Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Descrição de chapéu Ásia

Óleo de soja e etanol são oportunidades para o Brasil na Índia, diz embaixador

Para Suresh Reddy, país precisa enxergar novos modelos de negócios e agregar valor aos seus produtos

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O Brasil precisa olhar mais para um grande mercado. Além do potencial dele, os brasileiros poderiam elevar em muito as exportações de produtos com valores agregados.

Esse mercado é o da Índia, e as afirmações são de Suresh Reddy, embaixador indiano no Brasil. Na avaliação dele, o agronegócio, um dos pilares da economia brasileira, teria muito a ganhar, principalmente em parcerias nos setores de etanol e de tecnologia digital agrícola.

Além disso, os brasileiros têm um campo aberto na área das exportações de óleo de soja, um produto importante para a Índia, que é a principal importadora mundial do produto, com média de 3,5 milhões de toneladas por ano.

O Embaixador da India no Brasil, Suresh Reddy - Marcos Corrêa - 18.jan.2021/PR

Dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) indicam que, apesar do tamanho e do crescimento anual da economia indiana, o fluxo comercial total entre Índia e Brasil foi de apenas US$ 10,6 bilhões de janeiro a novembro deste ano.

Esse volume financeiro é muito pequeno em relação aos US$ 125,1 bilhões com a China, no mesmo período.

Enquanto os indianos representam apenas 4% das exportações brasileiras, os chineses ficam com uma fatia de 49%. E um dos produtos que mais interessam aos dois países asiáticos é a soja. No caso chinês, ela vai em grão. Já a demanda dos indianos exige o produto com maior valor agregado, por meio de óleo de soja.

Para Reddy, o Brasil tem um grande espaço com esse produto na Índia. Maior produtor mundial da oleaginosa, os brasileiros exportaram o correspondente a US$ 531 milhões até outubro deste ano em óleo de soja para a Índia, segundo a Secex. Já os argentinos obtiveram divisas de US$ 2,5 bilhões nesse mesmo período vendendo para a Índia, segundo o Indec (instituto de estatísticas argentino).

O Brasil, líder mundial na produção de soja, deverá produzir 144 milhões de toneladas na safra 2021/22. Já a Argentina, terceira maior produtora mundial, colherá 50 milhões de toneladas.

Na visão do embaixador, o Brasil precisa enxergar novos modelos de negócios e agregar valor aos seus produtos. A indústria brasileira deve levar em consideração o potencial do mercado indiano.

A economia indiana vem crescendo a taxas elevadas nos últimos anos e deverá ter evolução de 9,5% no PIB (Produto Interno Bruto) no ano fiscal 2021/22.

Com a evolução da economia, o país tem atualmente uma classe média estimada em 315 milhões de consumidores.

Brasil e Índia precisam também aumentar parceiras no setor sucroalcooleiro, tanto na área privada como na governamental, principalmente na produção e utilização do etanol como combustível.

Os indianos têm fortes interesses nessa área, uma vez que o etanol poderá dar mais renda aos seus 50 milhões de produtores nesse setor, além de melhorar a questão ambiental.

O Brasil domina essa tecnologia e pode levar conhecimento para a Índia na implantação de um modelo de produção e de industrialização.

Os indianos, que estão com uma mistura de 10%, querem elevar esse percentual para 20%, até 2025. Um acordo entre produtores e distribuidores indianos vai garantir esse aumento, segundo o embaixador.

Essa parceria seria importante também para o Brasil, uma vez que o aumento do uso do etanol como combustível na Índia traria mais estabilidade à cadeia mundial de açúcar. A Índia deixaria de produzir 5 milhões de toneladas.

A ampliação da participação indiana no uso do etanol como combustível vai elevar a demanda mundial por carros flex, abrindo caminho até para a adoção desse modelo por outros países na região, afirma Reddy.

Do lado do Brasil, haveria uma ampliação das parcerias com a indústria da Índia, desde a montagem do modelo industrial de etanol até a indústria automobilística.

Do lado da Índia, além da melhora na renda dos produtores, o país importaria menos petróleo e aumentaria a participação da energia renovável em seu modelo de transporte.

O embaixador disse, também, que pendências comerciais entre os países, como o caso da entrada na OMC (Organização Mundial do Comércio) pelo Brasil, Guatemala e Austrália contra a Índia, não seriam necessárias.

Os três países contestaram a política de subsídios da Índia no açúcar. A decisão da OMC saiu na terça-feira (14) e indicou que a Índia violou os termos do Acordo sobre Agricultura no montante de subsídios fornecidos aos seus produtores internos. A entrevista com o embaixador ocorreu antes da decisão da OMC.

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