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Tudo o que você precisa saber sobre a cisão entre Itaú e XP Investimentos

10 set 2021, 15:19 - atualizado em 10 set 2021, 15:41
Itaú Unibanco
O Itaú anunciou a intenção de cindir sua participação na XP com a possibilidade de vender até 5% do capital social da corretora (Imagem: Money Times/Márcio Juliboni)

A cisão entre o Itaú Unibanco (ITUB4) e XP Investimentos (XP) deve ser votada no próximo dia 1º de outubro, mas tem muito investidor que ainda está um pouco perdido sobre os tramites e o que pode acontecer com as ações da empresas.

Por isso, o Money Times teve acesso ao relatório divulgado pela Ágora Investimentos no dia 31 de agosto. Porém, antes de dar um passo a frente e explorar o que pode acontecer, o investidor deve recapitular o que houve para não perder nenhum detalhe.

Em maio de 2017, o Itaú Unibanco anunciou a intenção de adquirir o controle da XP Investimentos em três etapas, a primeira seria cerca de 49,9% da companhia após a aprovação regulatória, em 2020 o banco também adquiriu 12,5% da corretora. Por fim, as compras terminariam em 2022 com um adicional de 12,5%.

Mas, na prática não aconteceu dessa forma. A participação de 49,9% adquirida em 2018 foi diluída para 46% após o IPO da XP em novembro de 2019.

Em dezembro de 2020, o maior banco privado do país vendeu 4,5% de sua participação na XP, reduzindo sua participação para 41%.

Itaú Unibanco
O maior banco privado do país vendeu 4,5% de sua participação na XP, reduzindo sua participação para 41% (Imagem: Rafael Borges/Money Times)

Naquele mesmo ano, o Itaú anunciou a intenção de cindir sua participação na XP com a possibilidade de vender até 5% do capital social da corretora.

Desse modo, os acionistas do banco devem receber a participação em uma nova empresa, a XPart, cujo único ativo seria a linha de negócios representada pelas ações da corretora. Além disso, após a cisão entre o banco e a companhia, a XPpart tende a ser fundida com a XP .

Desse modo, os acionistas do banco devem receber a participação em uma nova empresa (Imagem: Money Times/Vitória Fernandes)

A criação da XPart foi aceita pelo Fed (Federal Reserve) em maio desse ano e o banco central do brasil permitiu a cisão do Itaú em julho de 2021.

“Em 20 de agosto, uma reunião extraordinária foi marcada para o próximo dia 1º de outubro para decidir sobre a fusão da XPart e XP, que é também o último dia em que as ações do Itaú (incluindo ADRs) terão o direito de receber títulos emitidos pela XPart”, afirmaram Flávia Andrade Meireles e José Francisco Cataldo Ferreira em relatório divulgado pela Ágora.

O que vai acontecer?

Caso a incorporação seja aprovada no primeiro dia do próximo mês, os acionistas do terão direito de receber ações classe A de emissão da XP para acionistas controladores do Itaú, como IUPAR,  Itausa, e titulos de ADRs do Itaú; ou BDRs para outros acionistas, em substituição à participação na XPart, uma vez que esta não será uma empresa listada porque o XPart será descontinuado com a absorção pela XP.

“É importante ressaltar que a relação de troca final será de 43,3 ações de emissão da XPart para uma ação classe A
emitida pela XP ou um BDR lastreado por ações classe A emitidas pela XP”, disseram Meireles e Ferreira.

Não obstante, os analistas afirmaram que se a fusão não for aprovada e o XPart não estiver listado em uma bolsa de valores até 24 de novembro de 2021, os acionistas da XPart terão direito à dissidência.

Sendo assim, a corretora afirmou que o investidor possui três saídas, manter ou vender os BDRs, se estiver alinhado com a estratégia de investimento, cancelar os BDRs, o que resultaria em uma migração para as ações da Nasdaq ou comprar papéis da Itausa para ter exposição temporária a XP, tendo em vista que a empresa também quer zerar sua partição na corretora.

