Por g1 — Brasília


Um grupo de quatro parlamentares enviou um ofício à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta terça-feira (17) pedindo esclarecimentos sobre os aumentos na conta de luz neste ano.

O Congresso tem, desde o início do mês, pressionado a Aneel para sustar os reajustes — previstos em contratos — em ano de eleições gerais. No início do mês, a Câmara dos Deputados aprovou a urgência na tramitação de um projeto que suspende o reajuste médio de 24,88% da Enel Ceará -- a intenção dos parlamentares é ampliar o alcance do projeto para as demais distribuidoras de energia.

Câmara pode acelerar votação de texto que suspende reajuste

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O ofício é assinado pelo senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) e pelos deputados federais Felipe Rigoni (UNIÃO-ES), Tabata Amaral (PSB-SP) e Renan Ferreirinha (PSD-RJ). O documento é endereçado a André Pepitone, que deixou nesta terça o cargo de diretor-geral da agência para assumir a diretoria financeira da Itaipu Binacional.

O grupo considera que "os reajustes em patamares tão elevados têm aumentado a vulnerabilidade social de populações carentes".

O ofício também alega falta de transparência da agência nos reajustes, apesar de todos os processos de reajustes tarifários serem conduzidos de maneira pública, inclusive com a realização de consulta e audiência públicas.

Os reajustes nas contas de luz têm chegado a quase 25%, dependendo do estado. Os principais motivos para a alta são a crise energética do ano passado, à alta da inflação e do dólar e à disparada do preço dos combustíveis.

REAJUSTES APROVADOS NESTE ANO PELA ANEEL PARA CONSUMIDOR RESIDENCIAL

Empresa Reajuste Entrada em vigor
Enel Ceará (CE) 23,99% 22 de abril
Neoenergia Coelba (BA) 20,73% 22 de abril
Neoenergia Cosern (RN) 19,87% 22 de abril
Energisa Sergipe (SE) 16,46 % 22 de abril
Energisa Mato Grosso (MT) 20,36% 16 de abril
Energisa Mato Grosso do Sul (MS) 16,83% 16 de abril
CPFL Paulista (SP) 13,80% 8 de abril
CPFL Santa Cruz (SP, MG e PR) 7,17% 22 de março
Enel Distribuição Rio (RJ) 17,14% 15 de março
Light (RJ) 15,41% 15 de março
Energisa Borborema (PB) 9,39% 4 de fevereiro

Despedida

Em sua despedida na Aneel nesta terça-feira, Pepitone citou os motivos que levaram à alta na conta de luz deste ano e os esforços da agência ao longo dos anos para a redução dos subsídios pagos pelo consumidor. Ainda, segundo o ex-diretor, a Aneel não cria condições para esses aumentos.

"A gente sabe bem que a Aneel acaba sendo culpada pela sociedade, pelo Congresso, mas não é a Aneel que cria as condições para esses aumentos. A Aneel faz a conta. Subsídio vem todo de política de lei do Congresso Nacional, e aumentou em R$ 10 bi de 2021 para 2022, saindo de R$ 20 bi para R$ 32 bi. Não foi ação dessa casa (...), mas como essa casa dá a notícia, acaba a agência sofrendo essas consequências", argumentou Pepitone.

Em abril deste ano, Aneel aprovou o orçamento de 2022 da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo usado para bancar ações e subsídios concedidos pelo governo no setor de energia.

Pela decisão, a CDE deste ano será de R$ 32,096 bilhões, dos quais R$ 30,219 bilhões serão pagos pelos consumidores na conta de luz. Com, isso subsídios bancados através da conta de energia subiram mais de R$ 10 bilhões em relação ao ano anterior.

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