Ações da Petrobras fecham em queda de até 5% após subirem forte no intraday com resultado; só 2 ações do Ibovespa tiveram alta

Confira os destaques da B3 na sessão desta quinta-feira (25)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A reta final da sessão desta quinta-feira (25) foi de forte aversão ao risco para o mercado e de forte queda para o Ibovespa, com os investidores domésticos mostrando preocupação com o cenário fiscal nacional, ao mesmo tempo em que as preocupações externas com a alta do rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA levaram a uma forte queda das bolsas americanas, com os investidores monitorando o aumento de inflação por lá e o impacto no mercado de ações.

Neste cenário, e também impactadas pelo noticiário interno, após chegarem a disparar 4% (ação ON) no início da sessão depois do resultado e com o anúncio de dividendos, as ações da Petrobras (PETR3, R$ 22,86, -3,87%; PETR4, R$ 23,19, -4,96%) perderam fortemente o seu ímpeto durante o dia. Os ativos fecharam em forte baixa, com destaque para os PN, com desvalorização de quase 5%.

A Petrobras fechou o quarto trimestre de 2020 com lucro de R$ 59,89 bilhões, resultado 634,6% superior ao de igual período de 2019, quando a empresa teve lucro de R$ 8,15 bilhões. Contudo, os analistas de mercado apresentaram diferentes visões sobre o resultado, com essa linha do balanço sendo afetada principalmente pela reversão de “impairment”, ao mesmo tempo em que há muita incerteza sobre o futuro da estatal com a saída de Roberto Castello Branco do comando da companhia no final de março. Veja mais análises do resultado clicando aqui. 

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Vale destacar que Jair Bolsonaro afirmou hoje que todas as estatais precisam cumprir uma função social e é inadmissível um presidente de uma dessas companhias que não tenha essa compreensão, apontando ainda que o general Joaquim Silva e Luna dará uma nova dimensão à Petrobras, o que ajudou a aumentar ainda mais a aversão ao risco dos investidores com a estatal, intensificando as perdas durante o dia.

“Uma estatal, seja ela qual for, tem que ter sua visão de social. Não podemos admitir uma estatal e um presidente que não tenha essa visão”, disse Bolsonaro em discurso durante cerimônia sobre a revitalização do sistema elétrico de alta tensão de Furnas em Foz do Iguaçu (PR), com a presença de Luna e Silva, atual presidente pelo lado brasileiro da Itaipu Binacional e indicado por Bolsonaro para comandar a Petrobras (veja mais aqui). O presidente ainda declarou que a “nova dinâmica” na Petrobras “vai surpreender positivamente quem depende dos seus produtos”.

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Enquanto isso, após caírem 3% no início da sessão após os resultados, as ações da Ambev (ABEV3, R$ 14,17, -3,47%) chegaram a amenizar, mas voltaram a ter fortes perdas na reta final do pregão (confira a análise sobre os números da Ambev aqui). Enquanto isso, os papéis da Ultrapar (UGPA3, R$ 19,68, -7,52%) fecharam em baixa de mais de 7%, com o resultado considerado fraco (veja a análise aqui). Quem também soltou resultado e viu suas ações caírem foi a SulAmérica (SULA11, R$ 34,78, -4,32%), com baixa de cerca de 4%.

A maior queda do Ibovespa, contudo, ficou com a WEG (WEGE3, R$ 79,50, -8,30%), que divulgou bons resultados na semana, mas analistas ainda apontam a sessão

Enquanto isso, as ações da Eletrobras (ELET3, R$ 33,44, -1,07% ;ELET6, R$ 33,83, -0,50%), que chegaram a subir 2% com o governo esperando arrecadar R$ 25 bilhões com privatização da companhia, viraram para perdas. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou na noite da véspera que vai indicar nesta quinta-feira um relator para a medida provisória que trata da privatização da estatal , após o presidente Jair Bolsonaro entregar pessoalmente na Casa outra medida, o projeto de lei que permite a privatização dos Correios.

As ações de Lojas Americanas (LAME4, R$ 25,98, -2,33%) e a sua controlada B2W (BTOW3, R$ 85,27,-1,19%), que tinham alta de cerca de 2% no início da sessão, também fecharam em queda. A BR Distribuidora (BRDT3, R$ 20,26, -3,98%) e a Lojas Americanas anunciaram nesta quinta-feira (25) parceria para a integração das lojas de conveniência BR Mania e Local, que será efetivada por meio da criação de uma nova sociedade, cujo capital social será detido pelas duas companhias. Ambas terão participações de 50% na nova empresa a ser constituída, que contará com estrutura profissional e de governança corporativa próprias. O acordo foi avaliado positivamente para as duas companhias, confira mais clicando aqui. 