XP Investimentos Corretoras
A corretora afirmou que o investidor possui três saídas (Imagem: LinkedIn/ XP Inc.)

Quais ações serão impactadas?

O desconto nas ações da Itaúsa (ITSA4) deve ser impulsionado pelo ajuste de preço dos papéis do Itaú. Segundo a corretora, o valor de mercado da instituição financeira deve cair 19,2% para R$ 241,3 bilhões após a cisão.

Os analistas explicaram também que a fatia do Itaú Unibanco, dentro na Itaúsa seria reduzida para R$ 90,0 bilhões (de R$ 111,5 bilhões), entretanto deve ser totalmente compensada por R$ 21,4 bilhões correspondente a parte da XP.

“No entanto, avaliamos qual seria o desconto se o preço por ação do Itaú não fosse ajustado para a retirada de sua
participação na XP após a conclusão da cisão. No caso, vemos um desconto maior para o SOTP, de 35,8%, vs o patamar histórico de 21,1%”, comentaram Meireles e Ferreira.

Outro ponto é que a Itaúsa afirmou que quer reduzir gradativamente sua participação na XP, o que aconteceria por via negociações em bloco, conforme acordo firmado em fevereiro desse ano.

Itaúsa
Outro ponto é que a Itaúsa afirmou que quer reduzir gradativamente sua participação na XP (Imagem: Divulgação)

Além disso, a corretora relatou que a venda está de acordo com a estratégia da instituição, pois a companhia visa possuir apenas um veículo do setor financeiro, cujo deve continuar sendo o Itaú.

“De acordo com a gestão, o produto potencial da venda poderia ir para a amortização das dívidas emitidas pelas aquisições da Copagas e Aegea, novos investimentos, recompras ou dividendos”, explicaram.

Sendo assim, os especialistas do setor financeiro elevaram o preço-alvo da da Itaúsa de R$ 15 para R$ 16, alta de 46% na comparação com fechamento desta última quarta-feira (08).

Mesmo após cisão, compra de 2022 ainda está de pé

Por outro lado, o Itaú ainda vai comprar 11,38% da XP n 1º trimestre em 2022. Desse modo, Meireles e Ferreira estimaram que a instituição financeira deve pagar cerca de R$ 6,9 bilhões para concluir esse feito.

Os analistas enxergaram três caminhos após essa última aquisição, a primeira é uma nova cisão, seguida pela venda da participação ou a manutenção das ações no balanço do banco.

Os analistas enxergaram três caminhos após essa última aquisição (Imagem: REUTERS/Sergio Moraes)

“Em nossa opinião, a venda da participação seria a melhor opção, uma vez que poderia representar ganhos de capital dada a diferença na avaliação implícita no preço de aquisição”, elucidaram Flávia e José.

Cisão é positiva para a XP

Sobre a própria XP, os analistas comentaram que pode acontecer uma pressão técnica sobre as ações puxada pela venda dos papéis da companhia. Todavia, a saída do Itaú tende a melhorar a governança corporativa da empresa.

“Notamos, no entanto, que além da potencial pressão vendedora, a estrutura de governança resultante para XP deve melhorar, com acionistas controladores, aumentando seu poder de voto de os atuais 55% a 68% (já que as ações classe B do Itaú – com 10 votos cada – devem ser convertidas em ações classe A, com 1 voto cada), levando a uma melhor estrutura corporativa de longo prazo”, concluíram.

Repórter
Formado em jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em Julho de 2021. Bruno trabalhou no Money Times, como estagiário, entre janeiro de 2019 e abril de 2021. Depois passou a atuar como repórter I. Tem experiência com notícias sobre ações, investimentos, empresas, empreendedorismo, franquias e startups.
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Formado em jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em Julho de 2021. Bruno trabalhou no Money Times, como estagiário, entre janeiro de 2019 e abril de 2021. Depois passou a atuar como repórter I. Tem experiência com notícias sobre ações, investimentos, empresas, empreendedorismo, franquias e startups.
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