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Bankinter lucra 1,3 mil milhões em 2021 com Portugal a contribuir com 50 milhões

O volume de negócios do Bankinter Portugal (investimento, recursos fora do balanço e recursos de balanço) totalizou 17,2 mil milhões de euros, o que traduz um crescimento de 15% face a 2020.
20 Janeiro 2022, 10h24

O Bankinter inaugurou a apresentação de resultados da Península Ibérica. Lucrou 1.333 milhões de euros em 2021, incluindo a mais-valia de 895,7 milhões pela operação da Línea Directa, com valores recorde de receitas do seu negócio recorrente.

Excluindo a mais-valia da operação da Línea Directa, o resultado líquido recorrente foi de 437,4 milhões de euros, mais 37,9% do que em 2020. A margem operacional (de exploração) antes de provisões registou um valor de 1.002,1 milhões de euros, 13,9% superior à de 2020 e mais 19% do que no período antes da pandemia, em 2019.

A rentabilidade dos capitais próprios (ROE), excluindo a mais-valia da Línea Directa, cresceu para 9,6%, que compara com 7,03% de ROE em 2020, ano em que este rácio registou as maiores provisões efetuadas para prevenir um agravamento do ambiente macroeconómico após a pandemia. O ROTE é de 10,2% e o rácio de capital CET1 fully loaded é de 12,1%, acima das exigências regulatórias.

Portugal dá 8% do produto bancário ao grupo

Já o Bankinter Portugal termina o ano com um resultado antes de impostos de 50,3 milhões de euros o que traduz uma subida de +12% face a 2020 e que o banco justifica com um crescimento em todos os indicadores de negócio e em todas as rubricas.

O Bankinter Portugal obteve 99 milhões de euros de margem de juros, mais 5% que em 2020, e 152 milhões de euros de margem bruta (produto bancário), o que traduz uma subida de 10% face 2020, graças à boa evolução das comissões que somaram no ano passado 61 milhões de euros.

As comissões subiram 22% para 61 milhões. Assim  o contributo da sucursal portuguesa para o produto bancário (margem bruta) do consolidado do grupo é de 8%.

Os custos também subiram, mas 4% para 86 milhões. Desta feita o rácio de eficiência (cost-to-income) em Portugal é de 56,8%

No balanço, a carteira de crédito em Portugal, por exemplo, cresceu 6% para os 6.900 milhões de euros e os recursos de clientes cresceram 23%, para 5.900 milhões de euros. No que se refere aos ativos geridos fora de balanço, o crescimento é de 22%, chegando aos 4.400 milhões de euros.

As provisões constituídas em Portugal cresceram 67% para 15 milhões de euros.

O volume de negócios do Bankinter Portugal (investimento, recursos fora do balanço e recursos de balanço) totalizou 17,2 mil milhões de euros, o que traduz um crescimento de 15% face a 2020.

A componente investimento (crédito) soma 6,9 mil milhões, +6% anual. Inclui a banca comercial que soma 4,9 mil milhões de euros (+6%) e a banca de empresas 2,0 mil milhões (+6%).

Os recursos de clientes em Portugal somam 5,9 mil milhões de euros, +23% anual e 4,4 mil milhões de recursos fora do balanço (fundos), um crescimento de 22%.

O grupo liderado por Maria Dolores Dancausa reportou em conferência de imprensa que o Bankinter tem um rácio de crédito malparado (rácio de morosidade) de 2,24%, menos treze pontos base que há um ano, não tendo o fim das moratórias hipotecárias afetado este indicador. A cobertura da morosidade é de 63,56%, o que significa 302 pontos base acima do valor registado no final de 2020.

No que toca ao grau de risco da carteira de crédito, o Bankinter tem a larga maioria classificado em stage 1, ou seja crédito em cumprimento (71.864,7 milhões de euros). No stage 2, em risco de entrar em incumprimento, estão 2.109,6 milhões de euros e apenas 1.693,5 milhões de euros está classificado no stage 3 que diz respeito a crédito de risco elevado (em incumprimento).

No que se refere à liquidez, o Bankinter apresenta um gap comercial negativo, com um rácio de depósitos sobre créditos de 108,5%.

“Os bons resultados destes rácios permitiram ao Bankinter posicionar-se no último teste de stress da Autoridade Bancária Europeia (EBA) como o banco mais resiliente de Espanha, perante situações macroeconómicas adversas, e o terceiro melhor da Europa”, refere o Bankinter.

