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Direita lança críticas a gastos com estrutura do 25 de Abril liderada por Pedro Adão e Silva

Rui Rio realçou o “absoluto escândalo” de o comentador conotado com o PS ir receber mais de 320 mil euros ao longo de mais de cinco anos, André Ventura escreveu que “foi recompensada a subserviência a António Costa”, Rodrigues dos Santos pede respeito pelos portugueses e Cotrim Figueiredo diz que o Governo “já demonstrou sentir-se inimputável”.
8 Junho 2021, 16h40

Os presidentes do PSD, do CDS-PP e do Chega, Rui Rio, Francisco Rodrigues dos Santos e André Ventura, lideraram a contestação aos gastos com a comissão executiva da estrutura de missão das comemorações do 50.º aniversário da revolução de 25 de Abril de 1974, que vai garantir uma remuneração bruta mensal de 4.5525,62 euros ao investigador universitário e militante socialista Pedro Adão e Silva até 31 de dezembro de 2026. E implicará a criação de uma estrutura de missão equiparada a um gabinete ministerial, que prevê ainda um comissário executivo-adjunto, três adjuntos, três técnicos especialistas, um secretário pessoal e um motorista, podendo ainda ser reforçada com quatro técnicos superiores recrutados em regime de mobilidade.

Numa conferência de imprensa na Assembleia da República, Rui Rio calculou em mais de 320 mil euros “do dinheiro dos portugueses” aquilo que Adão e Silva irá auferir. “Considero isto absolutamente escandaloso e considero mesmo que se pode perfeitamente ler que isto é um pagamento de serviços prestados ao PS com impostos dos portugueses”, disse o líder social-democrata, criticando ainda a nomeação da deputada socialista Ana Paula Vitorino para a presidência da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, embora nesse caso tenha reconhecido a habilitação da ex-secretária de Estado dos Transportes para esse cargo.

O líder do PSD anunciou que irá perguntar ao Governo “as razões objetivas para nomear um comissário executivo durante cinco anos e meio para eventos que se vão realizar em 2024, com um vencimento desta natureza e o porquê da escolha de Pedro Adão e Silva”, que disse ser conhecido como um comentador “que aparece com a capa de independente, mas que não faz outra coisa que não seja defender as posições do PS e tentar denegrir a oposição”.

Rui Rio partilhara horas antes no Twitter uma notícia do Porto Canal com um link do editorial desse canal televisivo em que Tiago Girão chamou “ministro sem pasta” a Pedro Adão e Silva, apontando-lhe “todas as regalias mas sem a responsabilidade e o escrutínio inerente a um membro do Governo”. Escreveu ainda o líder social-democrata que “o PS tem os seus ‘comentadores independentes’ espalhados pelos diversos canais para vender a propaganda socialista e tentar destruir os adversários… mas esse trabalhinho tem um preço”, acrescentando que “chegou a vez de Pedro Adão e Silva receber a compensação” que, segundo Rio, “pagamos nós, com os nossos impostos”.

Por seu lado, André Ventura recorreu à mesma rede social para se referir a Adão e Silva como “comentador independente de coração socialista” que viu “recompensada a subserviência a António Costa em tantos programas televisivos” com a presidência da comissão executiva das comemorações do 50.º aniversário do 25 de Abril, acrescentando mais tarde que o comissário executivo irá receber um salário mensal de 4.600 euros “para um evento que dura apenas um dia”. “É isto o 25 de Abril ou é gozar connosco?”, perguntou o deputado e presidente do Chega.

Já o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, reagiu em comunicado, exigindo ao primeiro-ministro que escolha outra pessoa, “de preferência com indiscutível currículo para a função, reduza drasticamente os custos e a duração desta comissão, e tenha respeito pelos portugueses”.

Considerando que a escolha de Adão e Silva “insulta os portugueses”, Francisco Rodrigues dos Santos acusou o Governo de “promover um dos protegidos do ‘socialistão’, amplamente conhecido enquanto porta-voz da propaganda socialista e comentador da bola”, numa altura em que Portugal “se vê a braços com uma grave crise económica, que coloca em causa famílias e sectores económicos essenciais para a sobrevivência do país”.

Para a Iniciativa Liberal, o 50.º aniversário do 25 de Abril “merece ser assinalado com o destaque e a dignidade que a data merece”, pelo que o partido considera que a efeméride “não merece esta solução que hoje se tornou pública”.

E o presidente do partido, João Cotrim Figueiredo, além de afirmar que “o Governo PS já demonstrou sentir-se inimputável”, desafiou Pedro Adão e Silva através do Twitter “a usar o seu longuíssimo mandato e recursos disponíveis para organizar também as celebrações dos 50 anos do 25 de Novembro de 1975”. E ofereceu-se para o auxiliar sem receber nada por isso, tal como irá acontecer com Ramalho Eanes e outros elementos da comissão nacional e do conselho geral das comemorações.

Por seu lado, o próprio Adão e Silva limitou-se a comentar no Twitter que existe uma “coligação de quem pensa que celebrar os 50 anos da nossa democracia não merece nem ambição programática nem dignidade institucional”.

Segundo a resolução do Conselho de Ministros que cria a estrutura de missão, com data de 4 de junho, a comissão executiva, nomeada pelo primeiro-ministro – enquanto a comissão nacional coube ao Presidente da República, que escolheu o seu antecessor Ramalho Eanes -, tem entre as suas competências elaborar até ao final de 2021 uma proposta do programa oficial das comemorações, a decorrerem entre 24 de março de 2022 e 12 de dezembro de 2026.

Ao comissário executivo cabe especificamente representar institucionalmente a estrutura de missão, assegurar a coordenação geral dos trabalhos e a concretização do programa oficial, recrutar e designar os membros da estrutura de apoio técnico e dirigir os seus trabalhos.

 

 

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