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Bankinter não espera subida do crédito malparado em Portugal

A subida das provisões em Portugal deve-se ao facto de no passado o Bankinter Portugal ter libertado imparidades que não foram usadas, até porque a qualidade da carteira de crédito não se degradou como o esperado depois das moratórias. O Bankinter mantém a intenção que seguir com o crescimento orgânico.
20 Janeiro 2022, 11h50

A administração do banco espanhol Bankinter mostrou-se hoje confiante que a qualidade da carteira de crédito da sucursal em Portugal não se irá degradar.

As provisões constituídas em Portugal cresceram 67% para 15 milhões de euros. Mas, questionado na conferência de imprensa de apresentação de resultados anuais, Jacobo Diaz Garcia, CFO do Bankinter, explicou que esta subida de provisões não significa que estejam à espera que o crédito malparado suba em Portugal. Até porque, disse o administrador financeiro do banco liderado por Maria Dolores Dancausa, o rácio de NPL (non-performing loans) na sucursal em Portugal é muito baixo (de 1,8%). O rácio de morosidade em Portugal está abaixo do rácio do grupo espanhol, que ainda assim é dos mais baixos do sistema (2,24%).

Segundo o administrador do banco espanhol, a subida das provisões em Portugal deve-se ao facto de no passado o Bankinter Portugal ter libertado provisões que não foram usadas, até porque a qualidade da carteira de crédito não se degradou como o esperado depois das moratórias que acabaram no essencial a 30 de setembro de 2021.

Na sequência das perguntas dos jornalistas a cúpula do Bankinter explicou que não espera que a subida das taxas de juro que pode acontecer em 2022, por causa da subida da inflação, degrade a qualidade da carteira de crédito hipotecário de taxa variável, porque os responsáveis do banco consideram que a acontecer essa subida de juros será gradual.

No balanço, a carteira de crédito em Portugal cresceu 6% para os 6.900 milhões de euros e os recursos de clientes cresceram 23%, para 5.900 milhões de euros. No que se refere aos ativos geridos fora de balanço, o crescimento é de 22%, chegando aos 4.400 milhões de euros, reportou o banco liderado por Maria Dolores Dancausa.

O Bankinter Portugal fechou o ano com um resultado antes de impostos de 50,3 milhões de euros o que traduz uma subida de +12% face a 2020 e que o banco justifica com um crescimento em todos os indicadores de negócio e em todas as rubricas.

A sucursal em Portugal obteve 99 milhões de euros de margem de juros, mais 5% que em 2020, e 152 milhões de euros de margem bruta (produto bancário), o que traduz uma subida de 10% face 2020, graças à evolução das comissões que subiram 22% para 61 milhões. Assim  o contributo da sucursal portuguesa para o produto bancário (margem bruta) do consolidado do grupo é de 8%.

Os custos também subiram, mas 4% para 86 milhões. Assim, o rácio de eficiência (cost-to-income) em Portugal é de 56,8%.

Para este ano, o Bankinter não tem previsto aumentar as comissões. Uma eventual subida de juros poderia ajudar à receita de margem financeira.

O volume de negócios do Bankinter Portugal (crédito, recursos fora do balanço e recursos de balanço) totalizou 17,2 mil milhões de euros, o que traduz um crescimento de 15% face a 2020.

A componente investimento (crédito) soma 6,9 mil milhões de euros o que traduz uma subida de +6% anual. Estando aqui incluído quer o crédito concedido na banca comercial, que soma 4,9 mil milhões de euros (+6%), que o crédito na banca de empresas de 2,0 mil milhões (+6%).

Os recursos de clientes em Portugal somam 5,9 mil milhões de euros, +23% na comparação anual e 4,4 mil milhões de recursos fora do balanço (fundos), o que traduz um crescimento de 22%.

O banco em Portugal também não está exposto a dívida soberana, uma vez que, segundo disse o CFO do Bankinter, esses investimentos são centralizados em Espanha. A subida das yields pode, em teoria, afectar negativamente a conta de resultados dos bancos.

Questionado sobre se o Bankinter admite estudar aquisições em Portugal, Maria Dolores Dancausa disse que há um departamento do banco que analisa tudo, mas frisou que “o Bankinter não tem qualquer intenção de adquirir uma entidade em Portugal, ou em qualquer outros país, seguimos com o crescimento orgânico”.

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