Ibovespa Futuro sobe com exterior e expectativa de que novos chefes do Legislativo encaminhem reformas; dólar futuro cai

Pré-market mostra ganhos na esteira do noticiário político e com um exterior mais calmo depois da volatilidade recente

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre em em alta nesta terça-feira (2) com os investidores esperançosos de que a vitória de Arthur Lira (PP-AL) nas eleições para a presidência da Câmara dos Deputados e de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para a presidência do Senado ajude a destravar a pauta liberal do Ministério da Economia. Os dois foram apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro.

Lira foi eleito com larga vantagem em primeiro turno, dando fôlego ao Planalto para tocar sua pauta prioritária e ainda alguma garantia diante dos cerca de 60 pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro.

Entre os indicadores, a produção industrial cresceu 0,9% em dezembro frente a novembro e fechou 2020 em queda de 4,5%, revelou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A mediana das expectativas dos economistas apontava para um avanço de 0,3% no mês.

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Lá fora, as bolsas seguem com ganhos enquanto investidores monitoram os sinais de retomada da economia global.

Às 9h12 (horário de Brasília), o contrato futuro do Ibovespa com vencimento em fevereiro de 2021 tinha alta de 1,3%, a 118.980 pontos.

Já o dólar futuro com vencimento em março tem perdas de 0,42%, a R$ 5,412.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 opera estável a 3,33%, o DI para janeiro de 2023 cai dois pontos-base a 4,84%, o DI para janeiro de 2025 recua três pontos-base a 6,27% e o DI para janeiro de 2025 registra variação negativa de quatro pontos-base a 6,93%.

O Produto Interno Bruto (PIB) da Zona do Euro caiu 6,8% em 2020, após queda de 0,7% no quarto trimestre, como resultado do impacto da segunda onda da pandemia Covid-19. Economistas consultados pela Reuters esperavam contração trimestral de 1,0% após forte recuperação entre julho e setembro, quando a zona do euro aliviou as restrições sobre viagens e lazer após a primeira onda de casos de Covid-19.

Os índices futuros americanos  registram ganhos. O enfoque continua a ser nas ações de empresas de varejo, às quais investidores passaram a recorrer em massa, após investidores individuais organizados por meio da internet passarem a comprar ações que eram usadas em operações de “short selling” por fundos de hedge.

As ações da GameStop, que foram o primeiro alvo da ação coordenada, tiveram alta de 400% na semana passada. Na segunda, caíram 30% e continuaram a ter quedas após o fechamento. O preço da prata também teve alta, após ser foco de discussões nas redes sociais na semana passada.

Ainda no radar, está o pacote de estímulos do governo americano no valor de US$ 1,9 trilhão. Ontem, o presidente americano Joe Biden e senadores republicanos se reuniram para discutir o tema, em encontro que foi considerado produtivo por ambos os lados. Voltando ao radar corporativo, os números da Amazon e da Alphabet serão divulgados após o fechamento do mercado.

As bolsas asiáticas também tiveram altas na terça, acompanhando o salto nas ações americanas. Além disso, na China, uma  injeção de liquidez pelo banco central aliviou as preocupações com condições apertadas, enquanto a queda nos casos de infecções por coronavírus também ajudou o sentimento.

As taxas monetárias de curto prazo da China caíram para mínimas de duas semanas, conforme começaram a diminuir os sinais de tensão de liquidez nos mercados monetários interbancários. O Banco do Povo da China injetou 78 bilhões de iuanes (US$ 12,08 bilhões) nos mercados monetários mais cedo no dia. A persistência das condições apertadas de liquidez alimentou recentemente especulações de que o banco central pode apertar a política monetária e levou a uma forte correção na semana passada.

Somando-se ao otimismo do mercado, a China informou o menor número de novos casos de Covid-19 em um mês.

Sobre o coronavírus, o governo japonês deve anunciar a extensão, até 7 de março, do estado de emergência cobrindo Tóquio e outras regiões que têm tido dificuldades em conter surtos do vírus.

Eleições no Congresso

Nas eleições para as presidências das Casas do Congresso que ocorreram na segunda (1º), venceram Arthur Lira (PP-AL) como presidente da Câmara e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) como presidente do Senado. Ambos os candidatos eleitos no primeiro turno eram de preferência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e ficam em seus novos cargos por dois anos, até 2023.

Lira recebeu 302 votos, e o segundo colocado, Baleia Rossi (MDB-SP), recebeu 145. Ele era apoiado pela oposição e pelo então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A eleição é importante para o Executivo porque o presidente da Câmara tem poder de decidir as pautas de votação do plenário e decidir se abre ou não um processo de impeachment contra o presidente. Pacheco era apoiado também pelo então presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Logo após ter sido eleito, Lira anulou a votação para os demais cargos da Mesa Diretora, composta por dois vice-presidentes, quatro secretários titulares e quatro suplentes, e determinou a realização de uma nova votação nesta terça.

Lira cancelou também a composição do bloco que apoiou seu adversário, Baleia Rossi, alegando que este foi registrado fora do prazo, com o PT definindo sua participação após o horário limite.

Assim, os partidos que apoiaram a candidatura de Rossi passam a ser contados individualmente na divisão dos cargos na Mesa Diretora, o que deve resultar na perda de cargos que, de outra forma, ficariam com eles devido ao seu tamanho. Aliados de Baleia Rossi afirmam considerar o ato ilegal e pretendem recorrer ao Supremo Tribunal Federal.

