Economia

Comissão de trabalhadores do Santander contra rescisões: “dizemos não a esta forma de reestruturação”

Comissão de trabalhadores do Santander contra rescisões: “dizemos não a esta forma de reestruturação”
João Cipriano

Estrutura representativa de trabalhadores do Santander queria um plano de saídas formal, mas não gostou da forma como a gestão o organizou (e comunicou)

Comissão de trabalhadores do Santander contra rescisões: “dizemos não a esta forma de reestruturação”

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Ainda que a gestão tenha ido ao encontro de uma das suas exigências, a comissão nacional de trabalhadores (CNT) do Santander em Portugal não gostou dos planos de rescisões e reformas anunciados na semana passada. “Dizemos não a esta forma de reestruturação” é a posição deixada na nota enviada esta segunda-feira, 8 de março, aos cerca de 6 mil trabalhadores, onde questiona igualmente os dividendos que o banco paga a Espanha (e que vai voltar a distribuir este ano).

“A comissão executiva da administração enviou na sexta-feira, dia 5 de março, pelas 14 horas, uma comunicação sobre o ‘Plano de Transformação do Banco’ assumindo o que até à véspera negava: uma reestruturação. O conteúdo desta comunicação foi telefonicamente transmitido à CNT poucos minutos antes da sua publicação”, começa a comunicação aos trabalhadores, com uma ironia: “foi assim que o banco ‘teve em conta’ as estruturas representativas de trabalhadores, no caso a CNT”.

Na sexta-feira, a gestão de Pedro Castro e Almeida confirmou que iria avançar com dois planos para a redução de pessoal: reformas para os trabalhadores com mais de 55 anos, que era um ponto reivindicado pela comissão de trabalhadores e sindicatos; revogações por mútuo acordo com os funcionários de balcões que foram eliminados ou alvo de fusões.

A comissão lamenta que continuem a ser encerrados balcões do banco (“mesmo após ter anunciado na comunicação social o encerramento de 30 balcões no 1ºtrimestre, acabou por confrontar a CNT com 40 encerramentos até dia 19 de Março”), e contesta que a gestão insista “num tom de ameaça a um conjunto de trabalhadores, e de promoção de uma situação de conflito, particularmente para os que não sejam ‘elegíveis’ para situação de reforma”, concluindo que, no geral, não foram atendidas as propostas feitas pela comissão e pelos sindicatos em conjunto.

Essas revogações por mútuo acordo são feitas “sem critérios e de forma unilateral, vedando a possibilidade de uma contraproposta", diz a CNT.

“A CNT do BST rejeita as posições de ultimato e ameaça contidas em frases como: ‘(...) tendo o banco decidido apresentar-lhes um derradeiro plano consensual’ ou ‘(...) o banco permitirá a título excecional que os colaboradores que receberam propostas de saída do banco desde setembro de 2020 e até esta data possam vir ainda a aceitar a proposta que lhes foi feita, nas mesmas condições da proposta original’”, indica a carta, em que aponta para uma reunião plenária para a discussão do plano.

A CNT é mais agressiva na sua comunicação do que, por exemplo, o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB), que saúda "o facto de o Banco Santander estar a acomodar as pretensões dos sindicatos, no sentido de ser implementado um processo de adesão voluntária dos trabalhadores". Ainda assim, o sindicato avisa que não será agente passivo ou facilitador da reestruturação.

Dividendos

Na carta, a estrutura representativa dos trabalhadores do Santander refere-se, ainda, aos dividendos: “O Banco Santander Totta continua a apresentar elevados lucros a serem entregues ao acionista em Espanha para amenizar os problemas do Banco Santander em Espanha”.

"Os lucros que o Banco Santander Totta tem apresentado incluem muitos milhões de euros que resultam de trabalho suplementar não pago aos trabalhadores", acusa ainda a missiva.

Na sexta-feira passada, o banco anunciou uma quebra de 44% dos lucros para 295 milhões de euros, sendo que revelou que a “intenção é pagar dividendos” ao acionista espanhol, “de acordo com os limites definidos pelos reguladores”. Não indicou, porém, qual o montante que espera enviar para Espanha. Também o grupo espanhol vai pagar dividendos aos acionistas, apesar do prejuízo histórico registado no ano passado, de 9 mil milhões de euros.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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