Gerdau (GGBR4) sente efeitos da guerra, mas vê alta no consumo aço

Guerra trouxe alta de preços spots de matérias-primas, como carvão, liga e energéticos, como gás natural, pressionando custos de produção

Augusto Diniz

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O CEO da Gerdau (GGBR4), Gustavo Werneck, disse nesta quinta-feira que, dentro do ambiente macro no qual está inserida, a empresa sente os efeitos do conflito causado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, de forma mais incisiva, desde meados de março.

“Houve ali forte aumento dos preços spots de matérias-primas, como carvão e liga e energéticos, como gás natural, o que resultou pressão nos custos de produção”, disse o executivo durante apresentação de resultados do primeiro trimestre, quando a Gerdau lucrou 19% a mais, para R$ 2,940 bilhões.

“Além disso, o cenário com supressão de oferta e aumento de preços de insumos, teve reflexos nos preços globais do aço, que sofreram altas em todo mundo”, complementou o executivo.

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Gerdau: sem interrupções de insumos

De acordo com Werneck, as operações da Gerdau, no entanto, não foram afetadas por eventuais interrupções de matéria-prima e de insumos.

O CEO comentou ainda que as incertezas no 1T22 de novas variantes da Covid-19 em países que a Gerdau opera, afetou mais os consumidores no início do ano. A companhia segue monitorando os lockdown na China e seus desdobramentos.

Pressão de custos

A Gerdau destacou a influência do aumento de custos nos resultados do 1T22. Matérias-primas importantes para a companhia tiveram aumentos expressivos comparados com o mesmo período do ano passado: o carvão metalúrgico subiu 150%, o minério de ferro, 19%, e a sucata consumida, 12%.

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A produção de aço apresentou aumento em relação às produções do 4T21 e do 1T21. Mas a companhia destacou que as vendas de veículos leves seguem impactadas pelo fornecimento de semicondutores. Werneck disse que não vê normalização de demanda de semicondutores para esse ano, mas somente em 2023.

O desempenho dos setores de veículos pesados no Brasil e de óleo e gás nos Estados Unidos compensou os efeitos causados pelo desabastecimento dos semicondutores no segmento de veículos leves, de acordo com a Gerdau. O CEO da Gerdau também observou crescimento do consumo de aço em 2022 no setor de energia.

Mais consumo de aço

O CEO da Gerdau disse que houve “uma queda de demanda (no Brasil), provocada por fatores pontuais, como Covid-19, que impactou as compras no setor do varejo no início do ano, além das fortes chuvas em Minas Gerais”.

Mas, segundo o executivo, ocorreu forte recuperação já no mês de março. “O que faz estimar que a demanda no Brasil seja um pouco maior do que no ano passado, com crescimento de 2 a 4%”, disse.

Ele lembrou que as vendas de aço já haviam sido muito fortes em 2021 em relação aos anos 2020 e 2019.

Infraestrutura

Gustavo Werneck disse também que entregas de aço ao setor de infraestrutura podem mitigar possíveis riscos de queda no setor de construção civil no Brasil, por conta do aumento dos juros. Estimativas da empresa para a infraestrutura, segundo ele, podem cobrir queda de entregas da construção.

Ele acredita que a construção civil poderá apresentar mesmo redução de atividade em 2023, já que dados do setor apontam um mercado imobiliário ainda muito forte esse ano.

“Mas a tendência, se não houver uma reversão da taxa de juros, que isso vá perdendo potência o longo do tempo. Nossa estimativa é que pode ter queda na entrega de vergalhão em 2023”, disse.

Análise do balanço

Para o Itaú BBA, a Gerdau (GGBR4) registrou resultados positivos, com destaque para as operações da América do Norte. No total, a Gerdau registrou Ebitda ajustado 11% acima das estimativas do BBA.

Em meio a isso, a América do Norte foi novamente o destaque do trimestre, representando 47% do Ebitda consolidado e com margem Ebitda recorde de 33%. A geração de fluxo de caixa foi forte em R$ 3 bilhões e a alavancagem diminuiu ligeiramente para 0,2x.

O banco mantém avaliação outperform para Gerdau e preço-alvo de R$ 34.

Atividade americana

O Bradesco BBI também ressaltou que divisão dos EUA foi mais uma vez destaque dos resultados da Gerdau (GGBR4), assim como nos últimos dois trimestres.

“A divisão dos EUA vem se beneficiando da sólida atividade de construção e industrial e níveis mais amplos de spread metálico”, afirma a análise. É uma tendência, inclusive, que deve continuar no 2T22, acrescentou.

No Brasil, o BBI ressalva que, embora os números tenham decepcionado, espera “uma melhora sequencial a partir daqui, devido a volumes mais fortes e preços de aço mais altos, já que as produtoras de aços longos conseguiram implementar um aumento de preço de 15% no início de abril”.

Outro ponto positivo importante é o fato de que a Gerdau praticamente atingiu sua meta de dívida bruta de R$ 12 bilhões, enquanto a geração de caixa deve permanecer robusta.

“Isso, em nossa opinião, é um bom presságio para o aumento da remuneração dos acionistas”. O BBI mantém classificação outperform (desempenho acima da média de mercado), com preço-alvo de R$ 43,00.

No final do pregão desta quinta-feira (5), por volta das 16h00, as ações da empresa subiam 2,66%, cotadas a R$ 28,14.

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