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CVC, Gol, Azul, Ambev: Alta de ações que lucram com temporada de férias foi para o brejo com Ômicron?

10 jan 2022, 12:39 - atualizado em 10 jan 2022, 12:39
Explosão de casos da Covid com variante ômicron atrapalhou planos de muitas pessoas que estavam pensando em viajar (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Cancelamento de voos, proibição de blocos de Carnaval, adiamento de eventos. Parece que estamos falando de janeiro de 2021, mas trata-se de notícias que viraram manchete nas últimas semanas. Tudo leva a crer que teremos mais uma temporada de verão marcada por restrições de circulação. 

Com isso, empresas que aproveitam essa época do ano para engordar os lucros já estão sentindo impactos no preço das suas ações. 

A CVC (CVCB3), por exemplo, atingiu uma das suas cotações mais baixas desde o início da pandemia, superando, inclusive, o pior momento da Covid no ano passado. Negociada a R$ 11,53 no fechamento da última sessão, o papel devolveu todo o ganho que conquistou durante a retomada.

A Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) seguem o mesmo roteiro, com os papéis caindo 7,6% e 17,8%, respectivamente, no último mês. 

Na semana passada, a Azul informou que o aumento do número de casos de covid-19 e influenza entre funcionários impactou 10% dos voos programados para janeiro. Já a CVC viu a temporada de cruzeiro ser suspensa pela Anvisa após explosão de casos em navios

“Há alguns meses, as cotações embutiam a reabertura da economia e a retomada da circulação da população. Neste momento, a variante Ômicron parece dar uma bagunçada nestes ‘calls de reabertura’. Acredito que, agora, os investidores devem ficar muito mais atentos às possíveis quebras de expectativas do que propriamente as sazonalidades dos negócios de determinadas empresas”, argumenta Alexsandro Nishimura, economista e head de conteúdo da BRA e colunista do Money Times.

Na visão de Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, primordialmente, CVC, Gol e Azul são as que se beneficiam mais da temporada de verão e as mais prejudicadas até o momento.

Pouso forçado

Ainda segundo o analista Eduardo Nishio, da Genial, o aumento dos casos de Covid-19 e influenza joga um balde de água fria nas operações das companhias aéreas brasileiras.

“O efeito que a Covid e a influenza têm nos voos das empresas nacionais, embora pequeno até agora, é preocupante. A escalada de casos pode prejudicar mais voos pela frente, como aconteceu nos Estados Unidos“, comenta.

A corretora tem recomendação de venda para as ações da Gol, com preço-alvo de R$ 16, e de compra para Azul (preço-alvo de R$ 28).

Outras empresas que podem sofrer são Localiza (RENT3) e Movida (MOVI3), que observam elevação de aluguel de carros para turistas nessa época do ano, e as concessionárias de rodovias, como CCR (CCRO3) e Ecorodovias (ECOR3), além de redes de restaurantes, como IMC (MEAL3), dona do KFC, e o Burger King (BKBR3), cita o gestor da Infinity Asset, Fernando Siqueira.

Cerveja
Água no chope: Fim de Carnaval pode prejudicar desempenho da Ambev? (Imagem: Unsplash/@timothycdykes)

E a Ambev?

A ação da Ambev (ABEV3) também é impactada com as restrições, principalmente por conta do fim dos blocos de Carnaval: Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, as três cidades com maior movimento de pessoas, cancelaram suas festas. Dessa forma, os papéis acumularam nove sessões consecutivas no vermelho. 

“A Ambev vende muito mais nessa temporada de Carnaval. Tem mais consumo de bebida alcoólica. Com os carnavais sendo cancelados, há menos viagens, turismo e menos consumo. Aí volta aquele ciclo que vimos no segundo trimestre de 2020”, diz Phil Soares, chefe de análise de ações na Órama.

Apesar disso, Murilo Breder, analista da Nu Invest, lembra que a Ambev foi a única empresa a se oferecer para patrocinar o Carnaval de São Paulo.

No entanto, a companhia se protegeu desse risco: a prefeitura de São Paulo garantiu que mesmo se o valor tivesse sido depositado, ela devolveria integralmente o valor caso ocorresse um cancelamento.

“A iminente ausência do Carnaval, apesar de negativo para a companhia, não deve ser vista com tamanho pessimismo. Foi justamente no primeiro trimestre de 2021, após um trimestre sem Carnaval, que a companhia surpreendeu”, afirma.

Resiliência

Ele lembra que a Ambev viu seu lucro mais do que dobrar em relação ao primeiro trimestre de 2020 após um aumento de 32% da receita líquida na comparação anual, por sua vez impulsionada por um crescimento de 16% no volume de cerveja no Brasil em relação ao mesmo período do ano passado.

Além disso, no resultado do terceiro trimestre, o mais recente disponível até então, a Ambev voltou a superar as estimativas do mercado ao reportar seu maior volume consolidado já registrado em um terceiro trimestre em toda a história, com uma receita líquida subindo 43% em comparação com 2019.

“A companhia também informou que o Zé Delivery atendeu mais de 15 milhões de pedidos no trimestre. A digitalização levou a Ambev a um novo patamar. Por isso, mesmo sem o Carnaval, sigo aguardando por um bom desempenho operacional da companhia no verão, podendo apresentar números ainda melhores do que os apresentados no primeiro trimestre de 2021”, argumenta.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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