Por Deslange Paiva, g1 SP — São Paulo


Estudantes em Balneário Rincão (SC) participam de projeto que monitora chuvas — Foto: Arquivo pessoal/ Rosinei da Silveira

Pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com as universidades de Glasgow e Warwick, no Reino Unido, Heidelberg na Alemanha e do Centro de Monitoramento de Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) criaram um aplicativo para monitorar enchentes e prevenir desastres em cinco estado brasileiros, incluindo São Paulo.

O aplicativo Dados à Prova D’Água é alimentado por alunos da rede pública de São Paulo, Santa Catarina, Acre, Pernambuco e Mato Grosso que coletam informações por meio do monitoramento de pluviômetros artesanais. Em São Paulo, foram selecionados alunos das escolas estaduais Renato Braga e Vicente Leporace, no Jardim São Luís, Zona Sul da capital.

O aplicativo está disponível para smartphones com o sistema Android desde dezembro de 2021 e será lançado oficialmente em fevereiro deste ano.

"Nosso planejamento com o Cemaden é disseminar o aplicativo para uso em todo o Brasil, de forma a minimizar as perdas materiais e humanas das inundações que acontecem em toda estação chuvosa no país, como as que vimos na última semana na Bahia, Minas Gerais e São Paulo", afirma João Porto de Albuquerque, pesquisador e líder internacional do projeto.

O projeto recebeu o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp).

Interface do aplicativo Dados à Prova D'Água — Foto: Reprodução

Albuquerque explica que a ferramenta vai possibilitar que as comunidades produzam dados não apenas sobre a medição de chuva em alta resolução como também sobre os impactos locais que diferentes quantidades de chuva causam.

Os dados vão ser utilizados pelo Cemaden para desenvolver melhores modelos de risco, alertando e antecipado inundações, ajudando as defesas civis e a população a se preparar com antecedência e a minimizar impactos.

"O Cemaden chamou alguns professores e alunos de escolas com quem já tinham parceria para o projeto. Também tivemos a participação da defesas civis das cidades. Ao todo, foram cerca de 20 pessoas", afirma Maria Alexandra da Cunha, professora na Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV) e coordenadora da parte brasileira do projeto.

"Qualquer pessoa pode montar um pluviômetro em casa e participar do monitoramento. A vantagem de várias pessoas num território fazerem isso é que melhora o conhecimento das pessoas sobre as consequências da chuva", completa.

Interface do aplicativo Dados à Prova D'Água — Foto: Reprodução

Como funciona o Pluvipet

O pluviômetro usado no monitoramento é construído a partir com uma garrafa pet e uma régua simples. Ele é utilizado para medir a quantidade de chuvas que caem num determinado lugar e num período de tempo e funciona como pluviômetros convencionais, armazena a chuva, e a medição é feita por um observador.

O Pluvipet precisa ser instalado próximo à residência da pessoa responsável pelo monitoramento, com, no mínimo, 3 metros de diâmetro de qualquer obstáculo ou barreira que atrapalhe a entrada de chuva no recipiente. A quantidade de água captada é mostrada em milímetros.

A leitura diária das chuvas das últimas 24 horas deve ser realizada sempre no mesmo horário. Os dados devem ser anotados em uma planilha e disponibilizados para o Cemaden Educação ou uma instituição ligada ao Sistema de Proteção e Defesa Civil.

Cada estudante que faz parte do projeto fica responsável por verificar diariamente a quantidade de chuvas medida por cada um desses pluviômetros e inserir as medidas no aplicativo, que vão para o banco de dados do projeto.

A ferramenta também recebe informações sobre áreas alagadas, intensidade de chuva e altura da água no leito do rio, além de conter dados disponibilizados por órgãos como áreas de suscetibilidade do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e dados pluviométricos do Cemaden para uso dos moradores das comunidades.

Exemplo: Se a casa tem um telhado com 10 m² e após 1h de chuva o pluviômetro marcar 20 mm, quer dizer que cerca de 200 litros foram despejados sobre a casa na última hora.

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