O banco espanhol que tem uma sucursal em Portugal recuperou este ano a sua tradicional política de remuneração aos acionistas, através do pagamento de dois dividendos imputados aos resultados recorrentes de 2021. O primeiro foi pago  em outubro, e teve o valor global de 119,78 milhões de euros, e o segundo em dezembro com um novo pagamento de 46,26 milhões de euros, o que significa o regresso a um pagamento de 50%, inteiramente em numerário.

Na conta de resultados o produto bancário somou 1.855,3 mil milhões em 2021 crescendo 8,56% face a 2020.

A margem de juros terminou o ano nos 1.275,3 milhões de euros, com um crescimento de 2,3% em relação a 2020 devido a maiores volumes e uma otimização dos preços, apesar do atual ambiente de taxas de juro baixas. Os resultados de operações financeiras somaram 74,3 milhões.

“A margem bruta [produto bancário] que inclui todas as receitas, cresce 8,6% em relação ao ano anterior, refletindo o forte impulso comercial, atingindo 1.855,3 milhões de euros no final do exercício. Nesta rubrica, as receitas de comissões assumem um destaque especial, já que representam 33% dessa rubrica e somam um total de 603 milhões de euros, mais 21% do que em 2020”, diz o banco.

A maior parte destas comissões provêm de atividades relacionadas com a gestão de ativos, intermediação e assessoria financeira a clientes, diz o banco.

Assim, por exemplo, as comissões derivadas da gestão de ativos crescem 30% até aos 204 milhões de euros. As operações com títulos permitem receitas de 114 milhões de euros, um acréscimo de 16%; e de 13% nas operações com origem em seguros e fundos de pensões. “Destacam-se também, em 2021, os 45 milhões de euros provenientes da venda do fundo de energias renováveis ​​Helia I ao grupo Northland Power, no âmbito da atividade do Bankinter Investment, montante destinado inteiramente a antecipar todas as provisões legais previstas para este ano e próximo”, diz o comunicado.

No que se refere aos custos operacionais, cresceram 3% para 853 milhões. Assim o rácio de eficiência acumulado, desce para os 46% face aos 48,5% de 2020. No que se refere a Espanha, o rácio de eficiência situa-se nuns meritórios 42,1%.

No que toca aos indicadores do Balanço, os ativos totais do Grupo terminam o ano nos 107.584,1 milhões de euros, que representam um crescimento de 11,8% em relação ao ano anterior.

Do lado do crédito concedido a clientes, o banco reporta um crescimento de 5,7% atingindo os 68.048,8 milhões de euros. “O crescimento do crédito em Espanha foi de 3,9% face a um setor que reduziu a carteira em 0,3%, de acordo com os dados até novembro do Banco de Espanha”, refere a instituição

Do outro lado do Balanço, os recursos de Clientes de retalho cresceram a um ritmo ainda maior, de 11,50%, chegando aos 72.484,9 milhões de euros. O crescimento em Espanha destes recursos foi de 10,8% face a um crescimento do setor de 4,8%, de acordo com dados até novembro do Banco de Espanha.

Para além do Bankinter Portugal, o grupo tem o Bankinter Consumer Finance, marca dedicada ao negócio do Consumo,  e que termina o ano com uma carteira de crédito de 3.500 milhões de euros, representando um crescimento de 23% em relação a dezembro de 2020, com uma nova produção em 2021 de 1.500 milhões de euros. Isto reflete a reativação do consumo das famílias, paralelamente à melhoria da economia, conclui o banco.

Do total de crédito, 1.900 milhões de euros correspondem a empréstimos ao consumo e o restante corresponde a cartões nas suas diferentes modalidades e a hipotecas comercializadas na Irlanda.

Ora a atividade desenvolvida na Irlanda, através da marca Avant Money fechou 2021 com 1.000 milhões de euros de crédito, dos quais 400 milhões correspondem a novas hipotecas, “negócio que o banco iniciou recentemente e onde já se tornou um ator destacado nesse mercado”. O rácio de morosidade da carteira Avant Money é de 0,6%.

Quanto ao EVO Banco, continua a consolidar o seu posicionamento no segmento de clientes mais jovens e digitais, alcançando no final de dezembro de 2021 um total de 678.000 clientes. O investimento creditício da entidade situa-se nos 1.860 milhões de euros face aos 1.224 milhões de 2020.

Por seu lado, o volume de novas hipotecas contratadas em 2021 ascendeu aos 729 milhões de euros face aos 395 milhões de 2020, “o que dá a ideia do nível de reativação que o banco digital levou a cabo neste negócio”, diz o banco em comunicado.

 

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