2008, deu origem ao Santander UK. Foi ainda nomeado pela Rainha de Inglaterra para administrador não executivo do Banco de Inglaterra a título pessoal, e em 2011 saiu do Santander para o Lloyds.

Em janeiro de 2015 assumiu a presidência do conselho de administração do Museu Wallace Collection em Londres, cargo no qual foi este ano reconduzido por mais dois anos. E é administrador não executivo da Fundação Champalimaud, da Sociedade Francisco Manuel dos Santos, da INPAR (holding da família Lemann) e da Exor (holding da Familia Agnelli).

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: JVPereira@expresso.impresa.pt

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