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“A comissão executiva aprovou dois planos de redução de pessoal”, diz CEO do Santander

Pedro Castro e Almeida, presidente executivo do Banco Santander Totta, respondeu por escrito ao Jornal Económico sobre os resultados anuais de 2020, que caíram 43,9%.
  • Cristina Bernardo
5 Março 2021, 16h18

No final de 2020, o resultado líquido da Santander Totta SGPS ascendeu a 295,6 milhões de euros, uma redução homóloga de 43,9%. Este resultado incorpora a imparidade líquida de ativos financeiros ao custo amortizado, que ascendeu a -187,6 milhões de euros.

Pedro Castro e Almeida, presidente executivo do Banco Santander Totta, respondeu por escrito ao Jornal Económico sobre os resultados anuais.

O Santander Totta reduziu em 2020 o número de colaboradores em 208, para 5.980 colaboradores e o número de agências caiu 62 para 443.

Sobre este tema, o banco, divulgou internamente uma nota, em que dá conta dos dois planos que estão aprovados pela Comissão Executiva.  O CEO do Santander em Portugal diz que banco apresenta as melhores condições do sector, e assegura simultaneamente uma rede de acompanhamento futuro, incluindo assessoria à recolocação profissional, apoio social e cuidados de saúde.

O contexto transformacional que todo o sector bancário a nível europeu e, necessariamente, também em Portugal, atravessará, neste e nos próximos exercícios, explica a redução de pessoal.

O resultado de 2020 inclui um encargo extraordinário, o valor de 46,2 milhões de euros (líquido de impostos), registado no quarto trimestre. Pode explicar?
Esse valor está relacionado com os custos de transformação.

A afetar os resultados está a imparidade líquida de ativos financeiros ao custo amortizado que ascendeu a -187,6 milhões de euros. Deste volume de imparidades, quanto são as imparidades Covid e quanto são as imparidades específicas para a sua carteira de crédito?
Esta evolução reflete um reforço preventivo, na medida em que a qualidade creditícia permanece sólida, materializada numa redução do rácio de NPE para 2,6%.

As provisões líquidas e outros resultados incluem as contribuições para o Fundo de Garantia de Depósitos e Fundos de Resolução, nacional e único. Podem detalhar?
Em 2020, a contribuição ordinária nacional para o Fundo de Resolução será de 12,9 milhões, a que se soma a contribuição especial do setor bancário que rondará os 29 milhões. Para além disso, existe a contribuição para o fundo de resolução europeu, no valor de 26,7 milhões.

Os resultados em operações financeiras ascenderam a 114,7 milhões de euros, subindo 20,5% em termos homólogos. Isto resulta da venda da dívida pública? 
Resulta da venda da dívida pública e da gestão da mesma.

O banco tem 87.000 clientes e 8,6 mil milhões de euros de crédito, que aderiram às moratórias, o que significa 21% da carteira. É possível detalhar as moratórias de crédito a particulares e empresas?
Em relação ao valor de 8,6 mil milhões de euros, a repartição é de cerca de 60%/40%.

O banco reduziu em 208 o número de colaboradores em 2020, para 5.980. O número de agências caiu 62 para 443. O banco tem algum plano definido para este ano ao nível da redução de pessoas e de fecho de balcões?
A atual fase de transformação do banco tem vindo a implicar a apresentação a diversos colaboradores de propostas de Reforma e/ou de acordos de revogação do contrato de trabalho (RMA – Rescisões por Mútuo Acordo), em que o banco apresenta as melhores condições do sector, e assegura simultaneamente uma rede de acompanhamento futuro, incluindo assessoria à recolocação profissional, apoio social e cuidados de saúde.

Isso mesmo foi dito no comunicado de 25 de janeiro passado. Como igualmente referido, o banco procurará que as saídas de colaboradores sejam feitas de comum acordo, e privilegiará sempre que possível as aceitações voluntárias a processos unilaterais e formais, tendo em consideração o contexto individual de cada colaborador e o contexto coletivo dos tempos atuais.

A comissão executiva aprovou dois planos que correspondem a esses princípios, e que consistem num esforço renovado de permitir a concretização de saídas por mútuo acordo, mantendo condições muito acima daquelas que possam resultar da adoção de processos unilaterais.

Em que consistem esses planos?

Há um plano de adesão voluntária que é dirigido a todos os colaboradores do banco que tenham 55 ou mais anos de idade. Este plano estará aberto, a partir do dia 8 de março, a todos os colaboradores do banco que, até ao final do ano, tenham 55 ou mais anos de idade, independentemente de estarem integrados na rede comercial ou nos serviços centrais, e consiste na apresentação de uma proposta de Reforma e/ou de RMA por parte do banco.

A proposta concreta será efetuada pela Área de Gestão de Pessoas, sendo que a mesma depende da situação concreta de cada colaborador, em termos de idade, antiguidade, banco de origem e situação perante a segurança social.

A realidade individual de cada colaborador implicará que para alguns apenas seja possível concretizar um acordo de Reforma, para outros um acordo de RMA, e para outros finalmente uma alternativa entre um acordo de Reforma e de RMA. Independentemente do contacto que será feito pela Área de Gestão de Pessoas, qualquer colaborador elegível poderá também desde logo candidatar-se a este Plano.

Este plano tem a duração de três meses.

Depois, há um outro plano de adesão voluntária para o redimensionamento da rede de balcões. O banco tem vindo a implementar o redimensionamento parcial da sua rede de balcões, através de fusões e alteração do layout de diversos balcões, o que tem provocado uma redundância inevitável de postos de trabalho, que levou o banco a desencadear contactos com os titulares daqueles postos de trabalho.

Não obstante os resultados alcançados, subsistem situações de colaboradores naquelas condições com os quais não foi ainda possível chegar a acordo, tendo o banco decidido apresentar-lhes um derradeiro plano consensual.

Nas próximas semanas (de 8 a 26 de março), o banco permitirá a título excecional que os colaboradores que receberam propostas de saída do banco desde Setembro de 2020 e até esta data possam vir ainda a aceitar a proposta que lhes foi feita, nas mesmas condições da proposta original.

Por forma a procurar diminuir o número de postos de trabalho redundantes que persistam a essa data no universo daqueles balcões (aqueles objeto de fusão ou de alteração de layout desde setembro de 2020), os restantes trabalhadores destes balcões, que tenham menos de 55 anos e não foram objeto de qualquer proposta por parte do banco, poderão igualmente manifestar a sua intenção de negociação de acordos de rescisão, de 29 de março até 9 de abril.

A aprovação de ambos os planos corresponde a uma política de transparência e de criação de situações de igualdade de acesso a propostas do banco por parte de todos os colaboradores abrangidos.

O Santander Totta está em conversa com os sindicatos e comissão de trabalhadores?

O banco não deixa de ter em conta os seus parceiros sociais, em particular os sindicatos e as estruturas representativas de trabalhadores, para procurar encontrar a todo o momento as soluções que melhores garantias apresentem para os colaboradores, no contexto transformacional que todo o sector bancário a nível europeu e, necessariamente, também em Portugal, atravessará neste e nos próximos exercícios.

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