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Cosan ganharia mais, se esquecesse a Biosev e comprasse outra empresa, diz UBS BB

28 out 2020, 15:14 - atualizado em 29 out 2020, 10:14
Cosan Raízen Shell
Muito esforço, pouco lucro: para UBS, unir Raízen e Biosev não é a opção mais rentável para a Cosan (Imagem: Facebook/ Cosan)

Desde que a Bloomberg noticiou que a Raízen, controlada pela Cosan (CSAN3), negocia a compra da Biosev (BSEV3), os analistas avaliam o que resultaria dessa união. Ganhos de sinergia e uma posição mais sólida no mercado sucroalcooleiro são as respostas óbvias. Para o UBS BB, contudo, isso não basta para justificar a transação.

Luiz Carvalho e Gabriel Barra, os autores do relatório do banco suíço, afirmam que, em termos de alocação de capital, “há outras opções com níveis maiores de retorno, principalmente num panorama mais amplo, como as oportunidades no negócio de refino e de gás.”

O pouco entusiasmo da dupla com uma potencial união entre a Raízen e a Biosev deve-se às características do próprio mercado sucroalcooleiro.

“O negócio de açúcar e álcool é bem conhecido pela sua volatilidade e baixo retorno, mesmo quando opera com bons níveis operacionais, devido ao elevado nível de investimentos e o baixo ROIC (retorno sobre capital investido, na sigla em inglês)”, afirma o UBS BB.

Margem estreita

Mesmo as economias geradas pela junção das empresas não justificariam o acordo. “É difícil enxergar muita sinergia dessa combinação”, continua o banco. O UBS BB estima que a nova companhia controlaria cerca de 20% da capacidade de moagem de cana-de-açúcar na região Centro-Sul.

Isso corresponderia a uma capacidade para moer, anualmente, 105 milhões de toneladas de cana em 34 usinas. Se a nova empresa já existisse na última safra (2019/2020), teria produzido cerca de 5 milhões de toneladas de açúcar e 3,9 mil metros cúbicos de etanol.

Mais do mesmo: Biosev pode gerar ganhos de logística para a Cosan, mas margens são apertadas (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

O UBS BB observa que as melhores chances de capturar sinergias estão na logística, no arrendamento de terras e na aquisição de matérias primas e insumos. Outra opção seria ampliar o raio de atuação das usinas, por meio do aumento da capacidade instalada e da redução de custos operacionais.

Gerando valor

O banco suíço sublinha que nenhuma proposta formal foi apresentada pelas partes. Seria a hora, portanto, de a Cosan considerar outras oportunidades com maiores taxas de retorno e menor investimento, como as que seriam abertas pela malfadada tentativa de IPO da Compass, empresa de gás natural da Cosan.

Apesar de tudo isso, o UBS BB manteve a recomendação de compra para as ações da Cosan, com preço-alvo de R$ 84.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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