RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Equatorial Energia assumirá uma dívida de 800 milhões de reais da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), ao adquirir a companhia em um leilão de privatização realizado na última sexta-feira, disse nesta segunda-feira o diretor financeiro, Leonardo Lucas.

Antes da aquisição, a CEA tinha uma dívida de 3,115 bilhões de reais, sendo 2,092 bilhões de reais com fornecedores. No entanto, após uma renegociação que envolveu órgãos de governo, a parcela devida a fornecedores foi reduzida em 1,5 bilhão de reais.

Um outro montante de 772 milhões de reais, referentes a RGR (encargo do setor elétrico), foi reduzido integralmente, segundo o executivo.

Do total de 800 milhões de reais assumidos, cerca de 600 milhões de reais serão devidos a fornecedores, dos quais 250 milhões serão pagos agora e o restante parcelado em 24 vezes ao custo de CDI + 2,70% ao ano, explicou Lucas.

“Temos liquidez, baixa alavancagem… e acesso ao mercado de capitais para trabalhar na reestruturação das obrigações da CEA em condições adequadas de custo e prazo, e essa será uma das nossas (ações de) geração de valor para esse ativo”, afirmou o executivo, ao participar de teleconferência com analistas de mercado.

No certame de sexta-feira, a companhia fez a única oferta pela CEA, que foi adquirida por um valor simbólico de cerca de 50 mil reais, referentes a ações de titularidade do Estado do Amapá.

A celebração do contrato de concessão também está condicionada à realização de aumento de capital da CEA no valor mínimo de 400 milhões de reais, a ser subscrito pela Equatorial.

APETITE PARA AQUISIÇÕES

A vitória no leilão de privatização vem após a Equatorial ter adquirido a distribuidora de eletricidade gaúcha CEEE-D no final do primeiro trimestre. Além disso, a empresa ainda estuda participar do leilão da Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa), apresentando interesse em se expandir ainda mais no Estado.

“Iremos olhar, sim”, disse o presidente da companhia, Augusto Miranda, durante a teleconferência com analistas, explicando que a participação ainda dependerá de análises internas da companhia.

A área de concessão da CEA no Amapá reúne 860 mil habitantes, em um mercado altamente concentrado em dois municípios: Macapá e Santana. “O nível de perdas totais é muito alto, próximo a 50% e essa será uma de nossas principais frentes de atuação”, disse o executivo.

“O perfil de consumo é fortemente concentrado no mercado residencial, mais de 51%, o que deve inclusive aumentar na medida em que as unidades clandestinas forem regularizadas”, afirmou.

A concessão terá o prazo de 30 anos, portanto, até 2051.

O executivo explicou que a próxima revisão tarifária da CEA será em 2026, mas lembrou que haverá uma revisão extraordinária em 2023.

“Historicamente, a Equatorial acelera os investimentos em novas concessões, especialmente em programas para melhorar a qualidade, combater as perdas e também para acompanhar crescimento de mercado”, afirmou.

“É importante comentar que, com essa aquisição, nossas distribuidoras já cobrem cerca de 24% do território nacional…, mais de 13% da população brasileira”, afirmou.

A empresa também controla distribuidoras de energia no Maranhão, Pará, Alagoas e Piauí.

Os executivos da companhia explicaram que a conclusão da aquisição dependerá apenas de aprovações regulatórias, do órgão antitruste Cade, e da agência reguladora Aneel, além do aporte de capital previsto nas regras do leilão.

(Por Marta Nogueira)

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