XP lista as ações que podem pagar dividendos maiores que a Selic em 2021; confira as 10 principais

Ações de bancos e de elétricas aparecem no topo da lista das melhores pagadoras de dividendos

Lara Rizério

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), encerrada ontem, a taxa de juros Selic foi mantida em 2% ao ano, na mínima histórica, com sinalizações de que pode seguir em patamares baixos por um longo período de tempo.

Na avaliação da XP Investimentos, a taxa permanecerá em 2,00% até o segundo semestre de 2021, e subirá gradualmente até 3,00% no final do ano (veja mais clicando aqui).

Essa realidade de juros baixos no Brasil tornou a rentabilidade da renda fixa pouco atrativa, uma vez que a taxa é acompanhada pelo CDI, que é o principal benchmark de títulos públicos e privados.

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Assim, quem quiser uma rentabilidade maior vai precisar alocar seu dinheiro em investimentos de renda variável. Hoje, há diversas ações que entregarão em dividendos um rendimento maior do que a taxa Selic.

Para verificar se um papel cumpre este requisito, basta analisar a métrica do dividend yield, dada pela divisão do valor esperado em dividendos pelo preço das ações. Se o dividend yield assim obtido for maior que a taxa básica de juros, então mesmo sem vender o papel o investidor já conseguiu um rendimento maior que o da renda fixa.

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Vale lembrar, contudo, que ações são mais arriscadas que a renda fixa e a flutuação do preço de alguns ativos pode acabar fazendo o investidor incorrer em perdas apesar dos dividendos distribuídos ao longo do ano.

Em relatório (veja mais clicando aqui), a equipe de reseach da XP elencou as 30 ações da cobertura que podem pagar um dividend yield acima ou pelo menos iguais aos 2% da Selic no próximo ano. A tabela segue abaixo:

A equipe de análise ressalta que elétricas e bancos aparecem como setores historicamente bons pagadores de dividendos. “O setor elétrico destaca-se como um dos principais pagadores de dividendo por definição, tendo em vista que se trata de um setor regulado com um certo grau de previsibilidade”, avalia a equipe, enquanto os grandes bancos apresentam altos lucros e uma política que proporciona o pagamento de proventos.

Porém, os analistas apontam esperar uma remuneração baixa em 2020 para as empresas do setor financeiro devido ao limite regulatório de 25% de payout (fração do lucro líquido que uma empresa paga aos seus acionistas em dividendos). Contudo, a perspectiva é um alto dividend yield em 2021: isso porque eles acreditam que os bancos não poderão empregar grandes quantidades de capital incremental com taxas de retorno muito altas durante um período prolongado.

Os analistas também destacaram as razões pelas quais as 10 primeiras ações da lista de 30 papéis apontada acima pagarão altos dividendos. Confira abaixo:

1. AES Tietê (TIET11) – dividend yield esperado de 9,9% em 2021 

Conforme destaca a XP, a geradora de energia AES Tietê ainda tem a prática de distribuir 100% do lucro líquido a seus acionistas com periodicidade trimestral.  A companhia apresenta lucros consistentes, embora possa haver um certo grau de volatilidade dependendo da incidência de chuvas.

“Destacamos como positivo que a empresa tenha mantido sua prática de distribuição de dividendos no patamar máximo no primeiro semestre de 2020 apesar do contexto atual de incertezas, o que reforça nossa visão de que a AES Tietê é uma das nossas preferidas como pagadora de dividendos”, avalia a equipe de análise.

2. Santander Brasil (SANB11) – dividend yield esperado de 8,6% em 2021 

Os analistas apontam que, apesar de o Santander ser o banco com menor diversificação de receita entre os incumbentes, apresenta uma combinação de: i) alta exposição ao crédito de varejo; e ii) níveis de inadimplência relativamente abaixo da média.

“Acreditamos que, enquanto não haja boas oportunidades para o banco empregar grandes quantidades de capital incremental com taxas de retorno altas, a distribuição de dividendos pode ser uma alternativa atrativa. Apesar do limite de dividendos imposto pelo Banco Central para 2020, estimamos um payout de 75% em 2021 e vemos um dividend yield de 8,6%”, avaliam.

3. Engie (EGIE3) – dividend yield esperado de 8% em 2021 

Os analistas apontam que a geradora Engie se destaca pela capacidade diferenciada de se proteger dos efeitos de baixa incidência de chuvas, além de ter expandido sua atuação para os setores de transmissão de energia e transporte de gás.

