Depois da entrada em vigor da Lei Bitcoin no país, El Salvador passou a ser o primeiro país do mundo em que a Bitcoin é moeda de curso legal. Contudo, a desconfiança da população em relação à criptomoeda mais conhecida e o cepticismo de académicos sobre os efeitos práticos da medida marcou os primeiros tempos de circulação como moeda paralela ao dólar americano, a moeda usada no país da América Central.
O país negoceia atualmente um empréstimo de 1,3 mil milhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional (FMI), tendo este último já alertado para os riscos à estabilidade financeira do país que a adoção da Bitcoin traz.
Porém, as autoridades salvadorenhas preparam-se para aumentar a parada. O presidente de El Salvador, Nayib Bukele - um "ditador fixe", como ele próprio se descreveu a brincar no Twitter - anunciou no sábado que iria construir uma "Cidade Bitcoin" e, para financiar essa nova urbe, irá emitir o equivalente a mil milhões de dólares em dívida, segundo a agência "Reuters".
O cupão será de 6,5%, a maturidade será de 10 anos, e metade desse valor será alocado à compra de mais Bitcoins, segundo Samson Mow, diretor estratégico da empresa de tecnologia blockchain Blockstream, presente no evento e citado pela agência. A plataforma de negociação cripto Bitfinex será o bookrunner da operação.
Bukele adiantou mais detalhes sobre a "Bitcoin City": a energia da cidade será geotermal, extraída do vulcão Conchagua, no sudoeste do país; será construída em círculo com uma praça central a emular o símbolo da Bitcoin, e não cobrará impostos excepto o imposto sobre o valor acrescentado, ou IVA, que financiará serviços como a recolha do lixo. Bukele estimou que a cidade representaria um investimento de 300 mil Bitcoins, perto de 17 mil milhões de dólares ao câmbio atual.
O FMI já alertou que a emissão de dívida, e os planos de expansão das criptomoedas no país, poderão afetar o sistema financeiro e transações entre os cidadãos e do próprio país com o estrangeiro.
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