A divisão de gestão de ativos do JP Morgan prevê que em 2022 o crescimento económico mundial será moderado e que os bancos centrais vão começar a remover estímulos, descartando quebras abruptas na atividade económica.
“Depois do ímpeto da reabertura em 2021, o crescimento em 2022 vai moderar-se e os bancos centrais e governos vão começar a remover os estímulos”, pode ler-se no relatório de perspetivas de investimento para 2022 do banco norte-americano, a que a Lusa teve acesso.
A divisão de gestão de ativos do banco afirma-se ainda “longe de estar preocupada com uma paragem abrupta tanto na atividade económica como no apoio dos decisores das políticas”.
Mencionando as eleições presidenciais de Itália e França, bem como as intercalares nos Estados Unidos, eventos que podem “gerar volatilidade no curto prazo”.
“Em geral, a nossa avaliação é que relativamente ao último ciclo, esta mudança no comportamento dos governos não deve ser subestimada, particularmente num sítio como a zona euro, que no último ciclo viu o crescimento severamente dificultado por uma dolorosa austeridade dos governos”, pode ler-se no documento.
O JP Morgan manifesta-se preocupado, no entanto, com as perspetivas acerca da oferta, destacando que em 2021 “a cadeia de abastecimento just in time [em que as mercadorias chegam em cima da hora], que era uma solução empresarial eficiente e eficaz do ponto de vista dos custos antes da pandemia, foi seriamente desafiada”.
“A maioria dos bancos centrais estão a assumir que estes desafios vão abrandar em 2022, e que as preocupações com a inflação também”, com o JP Morgan a “advertir contra uma visão tão benigna”.
O banco considera que “a inflação nos bens e na energia – responsáveis por muito da recente subida – deverá abrandar a certo ponto”.
Mas pode não acontecer durante alguns meses. Os preços altos na energia e nas matérias-primas são, do nosso ponto de vista, infelizmente necessários para forçar a transição para uma economia baixa em carbono”, assinala o banco.
O JP Morgan assinala que na zona euro, na primavera, quando as principais negociações sobre salários estiverem finalizadas, “a inflação terá sido consistentemente alta”.
“Há mais reivindicação coletiva e indexação à inflação [de aumentos] na zona euro do que noutros locais, pelo que essas negociações de salários serão fundamentais de se observar, dado que podem potencialmente desafiar a noção de que a zona euro esteja encravada numa armadilha de inflação-zero ao estilo japonês”, assinala o documento.
O JP Morgan lembra que os bancos centrais “foram muito claros que não estão dispostos a correr riscos na recuperação”, mas considera que eventualmente terão de aumentar as taxas de juro nos anos para lá de 2022″.
“O nosso cenário central é que o crescimento permaneça robusto e a inflação acima do objetivo, mas não suficientemente preocupante para garantir uma retirada rápida e disruptiva dos estímulos monetários”, pode ler-se no texto.
No entanto, o JP Morgan recorda que o mundo permanece “num ambiente não habitual, e é tão importante como sempre manter a atenção sobre os riscos” face ao seu cenário central.
Entre esses riscos estão o fraco crescimento, uma inflação descontrolada que obrigue os bancos centrais a apertar ainda mais a sua política monetária, desencorajando-se também incentivos orçamentais ao crescimento económico.
O JP Morgan aponta ainda aos problemas nas cadeias de abastecimento, que podem encarecer ainda mais os produtos, bem como à falta de mão de obra nos mercados desenvolvidos.