Março mostrou recuperação dos negócios, diz Movida (MOVI3), mas ações fecham em queda após balanço

Resultados foram vistos como positivos pelos analistas, mas ação fechou em queda de 6,72% em nova sessão de aversão ao risco do mercado

André Cabette Fábio

(divulgação)

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Em teleconferência com analistas nesta segunda-feira (2) para apresentação de resultados do primeiro trimestre de 2022 (1T22), Renato Franklin, CEO da Movida (MOVI3) , afirmou que em janeiro a empresa sofreu com o impacto da variante Ômicron do coronavírus, mas que o final do trimestre foi mais positivo.

“A demanda foi um pouco mais baixa no final de janeiro e começo de fevereiro”, afirmou. No entanto, março foi forte em termos de ocupação e alta de tíquetes, apesar de não ter ocorrido Carnaval. A recuperação continuou forte em abril, com o Carnaval, com alta dos tíquetes. E deve ser forte também em junho por conta do efeito sazonal. Assim, espera elevação gradual do setor de RAC (sigla em inglês para aluguel de carros).

Franklin afirmou que a empresa está negociando reajustes de contratos vigentes e implementando novos contratos no setor de GTF (gestão e terceirização de frotas), que devem levar a crescimento gradual da receita média.

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A Movida registrou lucro líquido de R$ 258,1 milhões no primeiro trimestre de 2022 (1T22), alta de 135,7% na comparação anual. Em seu balanço, a empresa atribui o resultado à estratégia contínua de expandir e renovar sua frota; expansão da tarifa média; incorporação com a CS Frotas, gerando sinergias operacionais; crescimento do Movida Zero Km, diluindo custos e elevando as margens no curto prazo; e melhorias operacionais.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado cresceu 183,4% no 1T22, totalizando R$ 863,1 milhões.

Já a margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) ajustada atingiu 87% no período, alta de 29,6 p.p. frente a margem registrada em 1T21.

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Os resultados foram bem vistos por analistas de mercado. Contudo, em uma sessão de forte aversão ao risco, as ações fecharam com expressiva queda, de 6,72%, a R$ 16,93.

Para o Bradesco BBI, a “estratégia de frota está dando frutos” para a Movida. A receita líquida ficou em linha com estimativas do BBI, puxados por preço médio diário de aluguel no segmento de aluguel saltando para R$ 127,50, receita média mensal atingindo novo recorde de R$ 1.557 por carros, além do crescimento de 20% da receita de Seminovos no trimestre, já que o número de carros usados ​​vendidos melhorou 22% no trimestre.

Segundo analistas, a gestão eficiente da receita, o pleno aproveitamento dos créditos tributários de PIS/Cofins e uma estrutura de custos disciplinada elevaram a margem Ebitda em  aluguel, enquanto o segmento de Seminovos permanece como destaque positivo, impulsionando resultados da Movida. O Bradesco BBI reiterou a recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) e preço-alvo de R$ 28 para os papéis.

O Itaú BBA, por sua vez, destacou que os resultados da Movida foram marcados por algumas tendências operacionais sequencialmente positivas (especialmente nas tarifas de aluguel, ainda que os principais números ficassem um pouco abaixo das fortes estimativas do BBA, ainda que um pouco acima do consenso.

Embora a taxa de utilização do segmento de aluguel de carros (RAC) tenha caído para 76,1% (de 80,8% no 4T21 e 79,3% no 1T21), suas tarifas aumentaram, com a frota operacional média crescendo 16% na base anual, resultando em um crescimento da receita líquida de 63%. A margem Ebitda aumentou, em parte devido a maiores yields, mas principalmente devido a um efeito mais positivo dos créditos tributários de PIS e COFINS (que foram capturados pela primeira vez em dezembro de 2021). O banco mantém classificação outperform para o papel, e preço-alvo de R$ 26.

O BBA destacou que algumas tendências operacionais merecem ser monitoradas com mais atenção nos próximos trimestres. São elas: a performance estável na tarifa do segmento de gestão e terceirização de frotas (GTF, na sigla em inglês) em relação ao trimestre anterior; taxas de ocupação menores no RAC; margem Ebitda excluindo os impactos de PIS e Cofins; e queda no preço de veículos vendidos em relação ao trimestre anterior.

Investimentos

Edmar Prado Lopes Neto, CFO da Movida, afirmou que a empresa está contratado um volume crescente de carros com as montadoras, com aceleração mês a mês. Mas ressaltou que há certa imprevisibilidade no ar por conta, por exemplo, de atrasos da entrega de chips para a produção. Ele disse, no entanto, que, em caso de escassez de carros, a empresa poderá prolongar a utilização de carros que já estão na frota.

A frota total da Movida alcançou 191.942 carros no 1T22, crescimento de 56,5% em relação ao 1T21.

Franklin disse que, caso a empresa decidisse reduzir o crescimento e se desalavancar, a margem bruta se elevaria rapidamente. Ele afirmou, no entanto, que todas as compras feitas em 2021 valem hoje mais do que naquele momento, por isso avaliou que as decisões foram acertadas.

O indicador de alavancagem financeira, medido pela dívida líquida/Ebitda ajustado, ficou em 3,2 vezes em março de 2022, queda de 0,3 vez em relação ao mesmo período de 2021.

No 1T22, o resultado financeiro foi uma despesa no montante de R$ 287,3 milhões, representando um aumento de 274,8% ou R$210,6 milhões em relação ao 1T21. O capex líquido no 1T22 foi de R$ 1,0 bilhão.

Agora, o executivo ressalta que a meta da empresa é reduzir em 30% as emissões, o que passa por investimentos em uso de energia limpa nas lojas, etanol e em elevar para até 20% a frota de veículos elétricos e híbridos. Até 2030, a previsão é de que a proporção seja maior do que este patamar. Apesar do custo mais alto, a demanda por híbridos é alta, afirma.

O CFO da Movida disse que o crescimento da empresa deve ser orgânico, com aquisições pontuais, e o enfoque deve ser em pessoas físicas, no setor de aluguel. Ele afirmou que os negócios com a Uber continuam pequenos, em menos de 5%, enquanto que o negócio Movida Car, de delivery para e-commerce, vem crescendo mais rápido.

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André Cabette Fábio

Jornalista colaborador do InfoMoney