Economia

El Salvador dá tudo nas 'cripto'. País quer emitir dívida para criar cidade Bitcoin, sem impostos e com energia de um vulcão

Uma loja onde se aceitam bitcoins, na praia El Zonte, em Chiltiupan, El Salvador
Uma loja onde se aceitam bitcoins, na praia El Zonte, em Chiltiupan, El Salvador
JOSE CABEZAS

Apesar dos protestos da população, o presidente do país da América Central reforça a sua aposta na criptomoeda mais popular ao prometer construir uma cidade nova em torno da Bitcoin

Depois da entrada em vigor da Lei Bitcoin no país, El Salvador passou a ser o primeiro país do mundo em que a Bitcoin é moeda de curso legal. Contudo, a desconfiança da população em relação à criptomoeda mais conhecida e o cepticismo de académicos sobre os efeitos práticos da medida marcou os primeiros tempos de circulação como moeda paralela ao dólar americano, a moeda usada no país da América Central.

O país negoceia atualmente um empréstimo de 1,3 mil milhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional (FMI), tendo este último já alertado para os riscos à estabilidade financeira do país que a adoção da Bitcoin traz.

Porém, as autoridades salvadorenhas preparam-se para aumentar a parada. O presidente de El Salvador, Nayib Bukele - um "ditador fixe", como ele próprio se descreveu a brincar no Twitter - anunciou no sábado que iria construir uma "Cidade Bitcoin" e, para financiar essa nova urbe, irá emitir o equivalente a mil milhões de dólares em dívida, segundo a agência "Reuters".

O cupão será de 6,5%, a maturidade será de 10 anos, e metade desse valor será alocado à compra de mais Bitcoins, segundo Samson Mow, diretor estratégico da empresa de tecnologia blockchain Blockstream, presente no evento e citado pela agência. A plataforma de negociação cripto Bitfinex será o bookrunner da operação.

Bukele adiantou mais detalhes sobre a "Bitcoin City": a energia da cidade será geotermal, extraída do vulcão Conchagua, no sudoeste do país; será construída em círculo com uma praça central a emular o símbolo da Bitcoin, e não cobrará impostos excepto o imposto sobre o valor acrescentado, ou IVA, que financiará serviços como a recolha do lixo. Bukele estimou que a cidade representaria um investimento de 300 mil Bitcoins, perto de 17 mil milhões de dólares ao câmbio atual.

O FMI já alertou que a emissão de dívida, e os planos de expansão das criptomoedas no país, poderão afetar o sistema financeiro e transações entre os cidadãos e do próprio país com o estrangeiro.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários

Subscreva e junte-se ao novo fórum de comentários

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas
+ Vistas