Poucas ações do Ibovespa fecharam em alta, caso de Vivo (VIVT3, R$ 44,52, +0,29%) e Multiplan (MULT3; R$ 19,96, +0,45%). Enquanto isso, as ações da Vale (VALE3; R$ 95,71, -2,27%) fecharam em queda; depois do fechamento do pregão, a companhia divulgará seus números do quarto trimestre de 2020.

Confira mais destaques:

Petrobras (PETR3, R$ 22,86, -3,87%; PETR4, R$ 23,19, -4,96%)

A Petrobras fechou o quarto trimestre de 2020 com lucro de R$ 59,89 bilhões, resultado 634,6% superior ao de igual período de 2019, quando a empresa teve lucro de R$ 8,15 bilhões.

No trimestre anterior, a companhia teve prejuízo de R$ 1,54 bilhão. O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou em sua provável última Carta do Presidente na divulgação do resultado do exercício de 2020, que entregou a recuperação em “J” que havia prometido, e que a empresa teve um desempenho excepcional em 2020, apesar do ambiente desafiador da pandemia de covid-19.

Na divulgação dos resultados, a empresa afirmou que contribuiu para o lucro a reversão de “impairment” em R$ 31 bilhões, ganhos cambiais de R$ 20 bilhões e reversão de gastos passados do plano de saúde AMS, em R$ 13,1 bilhões, decorrente da revisão de obrigações futuras da empresa.

O lucro Ebitda ajustado somou R$ 47 bilhões entre outubro e dezembro, alta de 28,8% ante o mesmo período de 2019. A receita líquida do quarto trimestre somou R$ 75 bilhões, queda de 8,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O Credit avalia que a Petrobras cumpriu com as suas metas para 2020, apesar da queda da demanda, baixa dos preços do petróleo e problemas operacionais causados pela pandemia do coronavírus. O banco aponta que a meta de dívida em US$ 60 bilhões parece viável e destaca a alta da produção de petróleo. Mesmo assim, mantém avaliação de undeperform para os papéis da Petrobras, e preço-alvo em US$ 8 para os papéis negociados na Bolsa de Nova York, frente os US$ 8,72 negociados na quarta (24).

O Morgan Stanley comentou os resultados da Petrobras, afirmando que o Ebitda normalizado superou seu modelo e o do consenso em entre 6% e 7%.

O banco diz que, apesar do ano desafiador, a empresa anunciou dividendos totais de US$ 2 bilhões, 25% abaixo de 2019, o que considerou uma diferença modesta, destacando que fica o dobro do mínimo exigido pela lei.

Mas o Morgan Stanley destaca a percepção mais forte sobre intervenção do governo nas últimas semanas, após o anúncio da mudança do presidente da companhia (Roberto Castello Branco), que vinha tendo um bom desempenho, por um general da reserva (Joaquim Luna e Silva). O banco diz que vai avaliar a reação do mercado nas próximas semanas, ligada a fatores como uma potencial resignação de membros do conselho e outros executivos.

Os fundamentos econômicos não se alteraram, mas não devem ser o único fator no futuro, avalia o banco. Devido à incerteza, Morgan Stanley não está mantendo avaliação de risco ou preço-alvo sobre a Petrobras.

O Itaú BBA apontou que o resultado ficou em linha com suas expectativas. Apesar de o valor dos papéis estar em nível atrativo, o banco alerta que espera volatilidade e incertezas, em meio a mudanças na gestão. Tanto sua avaliação quanto o preço-alvo estão em revisão até que o banco tenha clareza sobre o assunto.

A empresa também informou na quarta que assinou, com a SPE Miranga, subsidiária integral da PetroRecôncavo, contrato para a venda da totalidade de sua participação em nove campos terrestres de exploração e produção na Bahia, por US$ 220,1 milhões.

Ambev (ABEV3, R$ 14,17, -3,47%)

A Ambev  teve lucro de R$ 6,89 bilhões no quarto trimestre de 2020, 63,3% superior frente os R$ 4,21 bilhões registrados no mesmo trimestre de 2019. De acordo com a companhia de bebidas, os resultados “foram impactados positivamente por R$ 4,3 bilhões de créditos tributários extemporâneos decorrentes da decisão do Supremo Tribunal Federal de 2017 pela inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins”.

