Benfica elimina Boavista e agarra-se à Taça da Liga

Com a presença na final da competição, os “encarnados” podem voltar a erguer um troféu, algo que não acontece desde a Supertaça de 2019. A equipa lisboeta sobreviveu, nos penáltis, a um desfecho que poderia ser um descalabro na temporada.

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EPA/PAULO CUNHA

Foi cinzento, este Benfica, mas foi suficiente. A equipa “encarnada” apurou-se nesta terça-feira para a final da Taça da Liga ao eliminar o Boavista, em Leiria, no desempate por pontapés da marca de penálti (3-2).

O Benfica pode, portanto, ir ao jogo decisivo que lhe permitirá cunhar, mais ainda, o domínio na competição: são sete títulos em 14 edições. Mais do que isso: numa fase em que luta por um contrato de futuro, Veríssimo pode ser o treinador que interrompeu o “jejum” do Benfica, que não ergue um troféu desde a Supertaça de 2019.

Já os boavisteiros falham a possibilidade de se tornarem, a par de Benfica e Sporting, o terceiro clube a conquistar todas as provas internas em Portugal (I Liga, Taça de Portugal, Taça da Liga e Supertaça).

Este foi, em traços gerais, um jogo com uma primeira parte de mais Benfica, mas uma segunda parte de uma equipa “encarnada” praticamente irrelevante, frente a um Boavista muito “atrevido”, rematador e até mais perigoso. No fim de contas, sorriram os lisboetas no desempate por pontapés da marca de penálti.

4x3x3 para começar

Uma das grandes dúvidas para este jogo era sobre o sistema escolhido por Nélson Veríssimo. O 4x4x2 não correu bem e o último jogo já teve um 4x3x3, que, em alguns aspectos, resultou.

A equipa do Benfica, com três médios associativos e de qualidade no passe, consegue ligar o jogo com mais facilidade. E para isto contribui também a presença de um avançado como Yaremchuk, com capacidade de jogar em apoios frontais – ainda que mal servido nas vezes em que pediu no espaço.

Depois, havia Everton em vez de Darwin ou Rafa, algo que também proporciona maior capacidade associativa e de triangulações no meio-campo adversário, por comparação com jogadores de vertigem como o uruguaio ou o português (aos 8’ e aos 39’, por exemplo, houve bons lances colectivos em combinações curtas, em ambos com Weigl, Everton e Yaremchuk em evidência).

Mas havia dois problemas. O primeiro é que esta maior facilidade de ligar o jogo nem sempre se materializou em oportunidades de golo, pela falta de presença em zonas de finalização quando Yaremchuk fugia dessa zona. O segundo era o que acontecia quando o Benfica não conseguia levar a bola para o meio-campo adversário. O Boavista foi eficaz na pressão à primeira fase de construção de um Benfica muitas vezes obrigado a bater longo por parte dos laterais e os portuenses recuperaram várias bolas em zonas adiantadas, sendo bastante rematadores – ainda que quase sempre em zonas de baixa probabilidade de sucesso.

Apesar destas dificuldades na construção, o Benfica teve direito a um “presente” de Nathan, aos 16’, quando o brasileiro se atrapalhou com a bola e deixou Everton isolar-se e finalizar a preceito.

Com vantagem no marcador, o Benfica teve a já falada capacidade de gerir a posse, já que este 4x3x3 – e com este “onze” – promove uma menor distância entre os jogadores, facilitando a circulação.

4x4x2 para acabar

Quando não chegava a zonas adiantadas, o problema era sempre o mesmo: incapacidade de reagir à pressão alta do Boavista, que até se intensificou após o intervalo, com mais jogadores predispostos à pressão alta.

E isso teve efeito aos 52’: Morato (claramente penalizado pela “falta de pé direito” a jogar à direita) devolveu a “prenda” de Nathan, facilitou com bola na área e, depois de “roubado” por Musa, rasteirou o adversário. Houve penálti convertido por Gustavo Sauer.

Aos 60’, Musa esteve perto do golo (defendeu Vlachodimos), naquela que era a melhor oportunidade de golo dos boavisteiros até então – muita permissividade do Benfica no seu lado direito, onde Lázaro nada oferecia com bola e era facilmente batido sem ela.

Foi por esta altura que Veríssimo desmontou o 4x3x3, com Gonçalo Ramos a jogar nas costas de Yaremchuk (saiu Paulo Bernardo, novamente apagado), mas a falta de capacidade de criar perigo manteve-se.

Por outro lado, o Boavista continuava a carregar no lado direito do Benfica e Musa teve uma oportunidade de golo pouco depois, num cabeceamento novamente criado pela esquerda e novamente defendido por Vlachodimos.

A segunda parte estava a ser dominada pelo Boavista, não necessariamente em matéria de controlo do jogo, mas pelo menos na capacidade de ferir o adversário – muito mais rematadora a equipa de Petit, que levava o triplo dos remates do Benfica.

É certo que Yaremchuk teve um bom lance de golo aos 80’ e Pizzi aos 90’, mas, em geral, este foi um Benfica muito pobre na segunda parte.

O desempate por pontapés da marca de penálti teve um “festival” de remates falhados, com apenas metade dos dez pontapés a terem sucesso. Acabou por falhar mais o Boavista e Weigl converteu o pontapé final.

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