Economia

Valente de Oliveira, ex-ministro do Planeamento, sobre fundos europeus: “Não se pode continuar a dar milho aos pardais”

20 junho 2021 17:18

A receita de Valente de Oliveira para o país convergir com a Europa tem vários ingredientes fundamentais: inovação, qualidade, seriedade, confiança, rigor, exigência

fernando veludo/nfactos

Luís Valente de Oliveira foi ministro do Planeamento e da Administração do Território durante a década de 1985-1995 e coordenou a primeira vaga dos fundos europeus que chegaram a Portugal

20 junho 2021 17:18

Que lições pode dar o professor de Engenharia que liderou a primeira década de aplicação dos fundos comunitários em Portugal? Logo agora que o país está a negociar os €24 mil milhões do Portugal 2030 para apoiar a convergência com a União Europeia? Uma delas é parar de pulverizar as verbas de cada quadro comunitário por tantos e tão pequenos projetos, sem escala suficiente para desenvolver o país. “Ficam todos contentes com os fundos, mas quanto é que o país converge? Nada!”, alerta Valente de Oliveira.

Foi ministro do Planeamento durante a década em que o país mais convergiu com a Europa, graças ao impulso dos fundos comunitários que transformaram Portugal após a adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1986. Porque convergimos tão pouco desde então, apesar dos milhões que continuam a entrar todos os dias em Portugal?

Não convergimos porque há pouca inovação. É de inovação que o país precisa para fazer produtos com maior valor acrescentado. Ou seja, bens e serviços cada vez mais complexificados e diversificados, que o país pode vender por mais dinheiro para conseguir pagar melhores salários em Portugal.