Já no acumulado do ano, o lucro somou R$ 11,7 bilhões, queda de 3,7% frente os R$ 12,1 bilhões de 2019.

Enquanto isso, a receita líquida totalizou R$ 18,5 bilhões no quarto trimestre, 19,9% superior frente o resultado de um ano antes. Em 2020, a alta foi de 12,3% na comparação anual, alcançando R$ 58,3 bilhões.

O Ebitda (sigla em inglês para lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado do quarto trimestre subiu 29,1%, indo para R$ 8,93 bilhões enquanto que, no acumulado do ano, foi de R$ 21,5 bilhões, 2,1% superior frente o ano anterior.

O Bradesco BBI destacou que o lucro Ebitda ajustado, de R$ 8,937 bilhões, ficou em linha com sua expectativa e com o consenso do mercado, enquanto a receita líquida ficou em linha com o consenso e 3% acima da estimativa do Bradesco. O banco afirma que os volumes ficaram acima das expectativas.

Os créditos fiscais de R$ 2 bilhões reportados pela empresa ficaram acima das expectativas do Bradesco, e se devem a decisão da Suprema Corte que julgou a inclusão do ICMS sobre PIS e Cofins inconstitucional. Assim, o lucro líquido ficou 80% acima da expectativa do banco e a do consenso, principalmente devido a créditos fiscais maiores.

O banco ressaltou que a empresa reportou alta de 10% no consumo de cerveja no início do ano, apesar de não haver Carnaval, que responde por entre 5% e 10% dos volumes de cerveja no ano. A estimativa do banco era de queda de 3,5% nos volumes no primeiro trimestre de 2021, devido à falta de festividades e ao fim do auxílio. O banco destaca que a associação de fabricantes CervBrasil afirmou ao jornal Valor que a produção de cerveja no Brasil caiu 10% em janeiro na comparação anual. Assim, o banco estima que a Ambev tenha ganhado 13 pontos percentuais de participação no mercado.

Os analistas ainda avaliam que a Ambev esteja se beneficiando de problemas de engarrafamento na indústria, já que a empresa fornece parte de suas necessidades internamente. Outro fator são inovações da empresa. Ainda assim, o banco afirma que gostaria de ter mais dados sobre o tema.

A empresa anunciou expectativa de que o custo dos bens vendidos por hectolitro cresçam entre 20% e 23% em 2021, acima de sua estimativa de 16%. Em parte isso se deve ao fato de que a empresa incluiu em sua guidance (documento com planos e expectativas para o futuro) uma cobertura de risco cambial de R$ 5,29 por dólar, 2,5% acima de sua estimativa. Outro fator pode ser as expectativas quanto à proporção de recipientes retornáveis, que têm custos menores, em relação aos descartáveis. O banco diz esperar que a proporção de retornáveis volte ao patamar pré-covid no quarto trimestre de 2021, enquanto a guidance pode estar indicando uma recuperação mais lenta.

O banco mantém avaliação em underperform para a Ambev, cujo desempenho em um ano ficou 2 pontos percentuais abaixo da média do mercado, com investidores precificando a queda da renda dos consumidores e o impacto no consumo de bebidas. Além disso, a expansão da capacidade na indústria deve levar a maior concorrência. O preço-alvo fica em R$ 15,5 por ação, frente aos R$ 14,68 negociados na quarta.

O Credit diz que a alta de 11,9% nos volumes da Ambev na comparação anual, e de 8% na receita por hectolitro estão em linha com suas expectativas e as do mercado. Apesar de ter encerrado 2020 em um patamar forte, o banco diz esperar uma reação negativa do mercado em meio ao anúncio do acordo de distribuição entre Coca-cola e Heineken no Brasil.

O banco mantém avaliação de outperform (expectativa de valorização acima da média do mercado) para a Ambev, com preço-alvo em 2021 em R$ 18.

Ainda no radar do setor, a Coca-Cola FEMSA anunciou na quarta que a Coca-Cola Company e a Heineken acertaram um acordo para reestruturarem sua rede de distribuição no Brasil. O acordo vai entrar em vigor em meados deste ano e tem validade até 2026, podendo ser prorrogado por mais cinco anos. O acordo prevê que as companhias iniciarão uma “suave transição” das marcas Heineken e Amstel para a rede de distribuição do grupo holandês no Brasil. O sistema Coca-Cola continuará a oferecer Kaiser, Bavaria e Sol, e complementará este portfólio com a marca premium Eisenbahn e outras marcas internacionais.

