• Ana Carolina Nunes
Atualizado em
André Vicente, CEO do Grupo Adecco no Brasil (Foto: Divulgação)

André Vicente, CEO da Adecco Brasil (Foto: Divulgação)

A  estudante de direito Camila Kellen entrou como estagiária na Adecco Brasil e foi direto para a posição de CEO. Ela foi escolhida de 2020 do programa 'CEO for One Month', de seleção estagiários para o cargo mais alto da empresa. O projeto da multinacional de RH  começou em 2011, na operação norueguesa, e hoje acontece em 42 países. Camila foi a selecionada da quarta edição do programa no Brasil e concorreu com mais de cinco mil candidatos. Ela se saiu tão bem ao longo do mês que foi contratada como estagiária e segue sendo o braço direito do CEO no Brasil, André Vicente.

"Em geral, o programa absorve 70% dos participantes. E, como um programa de formação de lideranças, vemos muitos deles desempenhando esse papel depois de uns anos na empresa ou até em outras companhias. Todos deram um salto na carreira", conta André. "Esse programa dá a oportunidade de começar do topo, é um diferencial e oferece muito potencial para os novos."

O CEO diz que a empresa busca "líderes do futuro" e, por isso, as soft skills são as habilidades mais valorizadas. "O conhecimento técnico a gente ensina. Precisa primeiro ter uma liderança humanizada, uma mentalidade people first", indica o executivo. Um dos objetivos do programa é também trazer diversidade ao grupo, por isso não há distinção em relação ao curso nem a institutição do candidato. Com o processo integralmente online, são incluídas pessoas de todos os lugares do país. Camila, por exemplo, é de Itabuna, na Bahia. Uma das etapas da seleção usa inteligência artificial para realizar a entrevista de forma a não expor o candidato. 

Camila Kellen, estagiária e CEO por Um mês no Grupo Adecco (Foto: Divulgação)

Camila Kellen, estagiária e CEO por Um Mês na Adecco Brasil em 2020 (Foto: Divulgação)

Quando é selecionado, o estagiário passa a acompanhar a rotina do CEO. Participa de reuniões estratégicas, tomadas de decisões, apresentação de resultados e até de algumas reuniões de feedback. É o braço direito do CEO por um mês. "A pessoa passa a ter conhecimento e visibilidade 360º da empresa. Passa a ser o primeiro nível de tomada de decisão", explica Andre. Ao ser escolhida, Camila sabia que estava prestes a enfrentar seu maior desafio. "Estava interessada em sair da zona de conforto; queria algo mais dinâmico e encontrei",conta a jovem. 

No caso de André e Camila, a afinidade foi grande e hoje, ela como estagiária da presidência, assume uma boa parcela de responsabilidade na rotina decisória da liderança. Para o executivo, é uma excelente oportunidade para conviver com outra geração como os millenials, que, na avaliação dele, têm um perfil polivalente, mindset digital, postura proativa e muito ligada a propósitos. 

Essa última característica acabou levando Camila a se dedicar a projetos dentro da empresa relacionados a diversidadade e inclusão. "Cheguei querendo fazer a diferença, deixar minha marca", diz a jovem.  André aceitou e deixou o tem sob os cuidados dela. Hoje, a empresa registra 66% das cadeiras de liderança ocupadas por mulheres. "Avançamos mais nos últimos seis meses em inclusão e diversidade do que ao longo dos últimos quatro anos", completa o executivo. 

Camila conta que uma das principais superações foi vencer os próprios medos. Superar o próprio desconforto ao pensar na aceitação de sua presença, tão jovem, como liderança e com poder de decisão perante clientes, fornecedores e colegas. Segundo ela, a receptividade foi boa em todas as partes. Além disso, conta que se confirmou a ideia que tinha de um CEO com uma agenda cheia e uma "rotina louca". "São muitas decisões para tomar, muitas equipes e muitas questões com várias questões. Vi que uma coisa mínima pode impactar em várias outras", relata. 

A jovem destaca dois importantes aprendizados. O primeiro foi sobre liderança, em saber equilibrar a figura de uma líder e a proximidade com a equipe. E, nesse processo, ela ressalta a importância da comunicação. O segundo foi assimilar, tendo uma visão 360º da empresa, como um processo decisório pode ser complicado. "É muito surpreendente enxergar a empresa ao lado da alta liderança", lembra. 

Mas Camila passou por uma mudança ainda maior. Se quando entrou na empresa há nove meses fez questão de dizer ao CEO que a área de direito era seu propósito, como revela André, hoje a estagiária não se vê mais atuando no departamento. Ela está muito mais ligada aos assuntos de gestão, aos dados e aos resultados financeiros. "O dia que ela mais brilhou os olhos foi no dia da apresentação dos resultados financeiros", lembra André. 

CEO por um mês

A edição de 2021 do programa 'CEO for One Month' da Adecco Brasil está com as inscrições abertas até 16 de abril. Os interessados precisam estar matriculados em qualquer curso universitário e cursando qualquer período. É preciso ter inglês fluente, pois algumas etapas do processo seletivo são realizadas no idioma. A seleção é feita por meio de testes, entrevistas on-line realizadas pelo time global da Adecco, seguida de um Bootcamp Nacional com encontros com os líderes da empresa no Brasil. A etapa final tem um perfil gameficado, simulando uma experiência corporativa, com os candidatos no papel de CEOs de startups. Por isso, Camila, que este ano está entre as avaliadoras do processo, considera a seleção em si uma experiência enriquecedora. 

O resultado será anunciado no dia 31 de maio e a pessoa selecionada vai trabalhar no mês de julho na sede da empresa, na cidade de São Paulo, a princípio virtualmente, devido à pandemia.

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