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Lira turca atinge mínimos históricos depois de mais cortes nas taxas de juro diretoras

A pouco ortodoxa política monetária de Erdogan, que insiste em reduções das taxas de juro diretoras de forma a controlar a inflação de quase 20% no país, tem levado a uma sucessão de mínimos históricos na lira turca, que tem a pior prestação de todas as divisas do mundo este ano.
23 Novembro 2021, 17h45

O Banco Central da Turquia voltou a cortar as taxas de juro diretoras para aquele país na semana passada, levando a lira a cair esta terça-feira para novos mínimos históricos face ao dólar. A política monetária de Recep Erdogan, que insiste numa abordagem pouco ortodoxa de redução das taxas de juro numa tentativa de estimular o crescimento e controlar a inflação, continua a resultar em desvalorizações da moeda turca, que vem renovando consistentemente os seus mínimos históricos desde meados de setembro.

As taxas de juro diretoras na República da Turquia recuaram 100 pontos base, uma redução em linha com o esperado pelos mercados, levando a lira daquele país a cair cerca de 19% face ao dólar americano durante a sessão desta terça-feira. Esta decisão surge em linha com a política monetária adotada pelo país, já apelidada de ‘Erdoganomia’, que defende que um ambiente de taxas de juro elevadas contribui para um aumento da inflação, uma noção que contraria a teoria económica clássica.

Assim, o banco central turco cortou já em 400 pontos base a taxa de juro de referência para aquele país nos últimos três meses, numa tentativa de contrariar as pressões inflacionárias que se verificam na economia global e que, reconhece o organismo, se deverão prolongar para a primeira metade de 2022.

Esta estratégia tem resultado na pior performance entre as divisas mundiais este ano, com a moeda turca a recuar mais de 45% face ao dólar em 2021 e a uma inflação de quase 20%. Isto coloca sob pressão a economia real do país, aumentando custos para o tecido produtivo que depende do exterior e fazendo evaporar as poupanças dos cidadãos.

Dezembro deverá dar lugar a mais um corte nas taxas de juro, de acordo com os sinais vindos de Erdogan e da autoridade monetária turca, levando a pedidos de eleições e de uma mudança de rumo por parte da oposição e de economistas, incluindo o antigo governador do banco central que foi inesperadamente afastado em março. Esta mudança de estratégia pode passar por aumentos de emergência, algo que o atual presidente rejeitou prontamente esta segunda-feira.

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