“Acreditamos que após superar o período de incertezas no exercício de 2019, o qual a empresa reduziu a distribuição de proventos de inicialmente 100% para 56%, a Engie deverá retomar sua prática de distribuição de 100% do lucro líquido a acionistas”, ressaltam.

4. Banco do Brasil (BBAS3) – dividend yield esperado de 8% em 2021 

Segundo a XP, o banco combina: i) preço atrativo para as ações, pela sua carteira de crédito defendida e pela soma das partes atraente; e ii) uma frente digital competitiva. Assim, eles avaliam que há poucas avenidas de crescimento de valor ao banco, tornando a distribuição de dividendos uma alternativa atrativa. Apesar do limite de dividendos imposto pelo Banco Central para 2020, a estimativa é de um payout de 50% em 2021.

5. Sanepar (SAPR11) – dividend yield esperado de 7,6% em 2021

A elevada distribuição se deve à política de proventos da Sanepar, que prevê a distribuição do dividendo mínimo de 25% do lucro, além de 25% adicionais caso a situação financeira da empresa o permita (o que acontece desde 2012, com uma pausa em 2019).

6. CCR (CCRO3) – dividend yield esperado de 7,2% em 2021

A CCR atua nos segmentos de mobilidade urbana, aeroportos e concessões rodoviárias, sendo o último responsável por cerca de 73% das receitas da companhia no segundo trimestre.

“O fato de a companhia possuir diversos projetos maduros em seu portfólio, em conjunto com a correlação histórica entre volume de tráfego e PIB, permite um grau de visibilidade adicional sobre os resultados”, avaliam os analistas, que ressaltam ainda que a companhia possui uma política de distribuir dividendos semestralmente.

7. Vale (VALE3) – dividend yield esperado de 7,2% em 2021

A perspectiva dos analistas para a Vale é positiva, apesar de avaliarem que uma eventual queda do minério de ferro pode impactar na performance das ações.

A expectativa é de um retorno com dividendos mínimos de 7% em 2021, considerando um preço de minério de ferro médio em US$ 85 a tonelada (versus US$ 130 a tonelada atualmente). A estimativa dos dividendos é baseada na política retomada recentemente pela companhia: 30% da diferença entre o Ebitda e os investimentos em manutenção.

8. Itaú (ITUB4) – dividend yield esperado de 7,1% em 2021 

Os analistas apontam que o banco combina: i) um investimento de qualidade, com boa gestão e governança que se traduzem em menor beta; e ii) um payout historicamente acima da média do setor.

Assim como no caso do Santander, os analistas apontam que, enquanto não houver boas oportunidades para o banco empregar grandes quantidades de capital incremental com taxas de retorno altas, a distribuição de dividendos pode ser uma alternativa atrativa. Apesar do limite de dividendos imposto pelo Banco Central para 2020, o payout estimativa é de 65% em 2021.

9. Transmissão Paulista (TRPL4) – dividend yield esperado de 7,1% em 2021 

O segmento de transmissão de energia é baseado em receitas fixas corrigidas pela inflação e margens elevadas, proporcionando um estável fluxo de dividendos, destaca a XP.

Além disso, a Transmissão Paulista recebe elevados fluxos de caixa como indenizações relacionadas a ativos não amortizados existentes até maio de 2000 (denominados RBSE).

“Também notamos que a Transmissão Paulista tem, desde 2018, uma política de dividendos que prevê a distribuição de, no mínimo, 75% do lucro a acionistas, desde que o endividamento se mantenha sob controle. Dado que a CTEEP é uma companhia com poucas dívidas, não descartamos o pagamento de dividendos extraordinários no futuro”, apontam.

10. Bradesco (BBDC4) – dividend yield esperado de 7% em 2021 

O banco combina: i) uma fonte diversificada de receitas, incluindo a maior seguradora do Brasil em market share; ii) a terceira maior carteira de crédito; iii) maior operação de varejo com 4,4 mil agências; e iv) sinergia entre seus negócios, avalia a XP.

“Embora o banco tenha mostrado esforços em iniciativas como o banco Next, Ágora e Cielo, acreditamos que não haja claras oportunidades para o banco empregar grandes quantidades de capital incremental com taxas de retorno altas, tornando atrativa a distribuição de dividendos. Apesar do limite de dividendos imposto pelo Banco Central para 2020, estimamos um payout de 60% em 2021”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.