Na avaliação do Bradesco BBI, o acordo entre Coca e Heineken é negativo para a Ambev, já que o engarrafamento das concorrentes se desenvolverá melhor no Brasil. O banco não alterou sua avaliação sobre a Ambev, mas afirma que, no melhor cenário que estima para a Coca, a Ambev teria uma queda na taxa de crescimento anual composta de 2 pontos percentuais, para 3%.

Ultrapar (UGPA3, R$ 19,68, -7,52%)

O grupo Ultrapar registrou lucro líquido de R$ 431,5 milhões no quarto trimestre de 2020, revertendo o prejuízo de R$ 267,7 milhões no mesmo período de 2019. No acumulado do ano, a empresa registrou lucro líquido de R$ 927,7 milhões, aumento de 130,2% na comparação anual.

A empresa somou Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 836,4 milhões no último trimestre do ano passado, com alta de 212,4% na comparação anual, ou seja, três vezes maior. Em 2020, o Ebitda foi de R$ 3,035 bilhões, alta de 24% em relação a 2019.

A receita líquida totalizou R$ 23,216 bilhões, 2% inferior à do mesmo intervalo do ano anterior. Segundo a empresa, essa redução foi provocada principalmente pela rede de postos Ipiranga, parcialmente compensada pelo crescimento da receita líquida nos demais negócios do grupo. Em relação ao terceiro trimestre de 2020, o indicador teve aumento 12%. Em todo o ano, a receita líquida totalizou R$ 81,241 bilhões, recuo de 9% ante 2019.

Em carta que acompanha o balanço da Ultrapar, a companhia diz que “o ano de 2020 demonstrou a resiliência do portfólio de empresas, com resultados crescentes em todos os nossos negócios, exceto Ipiranga, cuja atividade foi diretamente afetada pelas medidas de isolamento social e restrição à mobilidade”.

De acordo com a XP Investimentos, os resultados ficaram abaixo do esperado. “Tal resultado refletiu uma combinação dos seguintes fatores: (i) resultados abaixo do esperado nas subsidiárias Ipiranga e Ultragaz que foram parcialmente compensados por (ii) melhores resultados na Oxiteno e Extrafarma e (iii) resultados em linha na Ultracargo”, avaliam. Os analistas possuem recomendação neutra para os ativos, com preço-alvo de R$ 22 por ação.

SulAmérica (SULA11, R$ 34,78, -4,32%)

A seguradora SulAmérica registrou lucro líquido de R$ 42,7 milhões no quarto trimestre, queda de 90% em relação a igual período do ano anterior e de 85,1% na comparação com o terceiro trimestre.

Com isso, a companhia encerrou 2020 com lucro líquido de R$ 797,2 milhões, recuo de 23% ante o número alcançado em 2019.

A seguradora foi afetada principalmente pelo resultado financeiro que, com a redução da taxa Selic para 2% ao ano, menor nível da história, caiu 73,2% em 2020, para R$ 123,6 milhões. No quarto trimestre, alcançou R$ 33 milhões, queda de 69,4% ante igual período do ano anterior.

Por outro lado, as receitas operacionais da companhia somaram R$ 5,253 bilhões no período entre setembro e dezembro, aumento de 6,6% em relação a igual período do ano anterior e de 3,8% ante o volume registrado no terceiro trimestre. Em todo o ano passado, foram faturados R$ 20,032 bilhões, expansão de 6,3% sobre o resultado de 2019.

As receitas operacionais de seguros, por sua vez, alcançaram R$ 4,891 bilhões no quarto e último trimestre do ano passado, alta de 6,5% em relação a igual período de 2019 e de 3,2% em relação ao terceiro trimestre. Em 2020, somaram R$ 18,87 bilhões, avanço de 5,9% ante o volume do ano anterior.

O índice de sinistralidade ficou em 79,5% nos últimos três meses do ano passado, 6 pontos porcentuais a menos que em igual trimestre de 2019 e 4,3 pontos porcentuais abaixo do nível do trimestre anterior.

De acordo com a XP, a companhia postou um resultado aquém das expectativas de mercado para o quarto trimestre, implicando um retorno sob patrimônio líquido de 12% no trimestre (ante dado anterior de 18% no quarto trimestre de 2019).

