São Paulo, 30/07 – As geadas desta semana podem reduzir a produção de trigo do Estado de São Paulo, segundo a Câmara Setorial de Trigo. Inicialmente, a entidade esperava safra de mais de 400 mil toneladas, o que seria um recorde de produção. “Mas as geadas que atingiram as regiões produtoras podem provocar uma redução considerável nesse volume”, afirmou o presidente da Câmara Setorial, Victor Oliveira, em nota. Produtores ainda estão avaliando o tamanho das possíveis perdas no Estado.

Em reunião realizada ontem pela Câmara, representantes das cooperativas de São Paulo relataram que os produtores de trigo esperavam resultados positivos quanto à produção do cereal neste ano. Contudo, eles ponderaram que essas expectativas positivas relacionadas à safra podem ser prejudicadas pelas geadas que atingiram as lavouras desde o início do mês, informou a Câmara Setorial, na nota.

Também presente no evento, o trader da Gavilon Vitor Cabral afirmou que as geadas devem afetar a produção nacional, visto que tanto o Sudeste como o Sul sofreram com as baixas temperaturas. As duas regiões concentram a produção do cereal. Segundo ele, essa “perda relevante” deve ser verificada nos próximos 30 dias. “Começamos o ano com uma expectativa de safra muito grande, mas que, pelas condições climáticas, vai precisar sofrer alguns ajustes e nos obrigará a buscar um pouco mais de importação”, avaliou.

Uso para ração – As entidades participantes da reunião também destacaram que as geadas devem resultar em produção ainda menor para o milho safrinha. Nesse cenário, o trigo pode ser utilizado como alternativa na substituição do cereal na alimentação animal. “Temos assistido alguns países fazendo esse movimento de substituição, na ração animal e, no Brasil, esse processo não vai ser diferente”, apontou Cabral, da trading Gavilon.

Diante dessa conjuntura, o presidente da Câmara Setorial afirmou que, com a possível demanda por trigo pelas indústrias de ração, o mercado deve ficar mais difícil para os moinhos brasileiros. “Temos encontrado muita dificuldade em absorver o custo e repassar para o mercado. Com a redução da oferta do trigo nacional para moagem, teremos que buscar mais matéria-prima no exterior”, disse Oliveira na reunião setorial, citando que o custo de aquisição do trigo praticamente dobrou, enquanto o preço da farinha subiu entre 20% e 30%.