[weglot_switcher]

Portugal é o país da UE com reservas mais elevadas de armazenamento de gás natural (com áudio)

A capacidade portuguesa atual é praticamente o dobro da média registada na UE. Tema ganha relevância num momento em que a Europa teme que a Rússia feche a torneira do gás natural devido à tensão na Ucrânia.
25 Janeiro 2022, 08h25

Portugal é o país da União Europeia que conta com as reservas mais elevadas de armazenamento de gás natural, em percentagem da sua capacidade.

Os dados, relativos a 11 de janeiro, são da GSE Plataforma de Transparência (AGSI+) que agrega os dados dos 18 países da UE com reservas de gás natural.

A capacidade portuguesa atual é praticamente o dobro da média registada na UE: 42,33%, 2,94 terawatt-hora (TWh), de uma capacidade total de 3,57 TWh.

Em Portugal, a REN Armazenagem é a empresa responsável pelas reservas de gás natural, no armazenamento subterrâneo do Carriço, Leiria.

A seguir a Portugal, surge a Polónia (71,83%), a Suécia (66,43%) e a Dinamarca (64,52%).

No fim da tabela, com as reservas mais baixas surgem a Áustria (25,69%), Países Baixos (29,27%) e Bulgária (35,47%).

Já a vizinha Espanha conta com 62,10% de capacidade de armazenamento.

Estes dados revelam um contraste face aos dados anteriores. A 14 de outubro, dados da ENTSOG revelava que Portugal contava com os níveis de armazenamento mais baixos da UE: 49,82%, conforme noticiou então a “Lusa”.

O Governo explica que os baixos níveis verificados em outubro deveram-se a uma maior utilização das reservas por parte dos comercializadores para fazer face à subida dos preços do gás natural.

“Importa explicar que a situação do aprovisionamento de gás natural no início do passado mês de outubro em Portugal, resultou da maior utilização das existências comerciais por parte dos comercializadores respetivos durante o período de verão, para fazer face à subida de preços do gás verificada no mercado grossista. No entanto, apesar deste menor valor de gás natural armazenado face à média europeia, nunca foram afetados os níveis de reservas que asseguram a segurança de abastecimento. Desde então, tem-se verificado um processo de reposição pelos comercializadores ao longo dos últimos meses”, explica fonte oficial do ministério do Ambiente ao JE.

Há um ano, Portugal registava um nível de armazenamento bem mais baixo: 47,91%, segundo os dados de 25 de janeiro de 2021. Avançando seis meses, 25 de julho de 2021, o país tinha 66,98% de reservas. No final de setembro, atinge novo mínimo: 49,6%. Mas a capacidade tem vindo a subir gradualmente deste então.

A questão das reservas de gás natural tem especial relevância num momento em que a Europa e os Estados Unidos voltam a estar em tensão com a Rússia pela Ucrânia. O exército russo estacionou 100 mil militares na fronteira ucraniana e os Estados Unidos já assumiram publicamente que receiam uma invasão russa do país.

Em pleno janeiro, a Europa volta a temer que a Rússia volte a fechar a torneira do gás natural, afetando principalmente os países da UE mais localizados a leste.

Na segunda-feira, o conselho europeu esteve reunido com o tema da Rússia em cima da mesa. No final da reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, disse que “a relação entre a Europa e a Rússia deve ser cuidadosamente considerada” no contexto geográfico europeu e africano, e que “o desenvolvimento das interligações de gás natural entre a Península Ibérica e a Europa Central e de Leste é absolutamente essencial” para evitar tensões a curto e médio prazo. Este tema tem sido muito falado ao longo da última década, mas tem conhecido poucos desenvolvimentos.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.