“As principais áreas que impactaram o resultado foram: i) sinistralidade, que aumentou 4,4 pontos percentuais no trimestre para 80% devido a uma combinação de aumento de internações por COVID-19 e a volta dos procedimentos eletivos por usuários; ii) resultado financeiro, que caiu 76% no trimestre para R$ 33 milhões; e iii) por fim, o índice de despesas administrativas piorou 0.9 ponto percentual anualmente e 3.3 pontos percentuais no trimestre para 10.7%”, avalia Marcel Campos, analista da XP.

Contudo, a XP reitera recomendação de compra e preço-alvo de R$ 58, uma vez que: i) gosta da seguradora no longo prazo; ii) acredita que este trimestre não deva ser tratado como recorrente; e iii) a retomada da economia deve gerar aumento de prêmios para a SulAmérica;

Marcopolo (POMO4, R$ 2,58, -3,37%)

A Marcopolo reportou lucro líquido de R$ 90,707 milhões em 2020. O valor representa queda de 57,22% na comparação com o lucro líquido de R$ 212,029 milhões de igual período do ano anterior. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, em balanço enviado à CVM.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) totalizou R$ 268,5 milhões no ano, queda de 20,6% ante 2019.

Enquanto isso, a receita da companhia fechou o ano em R$ 3,589 bilhões. O resultado representa queda de 17,81% ante a cifra de R$ 4,367 bilhões na mesma base de comparação.

O resultado financeiro líquido de 2020 foi negativo em R$ 123,8 milhões, ante um resultado negativo de R$ 6,4 milhões em 2019. Segundo a empresa, o resultado financeiro foi fortemente impactado pela desvalorização do real frente ao dólar americano sobre a carteira de pedidos em dólares. A companhia destaca, no entanto, realiza o hedge do câmbio das exportações no momento da confirmação dos pedidos de venda, assegurando a margem dos negócios. À medida que os produtos são entregues e faturados, a Companhia captura os benefícios da desvalorização do Real em suas margens operacionais.

Kepler Weber (KEPL3, R$ 45,28, +0,31%)

A Kepler Weber, líder no mercado de equipamentos para armazenagem de grãos, registrou lucro líquido de R$ 20,7 milhões no quarto trimestre de 2020, queda de 1,7% ante os R$ 21,1 milhões apurados em igual período do ano anterior, conforme balanço divulgado nesta quarta-feira (24). O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 30,5 milhões, 1,5% abaixo do obtido em igual intervalo de 2019. A receita líquida da companhia atingiu R$ 248,1 milhões no quarto trimestre de 2020, 38,3% mais do que no período correspondente do ano anterior. A margem líquida atingiu 8,4%, queda de 3,4 pontos porcentuais na comparação anual.

No comunicado sobre os resultados, a empresa destacou o crescimento da receita operacional líquida em 2020, que chegou a 15%, “superando as dificuldades” causadas pela pandemia do novo coronavírus. “A reação positiva do agronegócio brasileiro frente ao novo cenário foi importante para a boa performance da companhia, sobretudo no segundo semestre”, disse a Kepler.

A empresa citou como fatores que contribuíram para o resultado o aumento da confiabilidade dos importadores de grãos e carnes, a construção de uma “carteira saudável” de pedidos, boas condições de financiamento no Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), a depreciação do real e o aumento dos preços internacionais das commodities agrícolas.

No quarto trimestre, o mercado interno representou 91% da receita líquida, e o externo, 9%, contra 87% e 13%, respectivamente, observados um ano antes. A receita líquida do segmento de armazenagem da Kepler Weber no quarto trimestre de 2020 cresceu 38,7% em relação a igual período de 2019, para R$ 165,1 milhões. Segundo a empresa, o incremento é reflexo “das condições macroeconômicas favoráveis como commodities agrícolas em alta, real depreciado e disponibilidade das linhas de financiamento ao agronegócio, principalmente o PCA”.

Já a receita de exportações subiu 3,1% na mesma base de comparação, para R$ 23,5 milhões. Conforme a Kepler, o crescimento foi “modesto” devido à estratégia de priorizar vendas no mercado interno dado o aquecimento da demanda no segundo semestre de 2020. “Com isso, houve alto nível de ocupação das plantas e alongamento dos prazos de entrega para todos os segmentos, o que afetou os prazos para exportação.”

AES Brasil (TIET11, R$ 16,07, -0,43%)

A AES Brasil registrou lucro líquido de R$ 606,6 milhões de no quarto trimestre de 2020, alta de 470,9% ante o mesmo período do ano anterior. No acumulado de 12 meses, a empresa reportou lucro líquido de R$ 848 milhões, crescimento de 182,6% em relação a 2019.

