Nas sondagens cambiais de junho, as perspetivas de subida do euro face ao dólar foram revistas em alta, com o mercado a apontar para $1,24 daqui a um ano.

Depois de um 2020 agitado e em que o dólar desvalorizou em reação às diferentes dinâmicas da pandemia, no início deste ano o panorama alterou-se. Uma reabertura mais rápida dos EUA e a subida dos rendimentos das obrigações de longo prazo, que não teve correspondência imediata na Europa, permitiu ao dólar recuperar desde os $1,2350 para perto de $1,17.

A vacinação chegaria também à Europa, bem como os receios de inflação e as taxas de juro de longo prazo do euro começaram então a recuperar, fazendo estreitar o diferencial face às do dólar, Em resposta, o Eur/Usd voltou novamente para cima de $1,20.

Na falta de outros fatores, o mercado continuará focado nas dinâmicas relativas de inflação e de evolução da política monetária. Não se espera que a FED ou o BCE alterem os juros este ano. Já no que toca a outros instrumentos de política monetária, a FED poderá sinalizar uma desaceleração no ritmo de compras mais cedo do que o BCE, o que potencialmente beneficiaria o dólar.

Porém, importa referir que o mais importante são as taxas reais e não as nominais. Se a curva de rendimentos do dólar inclinar mais do que a do euro, mas a inflação nos EUA for também mais alta, isso não significará obrigatoriamente um dólar mais forte. Por outro lado, os enormes estímulos implementados nos EUA terão um impacto negativo ao nível dos défices (orçamental e comercial), penalizando a moeda.

O mercado não prevê grandes movimentos. A volatilidade implícita nas opções cambiais a 6 meses está em mínimos de 15 meses, bem abaixo de 6%. Com este pano de fundo, o Eur/Usd poderá oscilar sem tendência durante mais algum tempo em torno dos níveis atuais. Logicamente, a quebra dos máximos do ano, se suceder, sinalizaria uma nova onda de quedas do dólar, mas não há ainda sinais de que isso venha a suceder.