Em seu discurso após a posse, Pacheco ressaltou a necessidade de auxiliar a população mais necessitada, sem estourar o teto de gastos.

“Há uma camada social de pobreza, de pessoas vulneráveis, necessitadas, decorrentes da pandemia ou não, mas que precisam ser assistidas pelo Estado brasileiro. De modo que me comprometo desde agora a um trato com o Poder Executivo, com a equipe econômica, para encontrarmos caminhos possíveis de responsabilidade fiscal, de observância de teto de gastos, mas sem deixar de assistir as pessoas que mais precisam”, afirmou.

O Estadão destaca ainda que, no dia seguinte das eleições do Congresso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, deve fazer hoje um gesto político aos novos presidentes da Câmara e do Senado para sinalizar o que é prioritário para o governo na agenda econômica em 2021. Guedes pretende abrir o diálogo com as lideranças e prepara uma lista das propostas em tramitação do Congresso que, na avaliação da equipe econômica, são fundamentais para a retomada econômica em 2020.

O ministro está pronto para anunciar as prioridades, mas aguarda o timing da política para não cometer erros ocorridos no passado na articulação da pauta econômica com o Congresso. A confiança dele e da sua equipe é de que o governo, com a eleição, vai encontrar a sua base parlamentar para avançar nas votações. Para isso, na visão dele, será preciso muita conversa e coordenação dos movimentos, sobretudo, da demanda em relação à renovação do auxílio emergencial. O ministro já disse que para conceder o auxílio será preciso “ir para guerra” e acionar um protocolo de calamidade.

Programas sociais e incentivos no radar

Na segunda-feira, o novo presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou em entrevista à rede CNN que procurará o novo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, já nesta terça para destravar a criação de um novo programa social, respeitando o teto de gastos. Ele defende o avanço de propostas emergenciais e a instalação da CMO (Comissão Mista de Orçamento).

“Temos que tomar atitudes emergenciais. Esse será nosso foco nos primeiros dias de mandato. Desde o ano passado, defendemos a criação de um novo programa social que seja inclusivo e com um valor correto (…) Tem muita gente que está fora de cadastro único, sem auxilio emergencial, sem orçamento para fazê-lo, e a gente tem que discutir com muita clareza e rapidez para que o Brasil comece a destravar e sinalizar para o futuro”.

Além disso, passadas a as eleições, o governo se prepara para lançar uma série de iniciativas voltadas a impulsionar a economia, segundo informações de bastidores reportadas pelo jornal Valor. Entre as medidas estão antecipação do 13º salário para aposentados, do abono salarial e medidas de facilitação de crédito.

Fracassou na segunda-feira a tentativa de certos setores de caminhoneiros organizados de repetir a paralisação de 2018 e pressionar o governo por pautas da categoria. Ao contrário do que ocorreu no passado, não houve apoio de transportadoras, a mobilização ficou restrita a bloqueios isolados de estradas federais e uma manifestação curta na rodovia Castello Branco, em São Paulo. A Polícia Federal interviu em três manifestações: em Goiás, na Bahia e no Rio Grande do Norte.

Entre as reivindicações está o piso mínimo do frete, conquistado oficialmente na paralisação de 2018, mas que ainda não teve efetividade e ainda não há prazo para tanto. Segundo o jornal Valor, há sobreoferta de serviços autônomos, que pressionam os ganhos da categoria, algo que se agrava quando há alta do preço do combustível. O governo discute a redução a zero do PIS-Cofins sobre o diesel, o que envolveria perdas de R$ 26 bilhões ao ano. A medida tem sinal verde do presidente Bolsonaro.

Radar corporativo

Primeiro grande banco a publicar os resultados do quarto trimestre do ano passado, o Itaú Unibanco registrou lucro líquido recorrente de R$ 5,388 bilhões no período, queda de 26,1% em relação ao último trimestre do ano anterior. Em um ano marcado pela pandemia, seu resultado consolidado foi a R$ 18,5 bilhões, recuo de 34,6% em relação a 2019, impactado pelo reforço nas despesas reservadas para cobrir calotes. O maior banco da América Latina apresentou, contudo, aumento de 7% do lucro no quarto trimestre em comparação aos três meses anteriores, já como reflexo da reabertura gradual da economia, que permitiu uma redução dos gastos com provisões e expansão da carteira de crédito para pessoa física.

Ainda em destaque, a Eneva informou que foi convidada pela Petrobras para participar da fase de negociação para uma potencial aquisição do Polo Urucu, localizado na Bacia de Solimões, no Estado de Amazonas, para exploração e produção de hidrocarbonetos. Na véspera, os ativos saltaram 13,51% depois da informação de que a empresa venceu a disputa com a 3R, pelo campo de Urucu.

Já o Governo de Minas Gerais informou ontem que não procede a informação de que as instituições que representam o poder público tenham finalizado as negociações com a Vale para reparação dos danos socioeconômicos gerados pelo rompimento de barragem, em Brumadinho em janeiro de 2019. Segundo reportagem do jornal “O Tempo”, Vale e o governo fecharam o acordo em R$ 37 bilhões, citando fonte relacionada ao governo e ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

A rede de atacarejo Assaí, do grupo GPA, pretende abrir capital em abril e investir quase R$ 7 bilhões em 123 novas lojas em cinco anos, segundo informações publicadas pelo Valor. A empresa tem realizado conversas com investidores para tratar seu plano de cisão do GPA e a pré-listagem na B3.

(com Reuters e Agência Estado)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.