A companhia também registrou Ebitda de R$ 1,166 bilhão no último trimestre do ano, com aumento de 307,1% com relação ao mesmo intervalo de 2019. Em 2020, o Ebitda total foi de R$ 2,067 bilhões, alta de 100,1% no ano.

A empresa reportou geração bruta de 2.299,4 GWh em fontes hídricas no trimestre (queda de 9,6% na comparação anual), 387,7 GWh em fontes eólicas (recuo de 10%) e 150,2 GWh em fonte solar (aumento de 6,5%).

Em carta enviada junto aos dados divulgados, a companhia destaca que o ano foi marcado pelo expressivo crescimento dos resultados da AES Brasil, com incremento na margem líquida, Ebitda e lucro líquido, influenciado principalmente pela evolução do processo de resolução do GSF, pelo bom desempenho operacional e pela diligência em relação às despesas e custos operacionais.

Rede D’Or (RDOR3, R$ 71,36, -1,88%)

A Rede D’Or São Luiz, por sua vez, teve lucro atribuível aos controladores de R$ 278,5 milhões no quarto trimestre do ano passado, praticamente estável em relação aos R$ 277,9 milhões reportados no mesmo período de 2019.

“A Rede D’Or divulgou resultados operacionais muito fortes no 4° trimestre de 2020 (4T20), superando as nossas estimativas e o consenso de mercado, impulsionados por uma receita líquida robusta, que refletiu uma combinação de: i) leitos operacionais mais altos, ii) taxa de ocupação mais alta e iii) ticket médio mais alto. O forte conjunto de indicadores operacionais reforça nossa visão positiva sobre a Rede D’Or e, com isso, reiteramos nossa recomendação de Compra com preço alvo de R$85 por ação”, aponta a XP.

O Bradesco BBI destacou que as aquisições devem ganhar relevância, respondendo por cerca de 80% das expansões, avalia o banco e reiterou sua preferência pela Rede D’Or no setor de saúde, com recomendação outperform (expectativa de valorização acima da média do mercado), e preço-alvo em R$ 82, frente os R$ 72,73 de fechamento na quarta (24).

O Credit Suisse comentou os resultados divulgados pela Rede D’Or. O banco diz avaliar que a utilização de leitos é uma variável crucial em empresas hospitalares, e ressalta que a Rede D’Or foi capaz de elevar sua capacidade, mas que a Covid criou uma situação anormal. O Credit diz acreditar na habilidade da empresa de continuar suas aquisições e em sua relação com clientes e médicos para garantir a ocupação. O banco mantém avaliação em outperform, com preço-alvo de R$ 78, frente os R$ 72,73 de fechamento na quarta (24).

Eletrobras (ELET3, R$ 33,44, -1,07% ;ELET6, R$ 33,83, -0,50%)

Ainda no radar dos mercados, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou na noite da véspera que vai indicar na quinta-feira um relator para a medida provisória que trata da privatização da Eletrobras, após o presidente Jair Bolsonaro entregar pessoalmente na Casa outra medida, o projeto de lei que permite a privatização dos Correios.

O governo federal espera arrecadar R$ 25 bilhões com a privatização da companhia, estatal com foco em geração e transmissão de energia, e espera que a operação em que a União deixará de ser a acionista majoritária da empresa seja concluída até dezembro deste ano.

O valor é maior que os R$ 16,2 bilhões iniciais com os quais o governo contava porque a Medida Provisória enviada ao Congresso na terça-feira incluiu a possibilidade de renovação antecipada da hidrelétrica de Tucuruí, um dos principais ativos da subsidiária Eletronorte. A usina tem 4 mil megawatts médios de garantia física e sua concessão vence em 2024, mais da metade dos 7,5 mil MW médios das outras usinas da Eletrobrás que também terão os contratos alterados.

O valor deverá ser pago para que a Eletrobras possa alterar o regime de exploração da energia de suas usinas, de cotas – que cobrem apenas custos de operação e manutenção – para o modelo de produção independente – de preços livres. A “descotização” poderá ser feita em um prazo entre três e dez anos, mas as premissas do governo enviadas pelo Ministério de Minas e Energia à Eletrobras e divulgadas ao mercado consideram um horizonte de cinco anos.

O secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, disse que o valor que o Tesouro arrecadará e o que deve ser injetado na CDE ainda poderão ser alterados pelo Ministério de Minas e Energia, através do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), colegiado de ministros presidido pelo MME.

(com Agência Estado, Reuters e Bloomberg)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.