O site de buscas americano Yahoo e o popular jogo de sobrevivência Fortnite anunciaram que estão encerrando suas atividades na China em função das restrições e regras rígidas determinadas pelo governo sobre o setor digital.
As decisões vêm pouco menos de um mês após a Microsoft desativar as operações de sua rede social LinkedIn no país pelos mesmos motivos.
Pequim impôs regulamentações severas a vários setores como parte de um esforço para aumentar seu controle sobre a economia, com as empresas de tecnologia sendo as mais atingidas.
No caso da gigante americana de tecnologia Epic Games, o anúncio da retirada do Fortnite da China ocorre meses depois que as autoridades colocaram restrições ao maior mercado mundial de jogos digitais.
Em setembro, as autoridades disseram que pretendiam conter o vício em jogos na China reduzindo o tempo que crianças e adolescentes são autorizados a passar jogando online e ordenaram que os jogadores usassem uma carteira de identidade ao se registrar.
A mudança foi um duro golpe para a capacidade das empresas de obter lucro no país e fez com que os preços de suas ações despencassem.
Em resposta, a Epic anunciou que encerrará o jogo extremamente popular em 15 de novembro.
"O teste beta do Fortnite China chegou ao fim e os servidores serão desligados", avisou a empresa em um comunicado.
"Vamos desligar os servidores do jogo e os jogadores não conseguirão se conectar", acrescentou.
A medida encerrou um teste da versão do Fortnite criada especificamente para o mercado chinês, onde o conteúdo é monitorado para evitar violência excessiva.
O Fortnite é um jogo participativo no qual os usuários interagem online em um ambiente hostil. Embora atuem em grupo, o objetivo é ser o último sobrevivente.
Lançado em 2017, o Fortnite rapidamente se tornou um fenômeno global, com algumas partidas sendo assistidas ao vivo por milhões.
O download é gratuito, mas gera bilhões de dólares de receita com compras de elementos extras aos personagens. É um dos jogos mais populares do mundo, com mais de 350 milhões de usuários, mais que a população dos Estados Unidos.
Na China, a Epic lançou uma versão especificamente para o mercado chinês com um controle rígido sobre elementos violentos, obscenos ou politicamente sensíveis.
Desde segunda-feira (1º), essa versão não aceita mais novos players, afirmou a empresa, que tem entre seus acionistas a gigante digital chinesa Tencent.
Inclusive, as ações do consórcio chinês Tencent caíram na bolsa de Hong Kong nesta terça (2).
Muitos jogadores chineses lamentaram na internet o anúncio do encerramento do Fortnite no país.
"Não esperávamos isso", disse uma jovem na rede social Weibo, o equivalente chinês do Twitter. "Choro com todas as lágrimas do meu corpo. Brinco com o meu namorado e estava morrendo de vontade de ver o que aconteceria", acrescentou.
Outros expressaram irritação pela perda da evolução de seus personagens, aos quais haviam dedicado muitas horas de jogo, e pediram à Epic Games para permitir que seus dados fossem transferidos para servidores fora do país.
Yahoo
O Yahoo anunciou que deixou a China desde esta segunda-feira ( 1º). A empresa lançou seu serviço de busca no país em 1999, apostando no crescimento de um grande mercado emergente na época em que a Internet ainda engatinhava na China.
O gigante asiático é hoje um dos países mais conectados do mundo com empresas locais particularmente dinâmicas e inovadoras.
Questionado pela AFP, o Yahoo justificou a decisão citando "o ambiente comercial e jurídico cada vez mais difícil na China".
O Yahoo reduziu drasticamente sua presença na China desde o fechamento de seu serviço de mensagens em 2013.
A empresa americana é a última de uma lista de grupos internacionais a deixar o mercado chinês.
Em nome da "estabilidade", as autoridades chinesas removem da rede temas politicamente sensíveis e exigem aos gigantes da Internet que bloqueiem conteúdo indesejado.
Recusando-se a cumprir as exigências de Pequim, as redes sociais americanas Facebook, Twitter, Instagram e YouTube, a enciclopédia participativa Wikipedia, assim como várias mídias estrangeiras, são totalmente bloqueadas na China por uma "grande muralha informática" erguida pelos censores do regime.
A Microsoft, dona do LinkeDIn –agora oficialmente fora do país–, foi uma das poucas empresas americanas a conseguir operar uma rede social na China, apesar da censura. Em 2014, a Microsoft também foi a primeira empresa estrangeira a entrar no enorme mercado de videogames chinês com seu Xbox One.
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