Sociedade

A partir de agora é possível ver como será o céu nos próximos anos

Mapa com os rastros que mostram como 40 mil estrelas da Via Láctea se irão mover nos próximos anos
Mapa com os rastros que mostram como 40 mil estrelas da Via Láctea se irão mover nos próximos anos
ESA/Gaia/DPAC

Os cientistas a trabalhar para o Observatório de Gaia, da European Space Agency, que acompanha quase 2 mil milhões de estrelas na nossa galáxia, conseguiram melhorar um mapa com 40 mil destes astros: já era possível ver o passado das estrelas, agora é possível ver como serão e onde estarão no futuro

A partir de agora é possível ver como será o céu nos próximos anos

Tiago Soares

Jornalista

O Observatório de Gaia, neste momento a pairar algures no Sistema Solar, já era a melhor ferramenta para mostrar ao detalhe como é a galáxia a que pertencemos: enviava para a Terra imagens estáticas da Via Láctea e das quase 2 mil milhões de estrelas nela presentes. Agora, no último mapa galáctico divulgado, os cientistas conseguiram não só mostrar as estrelas como elas são mas também prever como elas se vão mover no futuro: no fundo, a astronomia ofereceu um mapa dos céus do futuro, vistos da esfera onde nos encontramos.

A European Space Agency (ESA), responsável por Gaia, divulgou um vídeo que mostra o acompanhamento feito pela observatório ao movimento constante de 40 mil estrelas, todas localizadas a menos de 326 anos-luz do Sistema Solar. A animação do vídeo começa por mostrar as estrelas nas suas posições atuais e aos poucos vai mostrando como estas vão mudar de posição ao longo dos próximos 80 mil anos. Algumas estrelas podem parecer estar a acelerar e a explicação para isso é simples: estão a aproximar-se da Terra.

“Não conheço qualquer outro projeto na astronomia - ou em qualquer outra ciência - que tenha tido um impacto tão grande em tão pouco tempo”, congratulou-se a astronóma Amina Helmi, da Universidade de Groningen, nos Países Baixos. Helmi lidera um grupo de cientistas que está a trabalhar na descoberta dos segredos da Via Láctea. Esses segredos pertencem agora ao futuro mas também ao passado: usando os últimos dados da estação de Gaia, os cientistas têm conseguido estudar os movimentos de um grande número de estrelas, encontrando provas de casamentos estelares que aconteceram há milhões e milhões de anos.

Desde 2018, o observatório de Gaia aumentou em 15% o número de estrelas que observa. No mesmo período, as medições de distâncias tornaram-se 50% mais precisas e as medições das velocidades estelares melhoraram em 100%. O projeto conta com o trabalho de 400 cientistas na Europa, está ativo desde finais de 2013 e começou a observar estrelas e a calcular os seus movimentos no ano seguinte, a 1,5 milhões de quilómetros do planeta.

Este trabalho é essencial para saber o tamanho, a idade e a luminosidade das estrelas e com isso a sua estrutura e evolução ao longo do tempo. Os dados conseguidos pela missão de Gaia têm sido cruciais para os avanços no campo da astronomia nos últimos anos: são estudados e citados na literatura académica da especialidade a um ritmo de três mil vezes por ano, por exemplo. O último update do Observatório pesa qualquer coisa como 1.3 terabytes, que contêm à volta de três anos de informação.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: tsoares@expresso.impresa.pt

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