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Abrandamento económico pode resultar no aumento das insolvências na zona euro

Ainda assim, os especialistas da Allianz Trade admitem que, o facto de muitas empresas terem os seus principais indicadores robustos, poderá ajudar a uma certa estabilidade dos spreads (margem de lucro da entidade bancária) nos créditos cobrados às empresas.
5 Maio 2022, 10h07

O abrandamento económico provocado pela guerra na Ucrânia poderá levar a um aumento de 12% das insolvências na zona euro, de acordo com o estudo ‘Corporate credit: straddle or struggle?’, conduzido pela companhia de seguros de crédito, COSEC.

O estudo mostra que as taxas de juro mais altas e a diminuição da procura de bens, tal como as restrições à concessão de crédito, podem levar a um aumento do risco de incumprimento do pagamento por parte das empresas, algo que pode levar ao crescimento do número de insolvências.

Jordi Basco Carrera, especialista sénior da área de investimento da Allianz Trade, afirma que o crescimento das insolvências na área da moeda única “espelha uma realidade desigual entre os estados-membros”, dado que “a economia italiana já registava um aumento das insolvências no ano passado enquanto a economia germânica e a francesa registavam níveis baixos”.

Ainda assim, os especialistas da Allianz Trade admitem que o facto de muitas empresas terem os seus principais indicadores robustos poderá ajudar a uma certa estabilidade dos spreads (margem de lucro da entidade bancária) nos créditos cobrados às empresas.

Por outro lado, os Estados Unidos podem verificar um aumento das insolvências na casa dos 7% em 2022.

As perturbações na cadeia de abastecimento aliadas à subida dos preços das matérias-primas, tornam as empresas europeias mais vulneráveis às consequências económicas resultantes da invasão russa à Ucrânia. Por enquanto, a “almofada financeira” que as empresas criaram entre o período pandémico até ao início da guerra tem conseguido amortizar os efeitos do aumento do custo das matérias-primas e da disrupção das cadeias logísticas.

“Até ao momento, os fortes balanços das empresas, conjugados com um aumento da rentabilidade e do investimento, parecem ter protegido muitas empresas dos preços elevados de produção. Contudo, os efeitos reais sobre as empresas ainda não são totalmente claros”, admite Basco Carrera.

Apesar de ainda não ser evidente qual o impacto real que a guerra vai ter nas contas da maioria das empresas, devido à incerteza sobre a duração da mesma e os resultados que irá continuar a produzir, os primeiros resultados trimestrais que as cotadas apresentam denotam já alguns efeitos, embora ainda controláveis. As estimativas para as economias são um indicador muito relevante para as empresas pelo que, uma deterioração da atividade económica acaba por, inevitavelmente, ter efeitos para as companhias.

No entanto, apesar dos riscos que as empresas enfrentam, as expectativas de resultados mantêm-se globalmente resilientes. Os elevados lucros registados no ano passado acabaram por surpreender o mercado, que antecipava este nível de resultados em dois anos e não apenas em um. Atualmente, os mercados continuam a antecipar que as empresas registem lucros neste ano, mas apenas de um dígito. Já para 2023, as expectativas apontam para, em média, níveis próximos de históricos.

“Algumas diferenças regionais tornaram-se mais proeminentes depois do início da guerra na Ucrânia. Esperamos que os resultados das empresas na Europa sejam mais afetados que os das companhias no resto do mundo”, conclui o especialista da Allianz Trade.

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